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domingo, 28 de outubro de 2012

O que é a Saúde mental?

Em geral, entende-se ter saúde mental como o oposto de doença mental ou a ausência de psicopatologia, ou seja, um estado de saúde normal.

No entanto, a ausência de sintomas psiquiátricos é apenas a parte visível de uma normalidade objectiva mas não revela outros aspectos importantes da saúde mental, como resiliência, capacidade mental, etc.

Assim, para ter saúde mental não basta a ausência de sintomas psiquiátricos, mas é necessária a presença de capacidades e recursos para enfrentar as dificuldades da vida, não adoecendo, e viver em bem estar psíquico, ou seja, ter robustez mental.

Algumas capacidades indicadoras de saúde mental e que podem ser melhoradas são: a de adaptação ao trabalho, a de estabelecer relações afectivas estáveis e duradouras, a resiliência, a inteligência emocional, a maturidade, a autonomia, capacidade para estar só, etc.

A pessoa com saúde mental sente-se bem, feliz, com alegria. Estes sentimentos subjetivos advêm do bem-estar conseguido, por exemplo, com o autocontrole, auto-eficácia, amar e ser amado e não o obtido através do uso de drogas, comportamentos de risco ou satisfação imediata de necessidades primitivas.

Também temos de distinguir que o fato de vivenciarmos emoções negativas não significa ausência de saúde mental. No caso de perda, luto, tragédia, etc., a capacidade de reconhecer e lidar com as próprias emoções negativas e as dos outros é um sinal de saúde mental.

Se tivermos como exemplo as capacidades intelectuais das pessoas, dizemos que é doente quem tem déficit intelectual, mas um não doente pode ter vários níveis intelectuais, nomeadamente, médio, superior e muito superior.

A pessoa com um elevado nível de saúde mental tem capacidades que a tornam adequada, estável, capaz, equilibrada, mesmo em situações adversas.

Portanto, podemos ter mais ou menos saúde mental, mesmo sem estarmos doentes. Tal como uma pessoa pode não ter uma doença cardíaca, mas tem uma capacidade de resistência ao exercício físico maior ou menor. Do mesmo modo que, através de medidas de saúde, alimentação, prática regular de exercício físico, a pessoa pode melhorar a sua saúde cardiovascular e condição física, também é possível intervir no sentido de se aumentar o estado de saúde mental.

A exigência de robustez mental é maior conforme determinadas profissões ou desempenhos. São exemplo disso, a aviação comercial e, no extremo, a aviação espacial, mas também outras áreas, como a educação e a saúde são exemplo da importante necessidade de saúde mental.

Para se atingir um bom estado de saúde mental a pessoa deverá aumentar o seu nível de auto-conhecimento, aumentar a capacidade para lidar com as diferentes emoções e elaborar os conflitos internos. Para tal, pode necessitar de intervenção psicológica especializada.

Para além disso, uma vida equilibrada, com baixos níveis de stress, relacionamentos familiares e sociais estáveis, prática de actividade física, respeito pelos ritmos sono/vigília, respeito pelos limites físicos e psíquicos individuais, equilíbrio entre as actividades profissionais e os tempos de lazer, constituem alguns factores que podem contribuir para uma melhor saúde mental.

O estado de saúde mental depende também do estado biológico global e cerebral, sendo muito importante o uso de fármacos para o alcançar ou manter, apesar de outras medidas de saúde mental.

As intervenções terapêuticas psiquiátricas e psicológicas, neste sentido, não se limitam ao patológico, mas promovem os mecanismos de defesa e adaptação mais saudáveis quando a pessoa está em risco, conflito, indefesa ou simplesmente quer melhorar a sua qualidade de vida.

Os fármacos constituíram um grande avanço e contribuíram significativamente para a melhoria da saúde mental, mas não constituem a única resposta. Muitas outras intervenções são importantes. Por exemplo, no âmbito da prevenção do aparecimento da doença mental e na recuperação psicossocial das pessoas afectadas pela doença mental.

A saúde mental, apesar de avaliada pela psiquiatria e psicologia, diz respeito a muitas outras áreas do conhecimento humano e social, como a filosofia, a sociologia, o direito, a política, etc.

A pobreza, a negligência, o abuso, a violência familiar, são exemplos de situações que podem provocar a perda de saúde mental. Deste modo, para se promover a saúde mental, em termos sociais, é necessário intervir nestas condições preventivamente, através de uma intervenção multidisciplinar.

Em termos individuais, para tratar a doença mental, pode bastar o uso de fármacos, mas para alcançarmos o objectivo de promover um melhor estado de saúde mental, há necessidade de um investimento terapêutico relativo aos aspectos psicológicos.

Na realidade pensamos que um modelo de promoção da saúde mental é o que, também no tratamento, se traduz numa avaliação e objectivos mais produtivos.

Na prática clínica, ao longo de anos, temos comprovado empiricamente que o sucesso da intervenção clínica é maior e mais duradouro quando o objectivo é dotar a pessoa de maiores recursos psicológicos para enfrentar as situações internas e externas.

Este modelo de saúde mental implica também que, mesmo as pessoas que não tenham sintomatologia psiquiátrica ou doença mental beneficiem de intervenções ou ajuda que promova as suas capacidades mentais. Portanto também os “normais”, isto é, sem sintomas, podem melhorar a sua saúde mental e, consequentemente, aumentar a qualidade de vida.
 
FONTE: http://www.clinicadesaudementaldoporto.pt/002.aspx?dqa=0:0:0:49:0:0:-1:0:0&ct=48

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