Suzane
Louise Von Richthofen (São Paulo, 3 de novembro de 1983)
é uma homicida paulistana,
condenada pelas mortes dos pais, Manfred Albert Freiherr von Richthofen
(parricídio)
e Marísia von Richthofen (matricídio).
Biografia
Suzane nasceu numa família de classe média alta da capital de São Paulo,
frequentava quase diariamente com seu irmão Andreas Von Richthofen a casa do
seu melhor e fiel amigo Douglas Guerreiro Steinbruch no qual ambos mantinham
uma forte amizade pois o mesmo era o melhor amigo do seu irmão pois estudavam
ambos no Colegio Vertice, e no qual a familia Richthofen mantinham uma fote
relação de amizade com a familia do Douglas Guerreiro Steinbruch, uma familia
trandicional da alta sociedade Paulistana. Suzane morava em um casarão em um bairro
nobre da zona sul paulistana (Brooklin).[1]
Filha do engenheiro
Manfred Albert freiherr von Richthofen
e da psiquiatra
Marísia von Richthofen e irmã de Andreas
Albert von Richthofen. Seu pai, nascido em Erbach (Alemanha),
emigrou para o Brasil
após um convite de trabalho, recebido devido a sua capacitação como engenheiro.
Já quando Manfred e sua esposa Marísia estavam
estabelecidos na capital paulista, Suzane, estudante de Direito
da PUC, começou a
fazer caratê
e jiu-jitsu
na adolescência,
e na mesma época seu irmão Andreas começou a fazer aulas de aeromodelismo,
por meio do qual Suzane conheceu Daniel
Cravinhos. Suzane acompanhava as aulas do irmão, ministradas por Daniel,
aos finais de semana e começou a namorá-lo com o consentimento de sua mãe,
Marísia.
Contrariando as alegações de Daniel Cravinhos, a
jovem disse que usou drogas pela primeira vez no Natal de 1999, acompanhada pelo
namorado, que lhe ofereceu maconha.
Daniel
Cravinhos vem de uma família de classe
baixa da capital paulista. Existem hipóteses de que este era o motivo pelo
qual os pais de Suzane não aceitavam o namoro; porém, a versão mais aceita era
a de que isto se devia ao envolvimento de Daniel com drogas. Suzane sustenta
que passou a consumir drogas por influência dele.
Família von Richthofen
Sobre o parentesco
do pai de Suzane com o lendário aviador alemão homônimo, alcunhado de
"Barão Vermelho", ainda há versões
conflitantes e nenhuma definitiva sobre a veracidade dos supostos vínculos
familiares. O jornal alemão "Bild-Zeitung" publicou uma reportagem
logo após o assassinato, na qual descendentes reconhecidos do aviador teriam
negado que a família teuto-brasileira tivesse ligação com a sua. Todavia, ainda
não foram apresentadas provas contundentes sobre nenhuma das duas versões, seja
a que sustenta o parentesco, seja a que o nega.
Crime
Segundo a promotoria, Suzane teria sido a mentora
de toda a ação criminosa. Teria liderado um teste de barulho causado pelos
disparos de uma arma de fogo, dias antes do crime, e com isso o grupo teria
descartado a idéia de utilizar uma.
Em 31 de
outubro de 2002,
Suzane e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos foram à casa dos von Richthofen
e, utilizando barras de ferro, assassinaram Manfred e Marísia. Os três
afirmavam que Suzane não participou do assassinato em si, mas não há consenso
sobre sua posição na casa enquanto o crime ocorria, e nem se, findo o ato, ela
subiu ao quarto e viu os corpos dos pais (alguns consideram importante notar
que, caso Suzane tenha visto os cadáveres, isto diz muito sobre sua
personalidade, considerando seu calmo estado de espírito após o assassinato). A
casa foi mais tarde revirada e alguns dólares
foram levados, para forjar latrocínio
(roubo seguido de morte).
Motivação
Suzane afirma que seus pais não aceitavam o namoro
e a impediam de ver o rapaz. Além disso, existia um suposto interesse na
herança (que Suzane agora nega) e uma suposta manipulação dela exercida por
Daniel Cravinhos - que diz ter ocorrido justamente o oposto: fora ela que jurou
seus pais de morte antes desse atentado cometido por ela.
Acusação
O promotor Roberto Tardelli esperava que Suzane von
Richthofen e os irmãos Daniel e Christian Cravinhos fossem sentenciados a 50
anos de prisão cada um.[2]
Suzane, seu namorado Daniel e o irmão dele,
Christian Cravinhos, confessaram ter matado os pais dela, a "golpes de
pau", na casa em que a família vivia e foram denunciados pelo Ministério Público por crime de duplo
homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e
impossibilidade de defesa da vítima; e fraude processual, por terem
alterado a cena do crime.
De acordo com o promotor, não há como o juiz
arbitrar a sentença de 60 anos porque Suzane era menor de 21 quando cometeu o
crime. Os três são réus confessos e colaboraram para o andamento do processo.
Uma considerável vitória da promotoria foi impedir
o desmembramento do processo, fazendo com que Suzane e os irmãos Cravinhos
fossem julgados juntos. Além disso, segundo o promotor, venceria em breve o
período de prisão domiciliar, mesmo que o ministro Nilson Naves, do Superior Tribunal de Justiça, não
tivesse, na época, estabelecido um prazo.
Atuou como 'assistente da acusação' o advogado
criminalista Alberto Zacharias Toron, que foi o último a
falar pela promotoria. Ele reforçou a linha de acusação do promotor Roberto
Tardelli e insistiu na participação dos três, com responsabilidades idênticas
no crime.[3]
Defesa
Suzane conseguiu como advogados de defesa seu tutor Denivaldo Barni
e Mauro Otávio Nacif. Nacif defende que sua cliente sofreu uma "coação
moral irresistível", ou seja, de que ela foi pressionada pelo namorado
para participar do crime, sob pena de perdê-lo. O namorado teria ganho muita
importância na vida da réu depois de ela ter, supostamente, perdido a virgindade
com ele, aos 16 anos.
O Dr. Mauro diz que a questão da virgindade era um
tabu na casa de Suzane, que recebeu uma educação rígida graças à ascendência
alemã e cuja mãe se casou virgem. Ela estaria tão envolvida com Daniel que, na
opção entre Daniel e os pais, optou pelo namorado.
Segundo o advogado, Daniel Cravinhos
"escravizava" Suzane e foi o responsável por seu envolvimento com
drogas como maconha — que consumia freqüentemente — e ecstasy. Ele diz
que Daniel não queria usar preservativos e obrigava Suzane a tomar injeções mensais
de anticoncepcionais, o que a desagradava
profundamente.
Primeiro julgamento
Ver artigo principal: Caso
Richthofen
O julgamento de Suzane e dos outros dois réus foi
marcado para o dia 5 de junho de 2006 no primeiro Tribunal do Júri de São Paulo.
A imprensa não obteve permissão de filmar, mas
cerca de oitenta pessoas foram sorteadas (numa lista de três mil inscritos)
para acompanhar o julgamento.
Suzane von Richthofen chegou ao fórum por volta das
11h30. O julgamento estava previsto para começar às 13 horas.
Estratégia da defesa no
julgamento
Os advogados dos irmãos Cravinhos — alegando que
não conseguiram se encontrar com seus clientes para melhor preparar a defesa —
não compareceram ao júri.
Com a ausência dos advogados dos Cravinhos, o
julgamento dos irmãos foi adiado.
Na seqüência, após os advogados de Suzane se
retirarem do plenário, — depois de uma discussão com o juiz quanto ao fato de
uma testemunha imprescindível não ter comparecido; o júri dela também foi
adiado.
Segundo julgamento
Para detalhes do julgamento, ver artigo principal: Caso
Richthofen
Com o intuito de evitar novo adiamento, o juiz do
caso tomou algumas precauções, como autorizar encontro entre os irmãos
Cravinhos e um de seus advogados no fim de junho de 2006, e nomear um
defensor público (e até um substituto para este último) para defender os
irmãos, caso seus advogados novamente faltem. Possíveis manobras da defesa de
Suzane não eram esperadas, já que ela não tinha mais o benefício de prisão
domiciliar.
O novo julgamento foi marcado para segunda-feira,
17 de
julho de 2006. A
sentença foi proferida na madrugada de sábado, 22 de julho.
A linha de defesa dos advogados de Suzane
foi alegar que ela era dominada por Daniel Cravinhos, tanto pelo sexo (ela
seria virgem no começo do namoro) quanto pelo uso de drogas (ela e o irmão
Andreas teriam passado a ser usuários de drogas, em especial
de maconha,
graças a Daniel). Para seus advogados, Suzane deveria ter sido absolvida pois
agiu coagida pelos irmãos, que tinham interesse na herança dos von Richthofen.
A defesa dos irmãos Cravinhos, por sua vez,
tentou provar que eles cometeram o crime como uma espécie de favor a Suzane,
que supostamente alegava ser vítima de maus-tratos; além disso, os pais de
Suzane eram contra seu namoro. Também tentaram mostrar que Cristian Cravinhos
era o menos culpado dos três, e atribuiu-se a concepção do plano a Suzane. A
defesa também alegou desinteresse material de Daniel, ao namorar com Suzane.
A promotoria, entretanto, acusava a todos de
planejar o crime, ressaltando a crueldade e o interesse financeiro de todos os
condenados. Pedia pena de 50 anos para todos os réus, mas Suzane e Daniel foram
condenados a 39 anos de prisão e Cristian a 38.
Cumprimento da pena
Atualmente presa em regime fechado, Suzane esperava
cumprir pena em regime semiaberto, mas o pedido de habeas
corpus, nem ao menos será analisado pelo STF. A decisão foi tomada em 11 de
fevereiro de 2010 pelo ministro Ricardo Lewandowski. O pedido de liminar também
foi negado em dezembro de 2009, mesmo sob a sustentação da defesa de que Suzane
von Richthofen tem "personalidade propensa a ressocialização",
segundo especialistas.
Entrevista polêmica do Fantástico
O Fantástico,
programa dominical da Rede Globo, passou nove meses conversando com
Denivaldo Barni (o advogado-tutor de Suzane) para conseguir uma entrevista
exclusiva.
Neste período, houve uma conversa telefônica e dois
encontros com Suzane, sem câmeras.
No início de abril de 2006, o advogado
confirmou a realização da entrevista, pedindo que nesta reportagem não fossem
exibidas cenas de arquivo.
A gravação seria feita em duas etapas: a primeira
em 5 de
abril de 2006 no
apartamento de Barni, no bairro do Morumbi, São Paulo.
Na tarde de 5 de abril, o Fantástico
encontrou uma jovem de 22 anos que falava e se vestia como uma criança. Na
camiseta cor de rosa, estampa da Minnie. Nos pés, pantufas de coelho. Uma franja cobre os olhos
o tempo inteiro. Ela começa a entrevista mostrando fotos de amigos e da
família.
Percebe-se ao longo da entrevista que quando
questionada sobre o que sente pelo ex-namorado, Suzana olha para Barni:
"Muito ódio. Muito, muito, muito. Demais. Ele destruiu a minha família,
ele destruiu tudo, tudo, tudo o que eu tinha de mais precioso ele tirou de mim.
O que eu tinha de mais precioso…"
Logo no começo da gravação, a câmera registra uma
conversa ao pé de ouvido entre Barni e Suzane. O microfone, que já estava
ligado, capta o diálogo. Ele orienta Suzane a chorar na entrevista. "Fala
que eu não vejo. Chora…".
"Interpretação" no Fantástico
O programa televisivo passou a idéia de que a
entrevista de Suzane fosse uma farsa da Defesa para fazer com que ela fosse
vista de uma outra forma pela opinião pública: como uma menina meiga (usando
pantufas), imatura, infantilizada e altamente influenciável, o que a teria
motivado a fazer o que fez.
Baseada na idéia de que Suzane solta poderia
influenciar ou até mesmo atrapalhar o julgamento, ela foi presa novamente, no
dia seguinte à exibição da entrevista.
Por outro lado, Barni defende que pediu que sua
cliente chorasse para que ela sensibilizasse o irmão Andreas. Segundo Barni,
Suzane luta para receber a herança dos pais, mas seu irmão é contra, tendo
acionado a Justiça numa "Ação de Exclusão" de Suzane como herdeira -
facultada pela legislação brasileira contra aqueles que atentaram contra a vida
dos eventuais legadores.
Herança
A herança dos von Richthofen está avaliada em
aproximadamente dez milhões de reais[4].
Há controvérsias sobre o interesse dos réus no espólio, e se este os teria
motivado a cometer o crime, além dos boatos que falam que isso tudo foi por
causa da mãe que os proibiam de namorar. A opinião pública tende a considerar
que o crime foi cometido por motivação financeira, tanto de Suzane quanto dos
irmãos Cravinhos.
Supostamente, Suzane abriria mão da herança caso
Andreas von Richthofen não movesse um processo para sua exclusão, e teria
interesse em apenas administrar os bens do irmão, fazendo-lhe um favor. Após o
depoimento do rapaz durante o julgamento dos réus, em que ele afirmou não
acreditar na intenção de Suzane de desistir dos bens, os advogados da moça tentaram
incluir no processo uma petição em que ela desiste da herança, frisando assim
seu desinteresse material. O juiz negou este pedido, que foi interpretado pela
promotoria como uma manobra oportunista, já que Suzane dificilmente terá acesso
aos bens de qualquer forma – seu irmão move atualmente um processo para que a
irmã seja declarada indigna, e consequentemente seja excluida da partilha e,
devido à grande repercussão do caso, especialistas consideram improvável que
ele perca este processo.
Repercussão
Após o caso dos von Richthofen vir a público, o deputado
federal Paulo Baltazar (PSB-RJ)
elaborou o Projeto de Lei 7418/2002, que exclui automaticamente do direito de
herança condenados por crimes contra familiares. O projeto foi aprovado em
caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara em abril de 2006, e segue agora
para aprovação no Senado. Na mesma oportunidade foi também aprovado o
Projeto de Lei 141/2003, do mesmo autor, que tramitava em conjunto, e que
exclui da herança quem matar ou tentar matar o cônjuge, companheiro, ascendente
ou até descendente.
Suposto assédio sexual praticado
por Promotor de Justiça
A Corregedoria do Ministério Público de São Paulo
puniu o promotor de justiça Eliseu Berardo com uma suspensão de 22 dias sem
direito a receber salário.
Em janeiro de 2007, com autorização da Justiça,
Suzane veio ao prédio do Ministério Público, em Ribeirão Preto, interior de São
Paulo. Era para falar sobre ameaças que estaria sofrendo e supostas
irregularidades na penitenciária feminina da cidade, onde estava presa na
época. Mas, segundo Suzane, o encontro com o promotor tomou outros rumos. E ele
teria aproveitado a chance para fazer uma declaração de amor. Na versão de
Suzane à Justiça, ele não foi direto ao assunto. Primeiro, teria dito que
estava apaixonado por uma moça - sem dizer quem era - que havia escrito várias
poesias e que sonhava em beijar e abraçar essa moça. Suzane alega que a
revelação veio depois: essa moça seria ela própria. Testemunhas dizem que
Eliseu Berardo esteve cinco vezes na cadeia entre dezembro de 2006 e janeiro de
2007. Seriam visitas normais, já que ele é promotor-corregedor dos presídios,
com a função de fiscalizar a rotina das cadeias. Mas, segundo funcionários e
diretores da penitenciária feminina, antes da chegada de Suzane, ele ia
raramente à prisão. Também nunca tinha levado uma presa ao gabinete. Há relatos
de que Eliseu Berardo chamava a prisioneira de “Suzi” ou “Su”; tirava fotos ao
lado dela e a cumprimentava com beijos no rosto. Ele ainda teria comentado com
outro promotor que Suzane Richthofen - na época com 23 anos - era linda.
Fonte: Jornal "Fantástico" - Rede Globo
Bibliografia
- CASOY, Ilana. O Quinto Mandamento. Editora Arx, ISBN 8575812289
- CASOY, Ilana. O Quinto Mandamento. Editora Ediouro, 7ª Edição, 2009 - ISBN 9788500023705 (capítulo disponível no site)
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