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terça-feira, 24 de abril de 2012

Psicopatas corporativos



Eles vão a todo happy hour, são companheiros de cafezinho e ouvem você reclamar do salário. Na realidade, querem dinheiro, poder e um cargo alto. E você pode estar pensando: “Quanto sensacionalismo!”. Só que a probabilidade de encontrar um psicopata no trabalho é quatro vezes maior do que nas ruas, segundo uma pesquisa feita em companhias americanas.
É exagero chamar esse tipo de ‘psicopata’? A resposta é não. Embora haja muitos psicopatas violentos, eles não são necessariamente assassinos. O que eles fazem é, na verdade, ir atrás daquilo que lhes dá prazer. E isso pode ser dinheiro, status e poder. Por isso, além da cadeia, o escritório é um lugar fértil em psicopatas. Só que nesse ambiente, ao invés de matar os colegas, usam o cargo para barbarizar: cancelam férias dos subordinados, obrigam todos a trabalhar de madrugada, assediam a secretária, entre outras coisas. Por isso, eles são “atraídos por empregos com ritmo acelerado e muitos estímulos, com regras facilmente manipuláveis”, diz o psicólogo especialista em comportamento no trabalho Paul Babiak.
E não para por aí: de acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria PriceWaterhouseCoopers, que analisou 3.037 empresas em 54 países, um terço das companhias sofrem fraudes significativas (em média US$ 1,2 milhão) a cada ano. E muitos desses golpes podem ser obras de psicopatas corporativos. A psiquiatra Martha Stout, autora do livro Meu Vizinho É um Psicopata, explica: “Eles são capazes de apunhalar empregados e clientes pelas costas, contar mentiras premeditadas, arruinar colegas poderosos, fraudar a contabilidade e eliminar provas para conseguirem o que querem”.
Assim como os violentos, os psicopatas de escritório não pensam no bem-estar dos outros e nem sentem culpa ao fazer algo ruim. Por isso, são capazes de passar por cima das regras, tanto as formalizadas por lei ou as estabelecidas pelo senso comum e pela ética. Isso ocorre porque o cérebro deles é diferente de um cérebro normal: a atividade é maior nas áreas ligadas à razão do que nas ligadas à emoção. Assim, eles são impassíveis diante de tragédias, puxando o tapete dos colegas sem se preocupar com o código de conduta corporativa ou conseqüências na vida alheia.
As mentiras…
Babiak afirma que “empregadores sabem que 15% ou mais dos currículos enviados para cargos executivos contêm distorções ou mentiras deslavadas”. Claro que com algumas perguntas específicas, eles são capazes de desmascarar candidatos mentirosos. Ocorre que um psicopata tem tudo para se sair muito bem em uma entrevista de emprego.
Muitas vezes, o entrevistador não está preocupado com o conhecimento técnico do candidato, mas com a capacidade de tomar decisões e motivar equipes que ele tem. E aí, o psicopata tem uma carta na manga: a tranquilidade. Pode apostar que ele não vai passar horas em frente ao espelho decidindo que roupa vestir, nem vai sentir suas mãos suando na entrevista. Ele terá a autoconfiança necessária para engabelar o recrutador, usando termos técnicos, histórias sobre competência no trabalho e um sorriso adorável.
O segredo desse charme todo está em saber ‘ler’ as pessoas: apesar de não ter emoções, o psicopata é capaz de analisar muito bem como e por que as outras pessoas se emocionam. Ou seja, ele estuda a natureza humana para usá-la a favor do próprio interesse. Assim, consegue convencer um colega de coração mole a fazer o serviço por ele no final de semana. Ou extrai informações sigilosas da secretária do presidente. E chega até a colocar culpa nos outros pelos problemas que aparecem.
Mal de chefe…
Embora os psicopatas possam estar em qualquer nível hierárquico (desde que ele lhe traga algum benefício), as chances de eles estarem no topo são maiores. Isso ocorre porque é mais fácil enrolar os outros em cargos de liderança: um gestor precisa saber liderar a equipe, motivar os funcionários, relacionar-se com fornecedores e parceiros. Já um cargo técnico exige entendimento da empresa (isso inclui: negociar preços, saber como está o mercado e apresentar as melhores estratégias ao chefe).
No estudo realizado por Babiak, também ficou claro que os psicopatas não gostam de trabalhar. A pesquisa usou dois grupos de habilidades para avaliar os executivos: um ligado ao plano das ideias (comunicação, criatividade e pensamento estratégico) e outro relacionado à produtividade (gerenciamento, liderança, desempenho e trabalho em grupo). O resultado? Quanto mais alto o grau de psicopatia de um executivo, pior foi a nota dele no segundo quesito.
Fonte: http://blog.maisestudo.com.br/psicopata-corporativo/

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