A embalagem das bebidas costuma dizer que elas não são adequadas para crianças, mas podem ser facilmente compradas por menores de 18 anos em pequenas mercearias, dizem os pesquisadores e especialistas.

As bebidas energéticas são comercializadas como estimulantes físicos e mentais e fornecem mais energia do que os refrigerantes convencionais.

É um mercado enorme e em crescimento. Até um terço das crianças do Reino Unido consomem esse tipo de bebida ao menos uma vez por semana.

Amelia Lake, professora de nutrição em saúde pública na Universidade de Teesside, que liderou a revisão dos estudos, analisou 57 pesquisas recentes sobre bebidas energéticas e o seu impacto na saúde dos jovens. Mais de 1 milhão de crianças de 21 países foram incluídas.

"A evidência é clara de que as bebidas energéticas são prejudiciais à saúde mental e física das crianças e jovens, assim como ao seu comportamento e educação", disse ela.

A pesquisa descobriu que os meninos eram mais propensos do que as meninas a tomar bebidas energéticas.

E o consumo regular da bebida tinha maior probabilidade de levar os jovens a consumirem drogas, a serem violentos e a praticarem sexo sem proteção.

Problemas de sono, mau desempenho escolar e dieta pouco saudável também estavam intimamente relacionados ao uso de bebidas energéticas, concluiu a revisão.

É possível que as bebidas energéticas estejam associadas a danos à saúde porque aqueles que as consomem com frequência têm maior probabilidade de adquirirem outros hábitos não saudáveis — como fumar ou beber álcool, por exemplo.

Avisos sobre cafeína

A orientação oficial diz que as pessoas não devem consumir mais do que 3 mg de cafeína por quilograma de peso corporal.

Há também um elevado teor de açúcar que pode danificar os dentes das crianças e, se já não se alimentarem de forma saudável, contribuir para a obesidade.

Alguns países, como a Letônia e a Lituânia, já proibiram a venda de bebidas energéticas às crianças, mas é muito cedo para avaliar o impacto da medida.

As regras atuais determinam que as bebidas que contenham cafeína de qualquer fonte, em níveis superiores a 150 mg por litro, devem ter uma indicação no rótulo: "Alto teor de cafeína. Não recomendado para crianças, mulheres grávidas ou lactantes".

"Fizemos uma consulta pública para acabar com a venda de bebidas energéticas a crianças menores de 16 anos na Inglaterra e apresentaremos a nossa resposta completa no seu devido tempo", afirmou um porta-voz do Departamento de Saúde e Assistência Social britânico.

William Roberts, da Royal Society for Public Health, disse que o estudo "aumenta as evidências crescentes de que as bebidas energéticas podem ser prejudiciais à saúde física e mental de crianças e jovens, tanto a curto como a longo prazo".

"É por isso que precisamos que o governo do Reino Unido intensifique e cumpra o seu compromisso de 2019 de proibir a venda de bebidas energéticas a menores de 16 anos."