A
Síndrome de Proteus trata-se do aparecimento de uma grande quantidade
de malformações cutâneas e subcutâneas, com hiperpigmentação,
malformações vasculares e crescimento irregular dos ossos. Produz-se o
gigantismo parcial dos membros ou o crescimento excessivo dos dedos,
enquanto algumas zonas do corpo crescem menos do que deveriam. Tudo isto
provoca uma desfiguração extrema da pessoa que costuma ser socialmente
estigmatizada e excluída.
Quais os traços característicos da doença?
É possível reconhecer uma pessoa com este tipo de síndrome pois apresentam os seguintes traços característicos:
* Gigantismo de mãos, pés ou ambos;
*Macrocrânio e outras anormalidades de esqueleto;
* Hamartomas em partes moles;
* Nervo verrucoso pigmentado;
* Anormalidades viscerais;
* Ritmo de crescimento acelerado do paciente nos primeiros anos de vida.
Quais as doenças associadas?
Outras
doenças estão associadas a este tipo de mutações, como hemi-hipertrofia
parcial ou completa; macrodactília; macrocrânio, assimetrias e
exostoses; massa giriforme palmar ou plantar representando nervo ou
lipoma de tecido conjuntivo; nervo epidérmico linear; tumores
localizados em subcutâneo, formados por tecido vascular sanguíneo,
linfático ou misto; crescimento longitudinal acentuado nos primeiros
anos de vida; e deformidades de esqueleto como escoliose, hipertrofia e
hiperostose óssea.
Existe tratamento?
O tratamento infelizmente ainda está em fase de pesquisa, não existe uma cirurgia específica para os casos.
A
Síndrome de Proteus oferece dificuldades de diagnóstico, devido à
variedade de expressão fenotípica. Devido à rápida evolução da doença
com o crescimento de partes do corpo de forma variada deve ser bem
monitorizada ao longo de tempo prolongado. As deformidades ósseas e as
assimetrias decorrentes devem ser tratadas de maneira a preservar a
funcionalidade do membro afectado. Tal princípio pode resultar, em
alguns casos, no sacrifício de articulações e até mesmo do próprio
membro. O tratamento é multidisciplinar. Os portadores de dimorfismos
graves devem ser assistidos do ponto de vista físico, psicossocial e
educacional. A raridade desta síndrome ainda não permite o
estabelecimento de condutas clínico-cirúrgicas mais fundamentadas; não
obstante, deve-se personalizar ao máximo o tratamento. A observação
clínica de maior número de casos e a prevenção de futuros problemas
decorrentes da doença, certamente, levarão a melhores resultados na
condução médica.
A
maioria dos pacientes tem desenvolvimento neuropsicomotor normal, com
expectativa de vida entre 9 meses e 29 anos, de acordo com a gravidade
das anomalias.
Podem ter uma vida sexual ativa?
Normalmente
pessoas com este tipo de doenças são postas de parte pela sociedade e
preferem viver sozinhos para não sofrerem discriminação. Portanto é
muito raro encontrarem parceiros.
Por outro lado as má-formações do seu corpo impedem em muito uma vida sexual.
Quais as dificuldades/limitações?
Além
das dificuldades físicas óbvias, e também das doenças associadas à
mutação, uma pessoa com este tipo de doença tem outra grande
dificuldade, o preconceito.
Um
portador de Síndrome de Proteus tem uma aparência muito diferente,
assustadora, assim sendo as pessoas estigmatizam-na por isso.
No
passado, as pessoas com este tipo de mutação não eram aceites pela
família, sendo muitas vezes expulsas de casa, tendo que ir trabalhar
para circos como atracções bizarras, onde as pessoas olhavam para eles
com repulsa, eram ofendidos e muitas vezes agredidos.
Hoje
em dia isso não acontece, pois há mais conhecimento médico e as pessoas
são mais sensíveis à mutação. No entanto essas pessoas (as pessoas
afectadas) ainda são olhadas de maneira diferente.
Qual o risco de um casal ter um filho com esta mutação?
Como
foi dito anteriormente há duas teses sobre a causa desta mutação sendo
que a mais apoiada é relativa a um gene dominante letal.
Assim
sendo um casal que tenha esse gene pode ter um filho com essa doença,
no entanto isso é muito raro e ainda não há maneiras de detectar esse
gene, nem prevenir a sua acção.
Qual a percentagem?
A
síndrome de Proteus é uma doença congénita extremamente rara:
descreveram-se cerca de 100 casos em todo mundo, embora acredita-se que
existam outros não descritos.
Joseph Carey Merrick- O homem elefante
Joseph
Carey Merrick foi o protagonista do caso mais conhecido de síndrome de
Proteus, a sua história originou a produção de um filme com o título de “
O homem elefante”.
Nasceu a 5 de Agosto de 1802 e morreu a 11 de Abril de 1880 na Grã- Bretanha.
É
o mais velho de três irmãos, sendo ele o único com este tipo de
problema. Quando tinha 10 anos a sua mãe morreu, segundo alguns relatos,
a sua mãe tinha também algumas deficiências. Anos mais tarde o seu pai
resolve voltar a casar-se. A madrasta não o aceitava então ele foi
expulso de casa.
Joseph começou a ganhar deformidades no corpo por volta dos dezoito meses.
Foi
sempre alvo de preconceito e depois de ser expulso de casa tentou
arranjar emprego mas só conseguiu em circos, em shows de aberrações onde
tinha um número que se intitulada de “ a versão mais degradante do ser
humano” onde era insultado pelas pessoas que assistiam e por vezes
agredido. Numa dessas actuações encontrou o médico Frederick Treves que
se interessou por ele e internou-o no hospital Real em Inglaterra. Pela
primeira vez Joseph encontrou paz e foi tratado como uma pessoa digna.
Nessa altura demonstrou ser uma pessoa culta e interessada pelo saber, e
mostrou também ser uma pessoa extremamente meiga e carinhosa, ou seja, o
monstro tinha sentimentos.
No
entanto ele não poderia ficar no hospital para sempre pois não pagava a
sua estadia lá, e como era uma doença incurável não achavam necessário
mantê-lo lá. No entanto a história de Merrick sensibilizou a corte
inglesa que resolveu ampará-lo até ao fim dos seus dias.
Joseph morreu anos mais tarde pois o seu crânio cresceu de forma irregular e muito depressa esmagando o sei cérebro.
O seu corpo foi guardado e encontra-se no museu privado.
Hoje
em dia Joseph Merrick é um testemunho não só da síndrome de Proteus
como também um caso onde o preconceito humano esteve no seu auge.
FONTE: http://alteracoesgeneticas.blogs.sapo.pt/3081.html
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