Transtornos mentais começam a dar seus primeiros sinais na adolescência e a ciência tenta entender o porquê. Foto ilustrativa/Ingimage
A explicação para o desenvolvimento nessa fase pode estar na maneira como o cérebro “cruza dados”. O estudo mapeou o cérebro de 300 indivíduos entre 14-24 anos e pesquisadores notaram dois fatos:

a) Durante esse importante período de desenvolvimento, as regiões exteriores do cérebro, conhecidas como córtex, diminuíram de tamanho e tornaram-se mais finas.

b) A bainha de mielina, no entanto, estrutura que envolve neurônios, aumentou sua concentração na adolescência. A mielina é responsável pela propagação do impulso elétrico na célula nervosa, ou seja, ela controla a velocidade com que a informação se propaga. No estudo, o aumento de mielina ocorreu em regiões do cérebro que agem como “roteadoras”. Essas estruturas interligam as diferentes regiões do cérebro.

Depois, os cientistas cruzaram esses achados com um projeto que associou o cérebro a expressões de diferentes genes. Ao cruzar os achados da pesquisa que fizeram com os resultados desse projeto, eles descobriram que as mudanças cerebrais ocorrem mais intensamente naqueles que expressam genes associados à esquizofrenia.
O fato de a bainha de mielina ficar mais concentrada nesse período e o fato de essa concentração se dar em regiões que interligam uma parte do cérebro a outra pode abrir caminho para mais pesquisas com foco nesse aspecto.
“Como essas regiões são centros importantes que definem como o nosso cérebro se comunica, não nos surpreende que, quando algo de errado acontece nesse processo, isso vai afetar o modo como funcionamos”, afirma Bullmore. Agora que o estudo conseguiu mostrar esse aspecto, a expectativa é que novas pesquisas expliquem o que exatamente “dá errado” nessa comunicação.
Fonte: PNAS. “Adolescence is associated with genomically patterned consolidation of the hubs of the human brain connectome”.