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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Violência psicológica no trabalho



(*) Lis Andréa P. Soboll


O assédio moral é uma forma extrema da violência psicológica no ambiente de trabalho. Refere-se às agressões psicológicas que se repetem e persistem no tempo, que visam a exclusão do trabalhador do ambiente de trabalho. Configuram-se por comportamentos repetitivos de isolamento, humilhações, constrangimentos,

perseguição manipulações e intenção de prejudicar e, muitas vezes, de excluir o indivíduo do ambiente de trabalho.

Alguns autores (LEYMANN, 1996) sugerem que para ser considerado assédio moral faz-se necessário que os comportamentos destrutivos ocorram repetidas vezes no decorrer de um período médio de 4-6 meses.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2003) descreve o assédio moral como o comportamento de uma pessoa para rebaixar uma pessoa ou um grupo de trabalhadores, através de meios vingativos, cruéis, maliciosos ou humilhantes contra uma pessoa ou um grupo de trabalhadores. São críticas repetitivas e desqualificações, isolando-o do contato com o grupo e difundindo falsas informações sobre ele. Marie-France Hirigoyen (2002), psiquiatra francesa, sistematizou alguns comportamentos, que por sua repetição, associação e intencionalidade, caracterizariam o assédio moral, conforme descrito abaixo.

LISTA DE ATITUDES HOSTIS OU COMPORTAMENTOS DESTRUTIVOS
1) Deterioração proposital das condições de trabalho
• Retirar da vítima a autonomia.
• Não lhe transmitir mais as informações úteis para a realização de tarefas.
• Contestar sistematicamente todas as suas decisões.
• Criticar seu trabalho de forma injusta ou exagerada.
• Privá-lo do acesso aos instrumentos de trabalho: telefone, fax, computador...
• Retirar o trabalho que normalmente lhe compete.
• Dar-lhe permanentemente novas tarefas.
• Atribuir-lhe proposital e sistematicamente tarefas inferiores às suas competências.
• Atribuir-lhe proposital e sistematicamente tarefas superiores às suas competências.
• Pressioná-la para que não faça valer seus direitos (férias, horários, prêmios).
• Agir de modo a impedir que obtenha promoção.
v Atribuir à vítima, contra a vontade dela, trabalhos perigosos.
• Atribuir à vítima tarefas incompatíveis com sua saúde.
• Causar danos em seu local de trabalho.
• Dar-lhe deliberadamente instruções impossíveis de executar.
• Não levar em conta recomendações de ordem médica indicadas pelo médico do trabalho.
• Induzir a vítima ao erro.

2) Isolamento e recusa de comunicação
• A vítima é interrompida constantemente.
• Superiores hierárquicos ou colegas não dialogam com a vítima.
• A comunicação com ela é unicamente por escrito.
• Recusam todo o contato com ela, mesmo o visual.
• É posta separada dos outros.
• Ignoram sua presença, dirigindo-se apenas aos outros.
• Proíbem o colega de lhe falar.
• Já não a deixam falar com ninguém.
• A direção recusa qualquer pedido de entrevista.

3) Atentado contra a dignidade
• Utilizam insinuações desdenhosas para qualificá-la.
• Fazem gestos de desprezo diante dela (suspiros, olhares desdenhosos, levantar de ombros).
• É desacreditada diante de colegas, superiores ou subordinados.
• Espalham rumores a seu respeito.
• Atribuem-lhe problemas psicológicos (dizem que é doente mental).
• Zombam de suas deficiências físicas ou de seu aspecto físico; é imitada ou caricaturada.
• Criticam sua vida privada.
• Zombam de suas origem e de sua nacionalidade.
• Implicam com suas crenças religiosas ou convicções políticas.
• Atribuem-lhes tarefas humilhantes.
• É injuriada com termos obscenos ou degradantes.

4) Violência verbal, física e sexual.
• Ameaças de violência física.
• Agridem-na fisicamente, mesmo que de leve, é empurrada, fecham-lhe a porta na cara.
• Falam com ela aos gritos.
• Invadem sua vida privada com ligações telefônicas ou cartas.
• Seguem-na na rua, é espionada diante do domicílio.
• Fazem estragos em seu automóvel.
•É assediada ou agredida sexualmente (gestos ou propostas).
• Não levam em conta seus problemas de saúde.

Todos os comportamentos listados acima podem ser considerados atos de agressão psicológica, mesmo que não ocorram de forma repetitiva ou intencional. Nem toda situação de violência ou agressão psicológica no trabalho é tecnicamente assédio moral. Repetitividade e intencionalidade são os elementos que caracterizam o assédio moral e o diferenciam das agressões psicológicas pontuais e dos conflitos nas relações interpessoais.

Os comportamentos de violência psicológica mais freqüentes estão relacionados à: pressão exagerada para cumprir metas, supervisão constante e rígida, uso de estratégias de exposição constrangedora de resultados e comparação entre membros do mesmo grupo, competitividade para além da ética, avaliação de desempenho somente pelos resultados e não pelos processos, ameaça de demissão constante, humilhações direcionada para o grupo de trabalhadores diante de resultados abaixo do esperado, entre outras (SOBOLL, 2006).

Assédio moral não é um fenômeno novo, mas as novas configurações do trabalho criam ambientes organizacionais propício para a ocorrência de situações de violência psicológica menores e extremas no trabalho: política neoliberal, reestruturação produtiva, precarização do trabalho, desemprego estrutural, novas formas de gestão de pessoas.

Apesar de mais freqüentes que o assédio moral, os comportamentos de violência psicológica menores são muitas vezes percebidos, num contexto de "banalização da injustiça social" (DEJOURS, 1999), como inerentes ao trabalho no capitalismo globalizado e competitivo e por isso tornam-se invisíveis e pouco discutidos. Entretanto, estes comportamentos são as sementes geradoras das situações extremas de violência psicológica, como o assédio moral, e também implicam em prejuízos à saúde e à vida social do trabalhador.

Referências bibliográficas
BARRETO, M. Assédio moral: o risco invisível no mundo do trabalho. In: Jornal da Rede Feminina de Saúde, n. 25, jun. 2002 a. Disponível em http://www.redesaude.org.br/jr25/html/body_jr25-margarida.html

DEJOURS, C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1999.

FREITAS, M.E. Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações. RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 41, n. 2, Abr./Jun. 2001. (Disponível na web)

HIRIGOYEN, M.F. Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral. Editora Bertrand do Brasil, São Paulo, 2002.

LEYMANN, H. The mobbing Encyclopaedia. (www.mobbing.nu). 1996.

SOBOLL, LAP. Violência psicológica e assédio moral no trabalho bancário. FM/USP. (Tese de doutorado). Cap. 4. Violência psicológica no trabalho. (Defesa: dezembro/2006)

(*) Lis Andréa P. Soboll é Psicóloga (UFPR), Especialista em Psicologia do Trabalho - UFPR, Mestre em Administração - UFPR, Doutoranda em Medicina Preventiva - USP, atuando na área Saúde & Trabalho, como professora universitária, psicóloga clínica, perito judicial e consultora em organizações. E-mail: lisdrea@uol.com.br / lisdrea@yahoo.com
FONTE: http://www.sasp.org.br/index.php/notas/70-violencia-psicologica-no-trabalho.html 

TOC

TOC, ou transtorno obsessivo-compulsivo, é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade descrito no “Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais -DSM.IV” da Associação de Psiquiatria Americana. A principal característica do TOC é a presença de crises recorrentes de obsessões e compulsões.
Entende-se por obsessão pensamentos, ideias e imagens que invadem a pessoa insistentemente, sem que ela queira. Como um disco riscado que se põe a repetir sempre o mesmo ponto da gravação, eles ficam patinando dentro da cabeça e o único jeito para livrar-se deles por algum tempo é realizar o ritual próprio da compulsão, seguindo regras e etapas rígidas e pré-estabelecidas, que ajudam a aliviar a ansiedade. Alguns portadores dessa desordem acham que, se não agirem assim, algo terrível pode acontecer-lhes. No entanto, a ocorrência dos pensamentos obsessivos tende a agravar-se à medida que são realizados os rituais e pode transformar-se num obstáculo não só para a rotina diária da pessoa como para a vida da família inteira.
Em geral, os rituais  se desenvolvem nas áreas da limpeza, checagem ou conferência, contagem, organização, simetria, colecionismo, e podem variar ao longo da evolução da doença.
Classificação
Existem dois tipos de TOC:
a) Transtorno obsessivo-compulsivo subclínico – as obsessões e rituais se repetem com frequência, mas não atrapalham a vida da pessoa;
b) Transtorno obsessivo-compulsivo propriamente dito: as obsessões persistem até o exercício da compulsão que alivia a ansiedade.
Causas
As causas do TOC não estão bem esclarecidas. Certamente, trata-se de um problema multifatorial. Estudos sugerem a existência de alterações na comunicação entre determinadas zonas cerebrais que utilizam a serotonina. Fatores psicológicos e histórico familiar também estão entre as possíveis causas desse distúrbio de ansiedade.
Sintomas
Em algumas situações, todas as pessoas podem manifestar rituais compulsivos que não caracterizam o TOC. O principal sintoma da doença é a presença de pensamentos obsessivos que levam à realização de um ritual compulsivo para aplacar a ansiedade que toma conta da pessoa.
Preocupação excessiva com limpeza e higiene pessoal, dificuldade para pronunciar certas palavras, indecisão diante de situações corriqueiras por medo que uma escolha errada possa desencadear alguma desgraça, pensamentos agressivos relacionados com morte, acidentes ou doenças são exemplos de sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo.
Frequência
Em geral, só nove anos depois que manifestou os primeiros sintomas, o portador do distúrbio recebe o diagnóstico de certeza e inicia do tratamento. Por isso, a maior parte dos casos é diagnosticada em adultos, embora o transtorno obsessivo-compulsivo possa acometer crianças a partir dos três, quatro anos de idade.
Na infância, o distúrbio é mais frequente nos meninos. No final da adolescência, porém, pode-se dizer que o número de casos é igual nos dois sexos.
Tratamento
O tratamento pode ser medicamentoso e não medicamentoso. O medicamentoso utiliza antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina. São os únicos que funcionam.
A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem não medicamentosa com comprovada eficácia sobre a doença. Seu princípio básico é expor a pessoa à situação que gera ansiedade, começando pelos sintomas mais brandos. Os resultados costumam ser melhores quando se associam os dois tipos de abordagem terapêutica.
É sempre importante esclarecer o paciente e sua família sobre as características da doença. Quanto mais a par estiverem do problema, melhor funcionará o tratamento.
Recomendações
* Não há quem não tenha experimentado alguma vez um comportamento compulsivo, mas se ele se repete a ponto de prejudicar a execução de tarefas rotineiras, a pessoa pode ser portadora de transtorno obsessivo-compulsivo e precisa de tratamento;
* Crianças podem obedecer a certos rituais, o que é absolutamente normal. No entanto, deve chamar a atenção dos pais a intensidade e a frequência desses episódios. O limite entre normalidade e TOC é muito tênue;
* Os pais não devem colaborar com a perpetuação das manias e rituais dos filhos. Devem ajudá-los a enfrentar os pensamentos obsessivos e a lidar com a compulsão que alivia a ansiedade;
* O respeito a rituais do portador de TOC pode interferir na dinâmica da família inteira. Por isso, é importante estabelecer o diagnóstico de certeza e encaminhar a pessoa para tratamento;
* Esconder os sintomas por vergonha ou insegurança é um péssimo caminho. Quanto mais se adia o tratamento, mais grave fica a doença.
FONTE: http://drauziovarella.com.br/corpo-humano/toc-transtorno-obsessivo-compulsivo/

10 Manias bizarras!

FONTE: http://lista10.org/bizarro/10-manias-e-obsessoes-bizarras/


domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Sol Nascerá - Cartola


A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida
Finda a tempestade
O sol nascerá
Finda esta saudade
Hei de ter outro alguém para amar
A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Freud e Jung

  

Seria impossível falar da obra de Jung sem mencionar a estreita relação com Freud e a influência da sua obra. Contudo, vale lembrar que, muito antes de conhecer Freud, Jung já se interessava pelas questões do inconsciente.

 De acordo com Clarke (1992), quando os dois se conheceram, Freud já era muito respeitado e estava com 50 anos de idade, e Jung era vinte anos mais novo. Entretanto, durante o período em que mantiveram relações (1906-7913), nunca se estabeleceu uma qualidade de professor e aluno entre eles.

   Jung menciona, em suas Memórias (19630), que, desde o início de sua carreira, os trabalhos de Breuler, Janet e também de Freud o influenciaram e estimularam. Sobretudo as tentativas de Freud em busca do método de análise e de interpretação dos sonhos, uma vez que Jung percebia relações entre estas obras e suas próprias idéias.

   Stevens (1990) ressalta que, ao mesmo tempo em que a amizade entre os dois estava se aprofundando, Jung possuía dúvidas a respeito do papel fundamental da sexualidade, atribuído por Freud, ao psiquismo humano. Contudo, Jung decidiu guardar para si tais questionamentos com medo de prejudicar o relacionamento emocional e profissional entre eles.

   Entretanto, durante a viagem aos EUA, surgiram novas dificuldades relacionadas com os diferentes pontos de vista em relação á natureza do inconsciente. Aos poucos, Jung foi reconhecendo que sua visão era incompatível com a de Freud e, em  1912, publica a segunda parte do livro Metamorfose: símbolo da libido (publicado na Inglaterra com o título de Psicologia do inconsciente, atualmente com o título de Símbolos da transformação) com o objetivo de marcar  o seu desligamento do movimento psicanalítico; romperá também, no ano seguinte, as relações pessoais com Freud.

   Uma das principais divergências entre os dois está na questão da centralidade da sexualidade pra Freud, Jung coloca esta noção de forma mais abrangente; para este, a sexualidade desempenha um papel importante, contudo, não é a única causa de conflito e nem a única forma de expressão da totalidade psíquica.


   Suas concepções de libido e de interpretação dos sonhos são mais amplas do que as sugeridas por Freud.

   "Na perspectiva junguiana da linguagem do sonho é muito mais complexa e jamais monótona. Seus elementos não se deixam reduzir a uma significação única; São ricos de múltiplos sentidos, de numerosas valências. No sonho viaja-se da periferia ao centro da psique. Dos acontecimentos individuais pertencentes ao domínio do inconsciente pessoal, ao reino das imagens arquetípicas, patrimônio comum a todos os homens" (Silveira, 1978:122).

   Podemos dizer, assim, que "o interesse comum pelos temas referentes ao inconsciente aproximou e uniu Freud e Jung; as diferenças de abordagem e temperamento os separou, mas a ciência contemporânea foi engrandecida pela colaboração entre dois dos mais importantes pensadores do século XX" (Penna, 1995:12).
FONTE: http://www.psicoloucos.com/Psicologia-Analitica/freud-e-jung.html  

Exame ajuda a identificar doenças mentais a partir de imagem no cérebro



Criado pelo professor da Universidade da Califórnia Ismael Mena, o chamado "spect cerebral" já é desenvolvido no Brasil e é um exame capaz de diagnosticar problemas psicológicos. 
A partir do exame desenvolvido por Ismael Mena, em todo mundo já foram feitos mais de 30 mil exames. No Rio Grande do Norte, o médico Roberto Jales explica que recebe pacientes de outros Estados que vêm em busca do diagnóstico da doença mental.
A "cintilografia de perfusão cerebral" é realizada em duas etapas. O paciente primeiro é submetido a uma avaliação com a psicóloga e depois é feita a captura da imagem do cérebro. É injetada uma substância que é captada pelo cérebro e a partir disso gerada a imagem feita através da máquina de Medicina Nuclear. A partir dessa imagem o médico Roberto Jales avalia a distribuição da substância no cérebro e a cor. Com isso, é traçado o diagnóstico. O laudo é feito em conjunto pelo professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte com o médico Ismael Mena, que recebe as imagens pela Internet.


"Há casos em que os pacientes chegam com dois diagnósticos e o exame trará o laudo sobre a doença que acomete o paciente", afirmou Roberto Jales. Em recente entrevista à imprensa natalense, Ismael Mena explicou que todo trabalho é realizado a partir de um banco de dados que foi feito com base em pacientes normais. 
"Nós construímos bases de dados para crianças de 3 a 5 anos e outro diferente de 6 a 18 anos. Outra de jovens de 18 a adultos de 40 anos e um para adultos com de 40 a 80 anos. Isso foi possível com o desenvolvimento em meu laboratório na Universidade da Califórnia para o software de padronização para o volume do cérebro para que possamos construir bases de dados normais, e especialmente para comparar os resultados de nossos pacientes anormais com bancos de dados normais correspondentes ao mesmo grupo da idade", disse o médico.
Ismael Mena explicou que esse comparativo do cérebro de uma pessoa normal com o de paciente doente é possível a partir da variação do fluxo sanguíneo no cérebro. "Em mais de 20 anos de trabalho nós descrevemos alterações em circuitos funcionais em várias doenças cerebrais, como transtornos de humor, cognitivas, os efeitos de drogas e lesões cerebrais, entre outros", comenta Ismael Mena.
Ele descarta que o exame seja um concorrente de psicólogos e psiquiatras. "O neuroSPECT (nome do exame realizado) auxilia psiquiatras e psicólogos reforçando o seu trabalho e dando mais informações no momento do diagnóstico adicional, para tomarem as decisões sobre o tratamento".

FONTE: http://saude.terra.com.br/doencas-e-tratamentos/exame-ajuda-a-identificar-doencas-mentais-a-partir-de-imagem-no-cerebro,886a8c3d10f27310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html

Quais são as causas das doenças mentais?

Steve Ayan
 



Entrevista para a Mente&Cérebro, a pesquisadora Sabine Bahn, diretora do Centro de Pesquisas Neuropsiquiátricas em Cambridge, conta detalhes sobre sua linha de estudo que investiga as causas da patologia. Suas pesquisas se baseiam em análises de proteínas, entre outros métodos biomoleculares. Por meio deles ela espera descobrir alterações no cérebro de pessoas com doenças mentais graves.
Aos 42 anos a cientista está entre os pesquisadores que trabalham para descobrir novas doenças psiquiátricas. Por meio da análise de proteínas e de outros métodos biomoleculares, Sabine procura biomarcas no cérebro que forneçam informações sobre o surgimento e o desenvolvimento dos transtornos psíquicos.
A dificuldade: nenhuma outra parte do corpo é tão complicada quanto o cérebro. A pesquisa de Sabine, portanto, se assemelha à busca de uma agulha no palheiro – sendo o palheiro, neste caso, composto por milhares de proteínas e metabólitos, mensageiros e cascatas de sinais que se influenciam mutuamente. Veja na entrevista exclusiva à Mente&Cérebro por que ela acredita que suas descobertas podem ser o futuro da neuropsiquiatria.
Mente&CérebroA senhora procura moléculas cerebrais que indiquem distúrbios psiquiátricos. Por que acha que há necessidade de recuperar informações neste caso?
Sabine Bahn – No fundo, nós não sabemos em que consiste a origem de graves transtornos como a esquizofrenia ou o transtorno bipolar. Nesse terreno, a medicina ainda está tateando. A maioria das descobertas sobre isso nos últimos 20, 30 anos remontam à efetividade de determinados medicamentos que muitas vezes foi descoberta por acaso. Várias substâncias desenvolvidas originalmente para tratar outras doenças modificam também a vivência dos pacientes: elas eliminam a ansiedade, por exemplo, reduzindo as alucinações. Até hoje, na maioria dos casos ainda não se sabe por que isso ocorre. Estou tentando esclarecer as bases moleculares desses distúrbios para que eles possam ser mais bem tratados.

M&C - Na verdade, vários fatores contribuem para o surgimento de transtornos psíquicos. Por que a senhora voltou seus estudos para a biologia molecular?
S.B. - Existe um forte componente genético. No caso de gêmeos univitelinos, geneticamente idênticos, a probabilidade de um deles adoecer quando o outro é esquizofrênico ou bipolar, é de até 50%. O inverso também é verdadeiro, nem todos os que têm a predisposição genética adoecem de fato. A herança genética e o ambiente trabalham juntos nesse caso, e a isso se acresce o fato de que por trás da maioria dos transtornos se escondem provavelmente defeitos em diferentes genes. 
 
M&C - Tudo isso soa como se a química cerebral, o ambiente e o comportamento estivessem entrelaçados demais para que pudéssemos separá-los. É isso mesmo?
S.B. - Bem, ninguém nunca afirmou que isso seria fácil. Mas hoje dispomos de métodos melhores para desvendar os caminhos dos sinais que podem determinar uma doença: da mutação e da leitura da informação genética, passando pelas proteínas resultantes desses processos até a atividade enzimática ou metabólica “patológica” que elas podem causar. Por isso acompanhamos no laboratório vários caminhos ao mesmo tempo. Começamos analisando o tecido cerebral de várias centenas de pacientes falecidos. Nesse caso, não se tratava de um gene ou proteína determinados, mas de perfis globais. Nos exames, registramos as diferenças entre os cérebros de pessoas doentes e saudáveis do grupo-controle. Assim, descobrimos que as mitocôndrias, as usinas produtoras de energia das células neurais, estavam claramente alteradas nos primeiros. Além disso, tanto nos esquizofrênicos quanto em doentes bipolares, a mielinização dos neurônios estava alterada. A mielina forma o isolamento dos axônios que transmitem os sinais nervosos. 
 
M&C - Isso se refere à origem dos distúrbios ou apenas às suas consequências comuns?
S.B. - É difícil saber. Por isso é tão urgente esclarecer os mecanismos com exatidão. Se conseguirmos isso, poderemos um dia prevenir doenças possíveis em vez de simplesmente reagirmos terapeuticamente. Essa ideia me fascina.

M&C - E como a senhora age na prática?
S.B. - Uma parte de nosso trabalho consiste em procurar relações estatísticas em quantidades gigantescas de dados, correlações entre sintomas de doenças e marcadores moleculares. Nós processamos aproximadamente 20 terabytes de dados por ano. As bases para tanto são amostras de pacientes de diversas idades, principalmente de sangue e líquido cerebrospinal, mas também tecido nervoso de mortos. Junto com Markus Leweke, no Hospital Universitário de Colônia, descobrimos que no líquido cerebrospinal de pacientes esquizofrênicos há baixa quantidade de glicose, lactato e outras substâncias que fazem parte do metabolismo.
M&C - Como isso supostamente ocorre?
S.B.
- O cérebro gasta de 20% a 30% da energia do corpo, apesar de representar cerca de 2% do nosso peso total. O metabolismo energético está sujeito a várias influências genéticas, e existem várias reservas escondidas que são acionadas só se a provisão de energia é interrompida. Nossa hipótese é de que o estresse oxidativo, que desencadeia falta de energia no cérebro, causa prejuízos que se transformam em sintomas psiquiatricamente relevantes.

M&C - Os procedimentos por imagem também podem ajudar a tornar visíveis os processos cerebrais patológicos?
S.B. - A sobreposição entre a atividade cerebral normal e patológica ainda é grande. Precisamos nos contentar com um baixo número de pessoas durante as séries de testes dentro dos tomógrafos. Em vista da vastidão dos sintomas, é difícil encontrar um denominador comum nos padrões de atividades de diversos pacientes.

M&C - Como os transtornos poderão ser mais bem classificados no futuro?
S.B. - Os sintomas psiquiátricos são pouco específicos para um ou outro transtorno. Com a ajuda de biomarcas talvez seja possível abrir o sistema diagnóstico que atualmente consiste em gavetas com etiquetas bastante difusas: esquizofrenia afetiva, transtorno psicótico e assim por diante.

M&C - Algumas pessoas acreditam que pesquisas como as suas falam a favor do determinismo biológico.
S.B. - Isso é bobagem. Como eu já disse: o ambiente, os genes e o comportamento se entrelaçam constantemente e de forma estreita. A indicação da base neurológica de transtornos psíquicos pode evitar preconceitos – pois não se trata de “devaneios cerebrais”. No entanto, não podemos compreendê-la como a única origem a que se podem atribuir os transtornos. 
FONTE: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/agulha_no_palheiro.html

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Problemas Psicológicos Relacionados ao Trabalho



Pessoas que apresentam uma doença psicológica não costumam exibir manifestações físicas aparentes. Chamadas mais comumente de distúrbios, disfunções, transtornos ou perturbações, muitas doenças psicológicas conhecidas atualmente são atribuídas ao estilo de vida, cultura e sociedade em que a pessoa vive. Depressão e ansiedade são exemplos de doenças psicológicas comuns nas atuais sociedades industrializadas.
Nos serviços de saúde são utilizados como referência o Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM) e a Classificação Internacional de Doenças (CID).
O DSM é um sistema de classificação que organiza cada diagnóstico psiquiátrico em cinco níveis, relacionando neles distúrbios, transtornos, perturbações e disfunções. Esse manual é seguido por todos os profissionais da área de saúde mental.
  • Eixo I: transtornos clínicos, incluindo principalmente transtornos mentais, bem como problemas do desenvolvimento e aprendizado. Nesse eixo é comum incluir transtornos como depressão, ansiedade, distúrbio bipolar, TDAH e esquizofrenia;
  • Eixo II: transtornos de personalidade ou invasivos, bem como retardo mental. No eixo II incluem-se transtornos como transtorno de personalidade borderline, transtorno de personalidade esquizoide, transtorno de personalidade antissocial e transtorno de personalidade narcisista;
  • Eixo III: condições médicas agudas ou desordens físicas;
  • Eixo IV: fatores ambientais ou psicossociais contribuindo para desordens;
  • Eixo V: Avaliação Global das Funções (Global Assessment of Functioning) ou Escala de Avaliação Global para Crianças (Children’s Global Assessment Scale) para jovens abaixo de 18 anos.
Assim como o DSM, a classificação das doenças psicológicas no CID também é seguida por profissionais de saúde mental.
1- Transtornos Mentais e do Comportamento
1.1- Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos;
1.2-  Transtornos mentais e comportamentais em decorrência do uso de substância psicoativa;
1.3-  Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes;
1.4- Transtornos do humor [afetivos];
1.5- Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o estresse e transtornos somatoformes;
1.6-  Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a fatores físicos;
1.7-  Distorções da personalidade e do comportamento adulto;
1.8-  Retardo mental;
1.9-  Transtornos do desenvolvimento psicológico;
1.10- Transtorno do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência;
1.11- Transtorno mental não especificado.

Paula Louredo
Graduada em Biologia
FONTE: http://www.brasilescola.com/doencas/doencas-psicologicas.htm

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

História do tratamento a doentes mentais

 
A camisa é grande demais. Folgada, suja e amarrotada. Sob ela, a mulher magra em demasia fala para ninguém enquanto vai atravessando por entre a multidão na principal avenida comercial de Belém, a Presidente Vargas. Ninguém entre os que passam apressados estanca passos para ouvi-la. Mesmo se o fizesse, pouco entenderia. Mesmo se compreendesse, pouco se importaria. Alguns riem. Outros se assustam.
A mulher magra despe-se das poucas vestes que ainda a cobrem. O corpo nu arranca olhares curiosos, assustados e interrogativos. A pele escura, de um quase bronze, apresenta marcas e cicatrizes, obtidas não se sabe como. Os cabelos espessos são coçados insistentemente. Sinais de piolhos. A mulher atravessa a rua, não se importando com os carros e some num beco qualquer. O dia segue.
Cenas como essa são comuns em Belém. Misturados a mendigos, dezenas - ou mais-de doentes mentais circulam pela cidade. Perambulam sem destino ou indo em direção a casas de abrigo onde recebem porções regradas de alimentos. Na rua Diogo Moia, um desses andarilhos escolheu a varanda de uma casa abandonada como moradia. Falam sozinhos, gesticulam para nada e para ninguém. Ou para todos ao mesmo tempo. Mas para eles, Belém tem dado pouca atenção.
Isso incomoda o médico Dorvalino Braga. Ele talvez seja o nome mais lembrado quando se fala em humanização do tratamento de doentes mentais na história recente do Estado. Dorvalino Braga foi um dos fundadores da Fundação Pestalozzi, da Escola de Enfermagem, hoje ligada à Universidade do Estado do Pará, e também responsável por mudar métodos e concepções a respeito de como tratar pacientes mentais no período em que dirigiu o Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira, ainda hoje referência histórica, às vezes para o bem e às vezes para o mal, quando o assunto é doença mental no Estado. A partir de determinado momento a história de ambos, profissional e instituição, se confundem.
 
Mas o Hospital Juliano Moreira vem de antes. Tem origem na criação do Hospício de Alienados, criado em 1892, no que era chamado Marco da Légua, em Belém. Em 1937 muda de nome, passando a ser chamado de Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira. Mais que uma troca de denominação, há uma tentativa de se incorporar às inovações no tratamento psiquiátrico que começam a ocorrer no País, muitas delas introduzidas por Juliano Moreira.
Mesmo com boas intenções, a lógica é a da exclusão social. Se os hansenianos isolados eram por conta de certa repulsa visual e receio de contaminação, os ‘doidos’ eram afastados do convívio social por medo puro. Ao abordar o histórico do hospital, os pesquisadores Alice Bela e Éderson Pinho dizem que a instituição está inserida na série de reformas de Belém no início do período republicano. A ideia embutida era que manicômios, hospitais e presídios deveriam ser construídos distantes da área central para que se retirassem os ‘elementos não condizentes com o espaço urbano, pautado na higienização, organização e embelezamento’.
“Eu ainda vi o ‘tronco’ no Juliano Moreira”, lembra Dorvalino Braga. O tronco e a camisa de força ainda eram instrumentos utilizados no ‘tratamento’ dos enfermos. O tronco remetia à época da escravidão, quando os negros eram açoitados como punição por alguma ‘falta’.
Braga diz que isso não era à toa. Na história brasileira os primeiros navios que traziam escravos ou condenados em Portugal estavam repletos também de doentes mentais. “Eram mão de obra gratuita para os donos de terra à época”, conta.
Ao incorporar o nome Hospital Psiquiátrico, o Juliano Moreira adotou uma nova forma de olhar a loucura. Ela podia ser tratável.
A medicina apresentava novos medicamentos para isso. Era uma revolução, sim, mas não queria dizer que a humanização fazia parte desses procedimentos.
 



 
 
‘Revolta dos Loucos’: reação a doentes amarrados e trancafiados

Humanização foi o que Dorvalino Braga introduziu ao assumir a direção do hospital Juliano Moreira no final dos anos 50. Havia passado por uma temporada de um ano no Rio de Janeiro como bolsista, se especializando no tratamento psiquiátrico. Viu as novas técnicas, percebeu que os procedimentos estavam mudando. A Europa discutia novas formas de tratamento aos doentes mentais. A desumanização dos portadores era criticada e adotavam-se novos olhares sobre a loucura.
“Vou implantar isso em Belém”, disse Braga a si mesmo. Teve de enfrentar resistências. Era comum que os doentes mentais chegassem do interior do Estado algemados ou amarrados. Braga aboliu a prática. Assim como passou a impedir que os doentes fossem trancafiados em celas solitárias. “Eles eram esquecidos lá. Dava menos trabalho a quem cuidava deles”, lembra.
O que Dorvalino Braga não sabia, embora não tardasse a perceber, é que havia muitos interesses a respeito dos cuidados com os doentes mentais. É como se eles fossem, por exemplo, propriedades de uma irmandade de freiras, que recebiam recursos para manter a organização do hospital. O médico bateu de frente com elas.
Dorvalino Braga ficou à frente do hospital em três períodos diferentes. Não estava à frente da instituição, por exemplo, em 1961, quando houve a chamada ‘Revolta dos Loucos’. O diretor era Eliseu Rodrigues. No dia 30 de novembro, liderados por ‘personalidades psicopáticas da Aeronáutica e do Exército’, os ‘loucos’ do Juliano Moreira promoveram uma rebelião, contida à custo pelas forças militares.
 Os pacientes agrediam a garrafadas quem ousasse chegar perto. O chefe de segurança pública do Estado, Evandro do Carmo, irmão do governador Aurélio do Carmo, foi uma das vítimas. Foi atingido por um pedaço de vidro e perdeu a visão de um dos olhos. “Foi uma reação aos maus-tratos”, garante Braga.
Em 1964, Jarbas Passarinho, um dos mentores do golpe militar de 64, assumiu o governo do Estado. Dorvalino Braga era contrário aos militares no poder, mas foi chamado por Passarinho para assumir novamente a direção do hospital. Com carta branca. Começou a efetivar as mudanças pretendidas. Um dos incentivos veio do próprio governador.
Em outubro de 1964, Passarinho visitou a instituição e ficou horrorizado com o que viu. As cenas eram medievais. “Mesmo com a formação militar, me contive para não vomitar”, disse.
Braga implantou práticas como atividades manuais artesanais e incentivou a arte entre os muros da instituição. Em 1967 o grupo de boi-bumbá formado por doentes do Juliano Moreira se apresentou no Bosque Rodrigues Alves.
Era uma surpresa à população de Belém. Braga promovia saídas, como idas a sítios com igarapés. Houve um ano em que levou os pacientes a assistir à passagem de Nossa Senhora de Nazaré durante o Círio.
 
 
Quando paredes vieram abaixo

Simbólico e histórico foi o dia em que o diretor simplesmente rompeu com os grilhões que separavam doentes mentais da sociedade. Arrancou as grades do hospital. Em plena ditadura militar, com adversários do regime sendo encarcerados e torturados, Braga fez o caminho oposto. Libertou quem estava preso.
O médico acompanhava os ventos de mudança no tratamento de doentes mentais. O sistema hospitalar ia sendo substituído por um novo método, o ambulatorial. O ‘encarceramento’ de doentes já não era visto com bons olhos. Na Europa, principalmente na Itália, surgiam os procedimentos do tipo ‘open doors’- portas abertas.
Retirar as grades do Juliano Moreira custou caro a Braga. O jornal Folha do Norte não perdoou e desandou a criticar o procedimento. Agastado, Jarbas Passarinho chamou Dorvalino e pediu explicações. Depois instruiu o médico a esclarecer à imprensa o que havia feito.
Na história antiga se diz que Nero, imperador louco de Roma incendiou a cidade. Roma pegava fogo e Nero tocava uma lira, assistindo deliciado ao espetáculo. Em 1982 o hospital Juliano Moreira ardeu em chamas. Parte da estrutura ficou comprometida. Dois anos depois o então prefeito Almir Gabriel fez com que o prédio, imponente, viesse abaixo.
Dorvalino Braga não perdoa essa atitude. “A desativação era normal porque fazia parte da mudança de visão de atendimento. Mas derrubar o prédio foi absurdo. Perdemos um lugar que poderia servir de museu ou coisa parecida. Foi um crime”, diz.

Remanescentes do hospital Juliano Moreira ainda sobrevivem no Centro Integrado de Assistência Psiquiátrica do Pará (Ciaspa), em Ananindeua. No hospital de Clinicas Gaspar Vianna existe uma ala para doentes mentais. Muitos são deixados lá durante crises por parentes, que ‘esquecem’ de ir buscá-los depois. Na Penitenciária de Americano, o Conselho Estadual de Saúde constatou que 200 internados há mais de 20 anos no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Estado, ainda aguardam laudos psiquiátricos para serem julgados.
São pontas soltas de uma história onde os protagonistas raramente têm voz. As paredes do Juliano Moreira poderiam contar parte dela. Mas as paredes não existem mais. E a história fica incompleta.
(Diário do Pará)

Famosos ajudam a combater estigma de doenças mentais.

 
 
Cristina Almeida
Especial para o UOL Ciência e Saúde
 
Um blog para mostrar que celebridades também sofrem de transtornos psiquiátricos. Essa é a novidade de um novo blog do site americano Psychcentral, considerado uma das mais respeitadas fontes online sobre o assunto pelo jornal The New York Times. Ao contrário do pode parecer, o novo endereço da web não pretende decifrar sintomas, nem explorar a vida privada dos artistas. O objetivo dos idealizadores é informar e, principalmente, educar a população para vencer o estigma das doenças mentais.
“Estigma é sinal de ignorância, e o apoio de pessoas famosas para superar esse tipo de barreira é um dever psicossocial”, afirma o psiquiatra e psicoterapeuta José Toufic Thomé, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria ( ABP) e presidente da Unidade Brasil da Rede Ibero-Americana de Eco-bioética – Cátedra Unesco de Bioética (São Paulo).
Celebridades nutrem os sonhos de fama e glória na população em geral. E sonhar com uma vida perfeita é considerado natural. Entretanto, diz Thomé, é preciso que as pessoas desenvolvam uma estratégia de autocrítica para entender que ser celebridade é representar um personagem. “Na intimidade, muitos levam uma vida sofrida. Para o público, seguem o roteiro que faz delas pessoas admiradas, desejadas, invejadas. E algumas precisam desse tipo de atenção para suprir o imenso vazio que sentem. O maior exemplo é Michael Jackson”.

Mito e realidade

Segundo o especialista, famosos já foram reconhecidamente identificados como personalidades narcísicas, isto é, indivíduos encantados pela própria imagem de perfeição. “Por isso, falar sobre dificuldades ou doenças pode quebrar o encanto do mito”. “O impulso narcísico é uma pulsão de morte”, explica o psiquiatra. “Não há vida quando crio um universo irreal para continuar a viver, tal é o nível do sofrimento que se tenta esconder. Então, calar sobre a realidade é a opção”.
Como é impossível exigir de uma celebridade que ela se apresente dando seu testemunho sobre assuntos relacionados à saúde mental, a decisão de revelar ao público os próprios problemas corresponderá ao nível de preparo e evolução de cada um.
“A disposição para se expor dessa maneira dependerá da sanidade ou insanidade com que a celebridade lida com o seu personagem. Pode até ser que ela use a oportunidade para dizer – eu também sou gente!”, comenta Thomé.
Mas se tiver coragem de falar abertamente, a celebridade se humaniza e presta um grande serviço à comunidade, além de se tornar um objeto de identificação mais forte. Quem vivencia um problema idêntico ou semelhante, imediatamente pensará que não é a única, e ainda pode se sentir estimulada a seguir em frente, porque seu artista preferido também o fez. Esse é um dos objetivos declarados do blog americano: fazer ver que todos são seres humanos, apesar da fama.

Ser frágil e forte

“Informar a existência da doença, declarar que necessita de ajuda é, muitas vezes, interpretado como fragilidade. Ser frágil, não significa ser fraco. Ao contrário. Ter a coragem de se assumir e falar claramente como as coisas estão é sinal de força. Isso funciona. O primeiro exemplo que me vem à cabeça é o ator Fábio Assunção”, fala Thomé.
“No caso das doenças mentais, é preciso que se saiba que ela é uma doença como outra qualquer. Qual a diferença entre ter que tomar insulina por toda a vida e tomar antidepressivos?”, conclui o psiquiatra.

Psicose

 
 
Psicose é um sofrimento mental grave que limita muito a vida das pessoas. Quando a pessoa tem este problema de repente, dizemos que ela tem um episódio ou surto psicótico. Uma pessoa pode também ficar com a doença pelo resto da vida, o que chamamos de psicose crônica.

Psicoses ocorrem com mais freqüência no final da adolescência e início da vida adulta, algo entre os 17 e 28 anos de idade, mais ou menos. De cada 100 pessoas da população, 3 terão um episódio psicótico na vida. Ela atinge qualquer pessoa, de qualquer raça ou classe social.

Os sintomas principais são:
  1. 1) Pensamentos desorganizados – não se entende bem o que a pessoa psicótica está dizendo, não faz sentido o que ela diz. Pode haver dificuldade de concentração. Os pensamentos podem estar acelerados ou muito lentos.
  2. 2) Alucinações – so alterações da percepção. O psicótico vê coisas, ouve vozes ou sons, sente sabores que não existem na realidade. Pode ouvir vozes de perseguição, ver um animal querendo atacá-lo que não existe naquele ambiente.
  3. 3) Delírios ou crenças falsas – delírio é uma alteração do conteúdo do pensamento. Há delírios de grandeza (“Eu sou o presidente do país.”), de ciúme (“Todos me traem.”), de perseguição (“Você [dizendo para o médico] está aqui para me matar!”), místicos (“Eu sou Jesus Cristo.”), etc. A pessoa crê ser isto real. E nada a convence de que não é.
  4. 4) Mudança de sentimentos – ocorrem sem razão aparente. Sensação de isolamento do mundo, estranheza, como se tudo se movesse em câmara lenta, e ora muito alegre, ora deprimido demais, ou sem nenhuma emoção, como se fosse uma máquina.
  5. 5) Mudança de comportamento – a pessoa pode estar acelerada e agitado, andando de lá para cá o tempo todo, ou extremamente parada (catatonia), passando horas e dias sentada sem fazer nada com olhar perdido. Pode ficar rindo sem motivo (hebefrenia). A mudança do comportamento depende de outras alterações, por exemplo, se a pessoa tem alucinação auditiva de que uma voz está lhe dizendo para fugir, ela ficará muito inquieta e irá querer sair correndo. Ou pode estar muito assustada e não conseguir dormir. Outros param de comer porque há no delírio a idéia de que colocaram veneno na comida.

Num primeiro episódio psicótico a pessoa começa com alterações pouco perceptíveis, e ela pode descrever mudanças que percebe, como por ex., dizer que não consegue sentir sentimentos como antes, que alguns pensamentos perturbam, têm insônia, sente-se meio aérea como estando saindo da realidade. Em seguida a isto ocorre a crise aguda na qual surgem os sintomas psicóticos citados acima. Depois podem recuperar com tratamento. Muitos tem só uma crise na vida, outros têm recaídas e outros ainda nunca recuperam.
Alguns tipos de psicose são:
1) Psicose induzida por drogas – como álcool, maconha, cocaína, etc. Alguns dos usuários de drogas podem já ter tido comportamento um tanto psicótico e a droga piora seu estado mental, enquanto que outros desencadeiam o surto com o uso da droga.
2) Psicose orgânica – causada por lesão cerebral ou enfermidade física que altere o funcionamento do cérebro, como a encefalite, a AIDS, tumor cerebral, reação química a certos remédios em pessoas predisponentes talvez (pós-cirúrgico).
3) Psicose reativa breve – sintomas aparecem de forma súbita em resposta a um evento muito estressante para uma pessoa muito sensível. A pessoa recupera em poucos dias.
4) Esquizofrenia – quando há mudanças psicóticas por pelo menos seis meses. Atinge uma em cada 100 pessoas. Há diferentes tipos como a paranóide, hebefrênica, catatônica, simples.
5) Transtorno Bipolar – era chamada de psicose maníaco-depressiva. Há alteração do estado de humor caracterizado pela alternância de momentos de exagerada euforia (mania) com depressão. Na fase da euforia a pessoa se acha um deus onipotente e faz coisas fora da realidade, como comprar coisas sem ter como pagar, planejar viagens fantásticas, etc. Na fase depressiva pode escutar vozes que lhe dizem para matar-se.
6) Transtorno esquizoafetivo – a pessoa tem alterações como no bipolar e no esquizofrênico mas não se enquadra em nenhum dos dois diagnósticos.

O tratamento da psicose inclui:
  1. Medicamentos prescritos por médico psiquiatra;
  2. Orientação familiar;
  3. Hospitalização se necessário;
  4. Hospital-dia, CAPS nas cidades, Terapia Ocupacional;
  5. Grupos de ajuda para familiares com psicose;
  6. ajuda muito uma dieta vegetariana;
  7. Também ajuda muita atividade física ao ar livre (caminhadas assistidas);
  8. Hidroterapia (banhos de contraste quente-frio, etc.).

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Esquadros - Adriana Calcanhoto


Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...
Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela

Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Inconsciente Coletivo

Inconsciente Coletivo, segundo o conceito de psicologia analítica criado pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, é a camada mais profunda da psique. Ele é constituído pelos materiais que foram herdados, e é nele que residem os traços funcionais, tais como imagens virtuais, que seriam comuns a todos os seres humanos. O inconsciente coletivo também tem sido compreendido como um arcabouço de arquétipos cujas influências se expandem para além da psique humana.
A existência do inconsciente coletivo não é derivada de experiências individuais, tal como o inconsciente pessoal, trabalhado por Freud, embora precise de experiências reais para poder se manifestar. Tais traços funcionais do inconsciente coletivo foram chamados por Jung de arquétipos, que não seriam observáveis em si, mas apenas através das imagens que eles proporcionam. 
Jung chamou a atenção para o fato de que o inconsciente coletivo retém informações arquetípicas e impessoais, e seus conteúdos podem se manifestar nos indivíduos da mesma forma que também migraram dos indivíduos ao longo do processo de desenvolvimento da vida.
O psicanalista Erich Fromm apresenta outra posição a respeito. É denominada de "inconsciente social", que seria a parte específica da experiência dos seres humanos que a sociedade repressiva não permite que chegue à consciência dos mesmos. Já o sociólogo e filósofo Nildo Viana concebe o inconsciente coletivo como o conjunto das necessidades e potencialidades reprimidas de um conjunto de indivíduos, grupos, classes ou toda a sociedade.
O inconsciente coletivo complementa o inconsciente pessoal, e muitas vezes se manifesta igualmente na produção de sonhos. Desta forma, enquanto alguns dos sonhos têm caráter pessoal e podem ser explicados pela própria experiência individual, outros apresentam imagens impessoais e estranhas, que não são associáveis a conteúdos da história do indivíduo. 
Esses sonhos são então produtos do inconsciente coletivo, que nesse caso atua como um depósito de imagens e símbolos, que Jung denomina arquétipos. Dele também se originam os mitos. No entanto, sendo o inconsciente coletivo algo que foi e está sendo continuamente elaborado a partir das experiências obtidas pelos seres, o acesso individual às informações contidas no inconsciente coletivo pode ser uma forma de explicar o mecanismo de operação de alguns dos fenômenos psíquicos incomuns que foram considerados desde o princípio da psicologia junguiana. 
Por outro lado, isso corresponde a introduzir mais do que arquétipos nesta estrutura psíquica universal, que pode conter igualmente dados fundamentais de operação dos fenômenos naturais, que se manifestam como leis das descrições químicas e físicas da natureza, além, é claro, da biologia. Em síntese, o inconsciente coletivo da psicologia analítica pode ser um modelo adequado para a compreensão dos fenômenos mentais.
FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Inconsciente_coletivo

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Por Enquanto Legião Urbana



Mudaram as estações
E nada mudou
Mas eu sei
Que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente...
Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era prá sempre
Sem saber
Que o pra sempre
Sempre acaba...
Mas nada vai
Conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem...
Mesmo com tantos motivos
Prá deixar tudo como está
E nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta prá casa...


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Paradoxo da felicidade

Pode parecer um paradoxo, mas os países em que a população apresenta maiores índices de felicidade na população, são os que têm maiores taxas de suicídio. 
 
Um novo estudo, publicado no “Journal of Economic Behavior & Organization”, usou dados dos EUA e de outros países, que incluíram, pela primeira vez, a comparação de uma amostra aleatória recentemente disponível de 1,3 milhões de americanos, e outra sobre as decisões de suicídio entre uma amostra aleatória independente de cerca de um milhão de americanos.
 
Os resultados foram perturbadores: muitos países com altos índices de felicidade têm também índices elevados de suicídio . Este estranho facto já tinha sido verificado, em estudos de forma isolada, como no caso da Dinamarca. Mas esta nova investigação concluiu que vários países - entre eles Canadá, EUA, Islândia, Irlanda e Suíça - apresentam níveis relativamente elevados de felicidade mas também altas taxas de suicídio.
 
Contudo, segundo contaram os cientistas, em comunicado de imprensa, as variações culturais e na forma como as sociedades registam os casos de suicídio dificultam a comparação de dados entre países diferentes. Para confirmar a relação entre os níveis de felicidade e as taxas de suicídio, dentro de uma área geográfica, os investigadores recorreram a dois vastos conjuntos de dados cobrindo um único país: os EUA.
 
Do ponto de vista científico, segundo apontam os investigadores, a vantagem de se comparar felicidade e índices de suicídio entre os diferentes Estados americanos reside no facto de os factores, como formação cultural, instituições nacionais, linguagem e religião serem relativamente constantes dentro de um único país. E, embora, existam diferenças entre os Estados, a população americana é mais homogénea do que as amostras recolhidas de países diferentes.
 
Os resultados desta investigação corroboram o que já tinha sido verificado noutros países. Os Estados onde a população se dizia mais satisfeita com a vida apresentaram taxas mais altas de suicídio, em oposição àquelas que apresentavam menores níveis de satisfação com a vida.
 
Por exemplo, os dados do Estado de Utah coloca-o no primeiro lugar do ranking dos Estados norte-americanos onde as pessoas estão mais satisfeitas com a vida, contudo, ocupa o nono lugar na lista de Estados com maior índice de suicídios. Pelo contrário, já o Estado de Nova Iorque, que ficou em 45º no ranking da satisfação, apresentou o menor índice de suicídios do país.
 
Os investigadores foram ainda mais longe numa tentativa de tornar as comparações entre Estados mais imparciais e homogéneas. Para tal tiveram em conta factores como idade, sexo, raça, nível educacional, rendimentos, estado civil e situação profissional. Mesmo com esses ajustes, a correlação entre índice de felicidade e de suicídios manteve-se bastante forte, embora alguns Estados tenham alterado ligeiramente as posições.
 
No comunicado da Universidade de Warwick, Reino Unido, um dos líderes da investigação, Andrew Oswald, explicou que “as pessoas descontentes, num lugar feliz, podem sentir-se particularmente maltratadas pela vida. Esses contrastes nebulosos podem aumentar o risco de suicídio. Se os seres humanos estão sujeitos a alterações de humor, os períodos de depressão podem ser mais toleráveis num ambiente no qual outros seres humanos estão infelizes”.
 
Além da Universidade de Warwick, na Grã-Bretanha, participaram também investigadores do Hamilton College, de Nova Iorque, e do Federal Reserve Bank de São Francisco, na Califórnia.
 
Este artigo teve por base o comunicado de imprensa enviado pela Universidade de Warwick.

Paula Pedro Martins
Jornalista

FONTE: http://www.alert-online.com/br/magazine/paradoxo-da-felicidade-paises-mais-felizes-tem-maiores-taxas-de-suicidio

De bem com a vida


Ganhar na loteria, arrumar um namorado, tomar uma cerveja gelada. A felicidade pode estar em muitas coisas. Cada pessoa a vê de um modo diferente. Mas a sua incessante busca é o combustível de todos. Quem não quer ser feliz? No século IV a.C., o filósofo Aristóteles já anunciava, no livro Ética a Nicomaco, que a felicidade é a maior meta do homem.
 O psicanalista carioca Luiz Alberto Py  considera a felicidade um estado interior. “Somos felizes quando valorizamos o que temos em vez de sofrermos com o que não temos”, resume. O psicanalista acredita que os bons sentimentos devem ser privilegiados, treinados e fortalecidos, como acontece com os músculos durante a malhação. 
 “Mais importante é saber usufruir o tempo que temos para viver”, esclarece. Ele faz questão de diferenciar a efêmera alegria do Carnaval. “É uma festa em que as pessoas adiam os problemas para a Quarta-Feira de Cinzas. Sentem prazer, alegria, mas não exatamente felicidade”, analisa.
As diferenças entre felicidade e sentimentos passageiros como alegria, euforia e prazer rendem intenso debate. Ganhar dinheiro, receber um presente ou uma nota alta na escola e mesmo se esbaldar no Carnaval traz, normalmente, alegria.
A alegria é fruto de um momento específico de intenso prazer, a felicidade deve ser compreendida como um sentimento intermitente, de realização. Aos eternos insatisfeitos, que valorizam mais o ter do que o ser, resta um rosário de lamentações. “As pessoas se colocam num patamar muito elevado e reclamam. Adotam muito o ‘se’: ‘Se eu tivesse chegado no horário, teria sido o primeiro no vestibular’ ou: ‘Se ganhasse mais, teria mais conforto’”, diz o psicanalista Jorge Forbes, autor de Você quer o que deseja? (Ed.. Best Seller). “A reclamação é sempre narcísica. É normal querermos comprar e fazer tudo, mas, como isso é impossível, alguns ficam mal-humorados”, completa.
Aimagem do Brasil  é de uma terra de pessoas alegres e festivas, apesar das adversidades. “Antes de os portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade”, já dizia o escritor Oswald de Andrade em Manifesto antropofágico. O antropólogo carioca Roberto da Matta lembra que esse estereótipo vem dos tempos da colônia, sobretudo no Rio de Janeiro, que recebeu a família imperial como se fosse uma África submissa, com escravos que não se rebelavam. O modelo se consolidou no pós-guerra, quando americanos e europeus se encantaram com o harmonioso convívio étnico brasileiro e puderam admirar a alegria desvencilhada do progresso científico ou do desenvolvimento tecnológico. 
Em muitos países, no entanto, impera a crença iluminista. Isso pode ser percebido no ranking mundial da felicidade feito em 2002 pela revista trimestral francesa Globeco, dedicada a discutir a globalização. Foram listados 60 países (80% da população mundial), classificados a partir de uma curiosa combinação de indicadores tão distintos quanto renda per capita, criminalidade, produção de livros e discos, catástrofes naturais e taxa de gás carbônico no ar. O estudo, dirigido pelo francês Pierre Le Roy, alçou a Suécia à liderança, seguida por Noruega, Finlândia, Islândia e Austrália.
Depois de morar cinco anos em Santos (SP), a norueguesa Clara Karoliussen, 31 anos, voltou para a cidade de Trondheim, a 600 quilômetros de Oslo, com um marido brasileiro. Por ela, ficaria no Brasil, onde, garante, era mais feliz. Com três filhos, Clara tenta explicar o abismo que separa as duas culturas. “A felicidade para o norueguês é segurança. Ele pensa no futuro e não curte o presente. A felicidade tem que ser merecida, uma conquista árdua. Mas, como quase tudo lhe é dado de mão beijada – educação, saúde etc. –, raramente sente o prazer dessa conquista”, diz. Segundo ela, os brasileiros têm uma atitude mais parecida com a da criança, que consegue ser feliz hoje, mesmo sem saber do amanhã. “Os brasileiros vivem uma alegria espontânea. E, por sofrerem tanto, sabem quando algo deve ser comemorado”, acredita.
Como cita Clara, o sentimento de que tudo  vem de mão beijada, a consequente falta de estímulos e a exacerbação da individualidade são elementos importantes para se compreender o alto índice de suicídio apresentado na Noruega e, talvez, em todos os países selecionados como os mais felizes do mundo. Na Suécia, por exemplo, a cada 100 mil habitantes, 15 dão cabo da própria vida. Na Noruega e na Finlândia, segundo e terceiro colocados no ranking da felicidade, são 18 e 29 suicidas a cada 100 mil habitantes, respectivamente. Já o Brasil, com tantas mazelas, está em 71º lugar nas estatísticas mundiais de suicídio, conforme explica o psiquiatra Neury José Botega, professor da Unicamp (Universidade de Campinas). “Não há números exatos porque nem todas essas mortes são notificadas. De qualquer modo, temos quatro a cada 100 mil habitantes no Brasil. Na Hungria, são quase 40”, compara Botega.
FONTE:  http://www.istoe.com.br/reportagens/17739_DE+BEM+COM+A+VIDA

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Necrofilia


Necrofilia (do grego νεκρός [nekrós], "morto", "cadáver", e φιλία [filía], "amor") é uma parafilia caracterizada pela excitação sexual decorrente da visão ou do contato com um cadáver
O fenômeno da necrofilia é conhecido desde os mais remotos tempos da história humana, podendo ainda hoje ser observado como costume comum (às vezes até sacralizado) em certas tribos africanas e asiáticas, bem como em manifestações esporádicas no Ocidente.

Bloco de Carnaval promove política antimanicomial para pacientes mentais de Itaboraí


Em clima de alegria e descontração, cerca de 50 pacientes, entres adultos e crianças, dos Centros de Atenção Psicossocial de Itaboraí (Caps e Capsi) saíram no bloco carnavalesco “Me solta que eu pulo 2013”, na tarde desta quarta-feira(06/02), na Praça Marechal Floriano Peixoto, no Centro da cidade. Com o enredo “Cuidar sim, prender não”, o bloco destacou a política antimanicomial estabelecida pela Reforma Sanitária Brasileira.
“Os pacientes ficaram aqui na sede se preparando nesse clima de carnaval, fazendo fantasias, escrevendo os seus desejos, ocupando as suas mentes”, afirmou Marcos Roca, coordenador interino do Programa de Saúde Mental do município.
Segundo Marcos, esse trabalho é essencial para a inserção do paciente na realidade temporal e social:
“Com ações como essa os pacientes passam a ter a noção do que acontece no mudo, e podem interagir com pessoas saudáveis mentalmente”, disse.
O Caps de Itaboraí desenvolve um trabalho de terapia ocupacional com pacientes que possuem doenças mentais de nível intensivo, semi intensivo e não intensivo, com base na política antimanicomial. O programa estabelece que o paciente fique durante todo o dia realizando tarefas e terapias no Caps, e, em seguida, vão dormir em seus domicílios.
Pacientes, funcionários e familiares puderam interagir entre si e trocar experiências. Deisilaine Oliveira, mãe de um menino de 9 anos com deficiência mental, aprovou a iniciativa da Prefeitura.
“Eventos como esse fazem com que as pessoas encarem o meu filho sem preconceito”, afirmou Deisilainte.
FONTE: http://www.prefeituraitaborai.com/844/bloco-de-carnaval-promove-politica-antimanicomial-para-pacientes-mentais-de-itaborai/