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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Crise Mental

 
Uma crise mental é um estado psicológico caracterizado por ansiedade, dúvidas e depressão, e que em casos mais extremos pode incluir insanidade. As pessoas são levadas a uma crise mental se as suas experiências passadas e as suas respostas condicionadas não forem suficientes para que se possam controlar numa situação vista como uma séria ameaça à sua existência ou identidade. Portanto, uma crise mental é um sinal de dor psicológica.
Muitas pessoas conseguem perceber muito facilmente a reacção de quem sofre a crise mental devida a um ocorrência violenta. É simples para essas pessoas "colocarem-se no lugar" de quem sofre da crise mental.
Todas as pessoas - mesmo aquelas com mentalidades robustas - podem ser conduzidas a uma crise mental, desde que o factor que faz o despoletar dessa crise seja suficientemente forte.

Psiquismo básico
Durante as nossas vidas, desenvolvemos um sistema de referência interno. Este sistema é usado para avaliar o que é que deve ser feito numa dada circunstância, o que é que está correcto, o que é que está errado, o que é que se deve evitar, etc. O sistema de referência é testado, desenvolvido e alterado constantemente à medida que vamos ganhando experiência, nomeadamente através da educação ou do que nos rodeia.
Durante os primeiros anos de vida, o nosso sistema de referência é influenciado por forma a que se torne seguro e estável. Se estes primeiros anos forem traumatizantes, o sistema de referência poderá tornar-se inseguro. As pessoas mentalmente mais fracas reagem muito facilmente a acontecimentos externos, podendo ser vistas reacções tais como ansiedade.
Causas externas
  • As causas externas que podem despoletar crises mentais podem ser divididas em três grupos principais:
  1. Perda ou ameaça de perda. Exemplos de perda são a morte de alguém próximo, divórcio, perda de bens ou amputação de alguma parte do corpo. Exemplos de ameaça de perda são doença grave de alguém próximo, ou uma acusação que tem que ser defendida em tribunal.
  2. Violação do orgulho próprio. Exemplos de violações são situações embaraçosas, como um trabalhador que é despedido, ou a infidelidade do parceiro, quando essa infidelidade já é sabida há muito por outras pessoas. A maior parte das violações do orgulho, contêm uma perda simbólica, por exemplo, o prestigio, a liberdade, o emprego, etc.
  3. Catástrofes. As catástrofes podem ser grandes ou pequenas. Pode ser o caso de um acidente de trânsito, um acidente no trabalho, um fogo a bordo de um barco, etc.
Os sintomas e a evolução da crise
  • Normalmente uma crise mental cura-se por si própria. Normalmente, uma crise atravessa quatro fases. É importante saber que nem todas as pessoas que passam por uma mesma situação desenvolverão necessariamente uma crise. Em todas as crises existem variações que dependem do indivíduo afectado. Finalmente, nem todas as pessoas passam pelas quatro fases:
  1.     A fase de choque é vista, normalmente, em relação com eventos repentinos e violentos. A fase de choque pode durar de entre alguns minutos a alguns dias. As pessoas usam toda a sua energia no seu próprio caos. Algumas pessoas reagem em pânico, com gritos, etc. Outras pessoas ficam geladas e paradas. Elas podem parecer calmas externamente, enquanto que internamente tudo poderá estar uma caos.
  2.       Na fase da reacção, a ansiedade rebenta com a força máxima. Esta fase pode durar vários dias, semanas ou meses. A pessoa recorda-se vagamente da causa que despoletou a situação. Os sintomas físicos surgem como dificuldades em dormir, pesadelos, perda de apetite, dores de cabeça, dores de estômago e desejo por sedativos, tais como álcool ou comprimidos.
  3.      Depois da fase de reacção, a pessoa cai numa fase em que revê e trabalha sobre os seus problemas. Isto pode levar alguns meses. Os pensamentos podem agora acomodar outras coisas durante longos ou curtos períodos, e a pessoa pode ocupar-se com tarefas normais do dia a dia. Nesta fase, a causa que despoletou a crise está completamente reconhecida.
  4.       Na fase de reorientação, a dor existente provocada pelo que foi perdido está sobre controlo. A pessoa fica reabilitada.

Possíveis complicações
Um evento extremamente violento pode, na fase mais grave, dar origem a um estado parecido com insanidade, onde o senso de realidade da pessoa é afectado. A percepção da pessoa sobre o mundo que o rodeia diverge da realidade. Ela pode sofrer de paranóias ou de outras formas de loucura, em que afirmações incorrectas ou impossíveis, têm realidade para ela própria.
Este estado não é muito grave e melhora por si próprio, desde que seja dado tratamento durante a fase mais difícil. A ajuda profissional deve ser ministrada o mais cedo possível em casos graves.
A insanidade permanente, como resultado da reacção a um evento violento, é relativamente rara e geralmente surge vários dias ou meses depois do evento.
Sintomas subsequentes de stress
  • Acontecimentos violentos são muitas vezes seguidos por sintomas persistentes de stress, os quais se podem desenvolver perigosamente e requerer a ajuda profissional.
Os sintomas são:
  1. Recordações permanentes dos eventos violentos, quer acordado quer a dormir.
  2. Um evitar persistente de sentimentos, actividades, situações e impressões que causem pensamentos relativos ao evento violento. Perda de memória acerca de circunstâncias importantes relacionadas com o evento.
  3. Sintomas persistentes de actividade cerebral intensa, por exemplo dificuldade em dormir, irritação, perda de concentração, ansiedade e sintomas físicos tais como suores e palpitações em situações que façam recordar o evento.
Este estado é mais fácil de prevenir do que tratar. O conhecimento, o treino e a experiência em acontecimentos violentos protege contra estes sintomas subsequentes de stress. Pessoas que, devido ao seu trabalho, estejam em risco de ficarem expostas a estes tipos de eventos devem, por isso, ser bem preparadas e treinadas.

Como lidar com pessoas afectadas por crises mentais
As crises mentais são caracterizadas por inabilidade para agir e por um comportamento caótico, sendo muitas vezes resultantes de um grave acidente ou de uma situação de catástrofe. As pessoas afectadas deverão ser removidas do local do acidente. Assegure-se que elas são supervisionadas por uma pessoa adulta. O tratamento consiste em carinho e compreensão.
Tópicos para a ajuda mental:
  1. Mostre calma e fale normalmente.
  2. Permaneça com a pessoa afectada até que outras pessoas cheguem para o substituir.
  3. Ouça e fale para o paciente.
  4. Pegue na dele mão ou coloque o seu braço sobre os ombros dele.
Na primeira fase da crise, o paciente precisa de ajuda, tanto nas tarefas práticas normais como a nível mental. A ajuda prática pode incluir favores, tais como contactar a família mais próxima, preparar as refeições, lavar a roupa, etc.

Interrogatório depois da catástrofe
O interrogatório é usado quando mais que uma pessoa esteve envolvida num evento inesperado e violento.
Através do interrogatório, os participantes têm a oportunidade de partilhar experiências difíceis com outros.
Dá a possibilidade de:
  1. resolver mal entendidos acerca do evento,
  2. reconhecer, aceitar e discutir sentimentos com os outros presentes,
  3. reduzir os sintomas que poderiam resultar em crises mais longas,
  4. estimular os participantes para tomarem conta uns dos outros.
O interrogatório deverá ter lugar o mais cedo possível depois do evento, mas só depois das necessidades básicas terem sido satisfeitas, tal como: comida, descanso e dormir.
Como interrogar?
Todas as pessoas devem fazer parte do interrogatório, mas nenhuma deverá ser obrigada a falar. O propósito deste encontro não é para culpar alguém.
1.     O líder do grupo deve fazer um resumo histórico por pontos do que se passou antes e no evento.
2.     Para cada ponto devem ser discutidos os "quem, como, quando, onde e porquê".
3.     O grupo deve ser encorajado para falar acerca dos efeitos "stressantes" e sensoriais mais importantes, e ainda para falarem acerca dos seus sentimentos. Poderão ser usadas as seguintes questões:
o      O que é que pensas?
o      O que é que fizeste?
o      Como é que reagiste?
o      Onde é que esteve desde então?
o      O que é que pensa agora?
o      O que é que pensa fazer agora?
1.     Não duvide acerca de diferenças que possam haver entre os relatos das pessoas envolvidas. Aceite todos os participantes como testemunhas válidas.
Durante a reconstrução do evento, os pensamentos, os sentimentos e as acções dos participantes deverão ser discutidas. Por isso eles deverão ser ajudados para terem um papel importante nessa reconstrução.
O líder do grupo deverá investigar se algum dos participantes irá precisar de ajuda futura.
Se achar necessário, aconselhe-se com o médico.

FONTE: http://portal.ua.pt/projectos/mermaid/crises.htm

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