Charles Milles Manson (Cincinnati, 12 de novembro de 1934) é conhecido como o fundador, mentor intelectual e líder de um grupo que cometeu vários assassinatos, entre eles o da atriz Sharon Tate, esposa do diretor de cinema Roman Polanski.
Filho de uma prostituta, ainda criança Manson passou a frequentar reformatórios juvenis pelos quatro cantos dos Estados Unidos. Em 1967, Manson saiu da prisão aos 33 anos de idade, tendo permanecido preso desde os 9 anos de idade. Em 1968, ele formou uma comunidade alternativa em Spahn Ranch, perto de Los Angeles. Manson tinha idéias grandiosas e um grupo de amigos e admiradores, conhecidos como Família Manson.
Esses eram jovens, homens e mulheres de famílias ricas, que não tinham
bom relacionamento com seus familiares e que por isso passaram a morar
nas ruas da Califórnia. Alguns dos admiradores de Manson o consideravam
uma reencarnação de Jesus Cristo - uma analogia a ele abrir a vida dos
jovens para "novos horizontes". O próprio Manson, porém, sempre negou
tal comparação.
Em 9 de agosto de 1969, um pequeno grupo de conhecidos de Charles Manson invadiu uma casa alugada por Roman Polanski em Cielo Drive, 10050, Bel Air,
assassinando sua esposa Sharon Tate — que estava grávida — e mais
quatro amigos do casal. Segundo a polícia de Los Angeles, na cena do
crime grandes quantidades de drogas haviam sido encontradas. As vítimas
foram baleadas, esfaqueadas e espancadas até a morte, e o sangue delas
foi usado para escrever mensagens nas paredes. Em uma delas foi escrito Pigs ("porcos", em inglês). Na noite seguinte, o mesmo grupo invadiu a casa de Rosemary e Leno LaBianca, matando o casal. As mensagens escritas na parede da casa com o sangue das vítimas foram "Helter Skelter", "Death to pigs" e "Rise". Os assassinatos de Sharon Tate, seus amigos e do casal LaBianca por membros da "Família Manson" ficaram conhecidos como Caso Tate-LaBianca.
Segundo o promotor do caso, Vincent Bugliosi, os assassinatos teriam
sido planejados por Charles Manson, apesar de ele não estar presente em
nenhum dos dois casos. Bugliosi elaborou uma teoria chamada "Helter
Skelter", onde o objetivo dos assassinatos seria começar uma guerra que,
segundo ele, seria a maior já travada na Terra, denominada de "Helter
Skelter". O nome corresponde ao título de uma música dos Beatles
onde, segundo o promotor, havia uma enorme quantidade de mensagens
subliminares que influenciaram as ideias de Manson. Seria uma guerra
entre negros e brancos,
em que os brancos seriam exterminados pelos negros. Nessa teoria, o
assassinato dos famosos de Hollywood levariam a uma breve acusação de
algum negro, fazendo com que os confrontos explodissem logo. Bugliosi
afirmou que durante essa guerra, como Manson e sua "Família" eram todos
brancos, planejavam esconder-se em um poço, supostamente denominado por Manson como "poço sem fundo", em algum lugar no deserto californiano, assim que a suposta guerra começasse. Após os conflitos, Manson e sua "Família" voltariam do deserto.
Linda Kasabian,
uma das integrantes da comunidade e testemunha ocular de todos os
assassinatos, duas semanas depois dos crimes resolveu fugir e denunciar
Manson e os outros integrantes à polícia. Ela decidiu depor contra
Manson em seu julgamento em troca de imunidade oferecida pelo promotor,
Vincent Bugliosi. Ela disse não concordar com os assassinatos, apesar de
ter presenciado todos nas duas noites em que os crimes foram cometidos.
Após semanas de conversas a portas fechadas, em um acordo com o governo
da Califórnia, Kasabian recebeu imunidade no caso, um novo nome para
ela e sua filha, e uma pensão do governo por tempo indeterminado. Após a
condenação de Charles Manson, Kasabian desapareceu. Ela ressurgiu anos
depois, em meados de 1970, presa por tráfico de drogas.
Charles Manson, então com 37 anos, foi acusado de seis assassinatos e levado à Justiça, juntamente com 'Tex' Watson, Susan Atkins, Patricia Krenwinkel e Leslie Van Houten,
de 19 anos . Manson alegou não ter participação em nenhum deles. Ele
conseguiu provar isso, mas Bugliosi convenceu o juri popular que Manson
poderia ter influenciado os jovens a matar. Após o julgamento, Manson
declarou o seu ódio profundo pela Humanidade, chamando os membros de sua "Família" de rejeitados pela sociedade. A promotoria se referiu a ele como "o homem mais maligno e satânico que já caminhou na face da Terra", e o quinteto foi sentenciado à morte em 1971. Mas, com a mudança nas leis penais do estado em 1972, a pena deles foi alterada para prisão perpétua.
Vale lembrar que Charles Manson, em suas entrevistas ainda no corredor
da morte, costumava deixar claro que sabia que não iria ser executado.
Segundo ele, a sua inocência seria o suficiente para escapar da
execução.
Desde a década de 1980, Manson e alguns de seus companheiros, alguns ainda da época dos assassinatos Tate-LaBianca, mas que não tiveram envolvimento com os crimes, têm trabalhado em um projeto conjunto conhecido internacionalmente como ATWA
(do acrônimo em inglês Air, Trees, Water, Animals), uma referência ao
Ar, às Árvores, à Água e aos Animais, o sistema de suporte de vida do
planeta Terra. Manson, de dentro da Corcoran State Prison, na
Califórnia, dirige pessoalmente o movimento. Em abril de 2009, em um
processo de internacionalização do projeto, surgiu na Internet o website
ATWA Brasil, introduzindo a filosofia de ATWA em língua portuguesa e
abrindo um canal de comunicação do Brasil com Charles Manson.
A ATWA Brasil está em contato com Manson diariamente, e tem postado
cartas, vídeos e gravações de ligações telefônicas recentes em que
Charles Manson discute a questão de ATWA focando no Brasil. O movimento também convida brasileiros a integrarem "a batalha pela restauração da ordem natural".
Manson tem direito de, a cada cinco anos, ser ouvido quanto à
possibilidade de liberdade condicional. Manson nem sempre comparece às
audiências, e quando é presente, costuma ofender os oficiais da
audiência e fazer piadas sobre a formalidade do processo. Ele permanece
encarcerado na Corcoran State Prison, Califórnia, em unidade
especial de isolamento da penitenciária, onde também se encontra
cumprindo prisão perpétua o assassino do senador Robert Kennedy, Sirhan Sirhan.
Em sua última audiência, dia 11 de abril de 2012, Manson não esteve
presente. Nela, as autoridades concluíram que o criminoso era ainda
muito perigoso para obter a liberdade condicional e deram um novo prazo
para a revisão de seu caso. A próxima revisão acontecerá em 2027, quando Manson terá 92 anos.
Referências
- ↑ a b "O homem mais perigoso do mundo", David Felton e David Dalton, Rolling Stone número 19, abril de 2008, Spring Publicações, pág. 93
- ↑ ATWA Brasil - A sua conexão com ATWA e Charles Manson no Brasil.
- ↑ ATWA Brasil - "Um e Um".
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