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sábado, 31 de março de 2012

Saúde do idoso.


1. Relações familiares e laços afetivos

A maior parte da população idosa vive em núcleos familiares, partilhando da companhia de esposa (no caso dos homens idosos), filhos (idosos e idosas) e muitas vezes netos, sendo, em grande parte, responsável pelos cuidados com eles.

Participam ativa e economicamente na vida da família, sendo boa parte das vezes o chefe ou um dos principais provedores e ajudando a família, ainda que dela também dependam, sobretudo para atividades fora de casa.

Consideram as tarefas que realizam de muita responsabilidade e sentem-se satisfeitos com o grau de responsabilidade que elas lhes exigem. No entanto, suas opiniões são menos solicitadas que a dos não idosos, muito embora a freqüência com que opinam nas decisões familiares seja considerada satisfatória pela maioria.

Em geral, sentem-se à vontade com a família, sobretudo por considerá-la unida e harmônica. Metade recebe visita da família e de amigos semanalmente, enquanto a saída para visita a parentes e amigos é um pouco menos constante. A falta de regularidade de visitas de parentes ou mesmo a ausência delas é idêntica entre idosos e não idosos, e pode ser considerada baixa.

De modo geral, encontram os amigos em casa ou seus arredores (vizinhança), na igreja ou outros templos religiosos e ao saírem para outras finalidade,s como a ida a compras ou à médicos.

  • Cerca de metade dos idosos brasileiros vive com filhos(as) (54%) e esposo(a) (51%), sendo que 71% dos homens vivem com companheira, e entre as mulheres só 36%.
  • Aproximadamente um terço dos idosos vivem com netos(as) (30%) e 16% são responsáveis por sua criação.
  • Mesmo não morando com netos, é forte a participação dos idosos no cuidado destes, seja passando com eles o dia inteiro (5%), parte do dia (13%), ou os finais de semana (6%). Mais as mulheres que os homens ajudam no cuidado com os netos (47%, contra 27%), especialmente as que estão na faixa etária de 60 a 69 anos (55%). Nesta idade, uma em cada 4 mulheres cria seus netos.
  • As relações intergeracionais se estendem por todas as faixas etárias: 23% residem com crianças de até 10 anos, 25% com adolescentes e jovens de 10 a 20 anos, 27% com pessoas de 20 a 30 anos a 25% com pessoas de 30 a 40 anos.
  • Vivem sozinhos 15% dos idosos, proporção cinco vezes maior quer entre os não idosos (3%).
  • A grande maioria dos idosos (88%) contribui para a renda familiar, muitas vezes como o principal provedor da família. A contribuição na renda familiar é quase unânime entre os homens idosos (95%) e entre as mulheres, cresce à medida que aumenta a faixa etária (de 78% entre as que têm entre 60 e 69 anos a 92% entre as com 80 anos ou mais).
  • A autonomia dos idosos, considerados como chefes das famílias onde habitam, se revela entre 71% dos idosos e 21% consideram como chefe o marido ou esposa. Apenas 7% atribuem a chefia da família a algum filho e 3% ao genro ou nora, tendência maior entre as mulheres.
  • Quase quatro em cada 10 idosos (38%) tem no(a) esposo(a) a pessoa mais próxima e que lhe mais dá atenção, 27% tem um filho(a) como cuidador e 14% reconhecem algum não morador do domicílio como a pessoa que mais lhe dá atenção. Já os(as) netos(as) têm participação pouco efetiva no cuidados com os idosos (4%).
  • Ter o cônjuge como pessoa mais próxima é mais freqüente entre os homens (58%) que entre as mulheres, estas apenas 24% tem no esposo a pessoa que lhe dá mais atenção. Por outro lado, os(as) filhos(as) dão mais atenção às mulheres idosas (36%, contra 15% entre os homens) e tendem a ter maior participação quanto mais velhos ficam os pais.
  • Ter como cuidador uma pessoa que não resida na casa ocorre principalmente entre as mulheres e tende a aumentar, conforme aumenta a idade (de 12% a 22%).
  • A maior parte dos idosos (77%) se sente a vontade em relação à sua família, o que se deve principalmente ao tipo de relação que mantém (77%), pautada na união e harmonia (58), liberdade (16%), afeto (14%) e respeito (11%).
  • Uma parcela de 22%, no entanto, não se sente totalmente à vontade com suas famílias, apontando razões opostas para esta sensação, ou seja, sentem que a família é desarmônica (10%), com muitos desentendimentos (5%) ou ausência de contato (2%); outros avaliam que não têm liberdade (6%), ou são tratados com desrespeito (1%) ou sem afeto (1%).
  • Indagados sobre coisas que fazem sozinhos ou precisam de ajuda, observa-se que as tarefas para as quais os idosos mais precisam de ajuda são consertos e reparos domésticos (45%), limpeza e lavagem de roupa (43%, ambas), e cozinhar (33%), tarefas que fazem parte da rotina e da distribuição do trabalho doméstico doméstica – para as quais outros moradores, portanto, também recebem ajuda.
  • Para tarefas que envolvem sair de casa, tais como fazer ou carregar compras, resolver problemas fora de casa ou ir ao médico, 39%, 24% e 28% dos idosos, respectivamente, costumam receber a ajuda de alguém para fazê-las.
  • Para tarefas de caráter mais pessoal a necessidade de ajuda por parte dos idosos é mínima: apenas 9% precisam de ajuda para tomar remédios, 6% para locomover-se e 3% para vestir-se; 2% necessitam de ajuda para se alimentar, fazer higiene pessoal, ir ao sanitário ou levantar-se da cama ou cadeiras.
  • Um terço dos entrevistados (32%) precisa de ajuda financeira para manter-se, mas este é também a ajuda que os idosos mais oferecem, uma vez que 29% ajudam na manutenção financeira de outras pessoas.
  • Ajudar na limpeza doméstica e acompanhar pessoas ao médico, são tarefas em que os idosos mais auxiliam a outros (12%, ambas), além de 11% que ajudam no preparo de comidas, 8% ajudam a lavar roupas e 7% a fazer consertos e reparos domésticos, assim como a fazer ou carregar compras e ainda 6% costumam ajudar outras pessoas indo resolver problemas fora de casa.
  • Nas tarefas de caráter mais pessoal os idosos ajudam mais do que são ajudados, como dar remédios a outros residentes do domicílio (10%), ajudar na locomoção (6%), ajudar a vestir, alimentar e levantar alguém de camas ou cadeiras (5% cada), fazer higiene pessoal e levar ao sanitário (4%).
  • Entre os idosos dois terços consideram de muita responsabilidade as atividades que desenvolvem (66%), 8% nem muita nem pouca, 21% acham que suas atividades são de pouca responsabilidade e 5% não acham que têm responsabilidade. De modo geral, a maioria (83%) está satisfeita com o grau de responsabilidade que têm com as atividades que pratica.
  • A participação nas decisões familiares é freqüente a três quartos da população adulta não idosa, com 44% sendo consultados sempre e 31% de vez em quando. Entre os idosos, a consulta da família às suas opiniões é ligeiramente menos freqüente, com 39% consultados sempre e 30% de vez em quando. 18% não participam das decisões da família, incidência duas vezes maior que entre não idosos (9%).
  • De modo geral, tanto idosos quanto não idosos consideram boa a freqüência com que são consultados nas decisões familiares (75%, ambos). 16% entre os não idosos e 12% entre os idosos estão insatisfeitos com essa freqüência.
  • Metade da população adulta brasileira recebe visita da família ao menos uma vez por semana (49%, ambos). Entre os idosos 18% são visitados todos os dias, enquanto 15% dos não idosos recebem visitas diárias. A falta de regularidade de visitas ou mesmo a ausência delas são idênticas entre idosos e não idosos (17%).
  • A saída para visita a parentes é mais constante entre não idosos que entre os idosos – pouco mais de um terço (36%) visitam parentes ao menos uma vez por semana, enquanto 24% dos idosos possuem esta mesma freqüência. Por outro lado, um terço dos idosos (33%) não tem freqüência regular ou não visitam parentes, enquanto 22% dos não idosos agem desta forma.
  • Metade dos idosos recebe visitas semanais de amigos, enquanto entre os não idosos chega a aproximadamente dois terços (62%) – 17% dos idosos recebem visita de amigos diariamente e um terço (33%) ao menos 1 vez por semana, enquanto entre os não idosos 1 em cada 4 são visitados por amigos diariamente e 37% ao menos uma vez por semana.
  • A freqüência de saída para visita a amigos também varia entre idosos e não idosos. Cerca de um terço dos idosos (30%) tem o hábito de ir à casa de amigos ao menos uma vez por semana, enquanto metade dos não idosos fazem visita a amigos com essa freqüência. Da mesma forma, 45% dos idosos não costumam visitar amigos ou não tem freqüência regular para fazê-lo, enquanto só 23% dos não idosos não cultivam essa prática.
  • Cerca de metade dos idosos (55%) costuma encontrar os amigos em casa, visitando ou sendo visitados, ou em seus arredores, na rua, na calçada, perto de casa (41%). Mais de um terço (37%) tem nas igrejas ou templos religiosos o local de sua socialização (sobretudo as idosas), outros 19% os encontram casualmente quando vão às compras. Ir ao médico ou postos de saúde, praças, bares, clubes ou bailes, grupos de convivência e bingos são outros pontos de encontro, ou ainda, mesmo que não os procure, os idosos encontram amigos em meios de transporte e filas.

2. Instituições de longa permanência
Uma pequena parte da população brasileira tem vínculos com pessoas que estão em instituições de longa permanência, muito embora cerca de metade já tenha visitado alguma e saiba que existem instituições tanto públicas quanto particulares.

A possibilidade de poder vir a morar em uma instituição, se necessário, é algo já pensado e possível para quase dois terços dos idosos, se não houver outra opção.

A praticidade e funcionalidade das instituições, como não ter que se preocupar com os afazeres e horários são os aspectos mais positivos vistos nas instituições, porém essa mesma perda do controle sobre sua rotina é um dos aspectos que mais desagrada.

Por outro lado, a presença constante de companhia, não se sentir um incômodo para a família e ter profissionais adequados para cuidá-los são outros atrativos das instituições, mas “o problema é que as boas são muito caras”.

O que mais pesa negativamente na imagem que os idosos fazem das instituições de longa permanência é a presença de pessoas com problemas mentais, serem tratados como crianças e a sensação de que, ao entrarem, nunca mais sairão – perspectiva que se agrava associada à possibilidade de rompimento dos vínculos afetivos, a perda do contato com a família e com os amigos, visitas pouco freqüentes e a impossibilidade de passarem o dia fora quando quiserem.

A imagem de descuido causada por más condições de higiene e mal trato não são muito associadas às instituições, mas os idosos acreditam que as instituições ficariam com seu dinheiro.

  • Apenas 11% da população brasileira têm parente ou amigo que vive em casas de longa permanência. Entre os idosos, este índice sobe para 15%.
  • Embora o vínculo com pessoas que asiladas seja baixo, 46% dos idosos já visitou alguma instituição deste tipo.
  • Mais da metade da população brasileira adulta (57%) sabe que existem tanto instituições públicas como particulares para receber idosos, 20% acham que só existem instituições públicas e 11%, só particulares.
  • Quando aventada a possibilidade de, se preciso, morar em uma instituição para idosos, 39% dos idosos aderem com certeza e 22% talvez, enquanto entre os não idosos 46% afirmam que, se necessário, com certeza morariam e 24% talvez. Assim, entre os idosos 61% poderiam vir a morar em uma instituição de longa permanência, caso fosse necessário.
  • No entanto, a aceitação à possibilidade de morar em uma instituição de longa permanência é vista antes como decorrência da ausência de outra alternativa, pela eventual ausência de familiares e o risco de ficar na rua.
  • Para não incomodar os outros são razões que, para 16% dos idosos, justificam a possibilidade de morar numa instituição. Razões associadas à dependência, ou por não ter quem cuide ou para não depender de ninguém, são as causas de 12%.
  • Um índice menor remete a possibilidade de que morar em uma instituição pode oferecer maior bem estar, por ter tratamento adequado (8%, idosos e 10%, entre não idosos) e companhia (9%, ambos os públicos).
  • Por outro lado, as relações familiares são as razões mais mencionadas para não morar em uma instituição de longa permanência, devido ao fato de terem uma família e esta não permitir, a falta que sentiriam da família e para não ficarem esquecidos (23% entre os idosos e 15%, entre não idosos).
  • A imagem negativa das instituições, associada à idéia de tratamento inadequado, a um ambiente associado a tristeza ou à falta de higiene e a falta de companhia, ou ainda a convivência com estranhos, são outros fatores que afastam a disposição dos idosos de morarem em uma delas.
  • Para melhor conhecer o imaginário dos idosos sobre as instituições de longa permanência, algumas frases do senso comum, de caráter positivo e negativo, foram avaliadas medindo o grau de concordância dos entrevistados com as mesmas.
  • Frases de caráter positivo receberam maior concordância, ressaltando a praticidade e funcionalidade das instituições tais como “os idosos não têm que se preocupar com comida e afazeres domésticos” (79%) e “tem quem controle o horário dos remédios” (76%).
  • A mudança no hábito de vida, marcada pelo fato de “ter horário pra tudo e não poder ter sua própria rotina” é verdade para 71%, 68% concordam que “lá nunca estão sozinhos, tem companhia o tempo todo” e que “nas instituições o idoso deixa de ser um incômodo para a família”.. Dois terços dos idosos (66%) também concordam que nas instituições “têm profissionais adequados para tratar dos idosos”. Mas “o problema das instituições é que as boas são muito caras”.
  • Idéias de caráter negativo como as de que nas instituições para idosos “há muitas pessoas com problemas mentais” recebem a concordância de 63% e pouco mais da metade concorda que “nas instituições tratam o idosos como crianças” e que “depois que o idoso entra numa instituição nunca mais sai” (56%, ambas), além do fato de que “o problema das instituições é que elas ficam com o dinheiro do idoso” (54%).
  • Frases que ressaltam aspectos relacionados à perda de vínculos afetivos como “o idoso perde o contato com a família e os amigos”, “o regime de visitas nas instituições para idosos é pouco freqüente” e “o idoso não pode passear ou passar o dia fora” recebem a concordância de pouco mais que metade dos idosos.
  • As frases que mereceram menor concordância foram “as instituições para idosos não têm boas condições de higiene (41%), “nas instituições para idosos a família pode vir a hora que quiser” (37%) e “nas instituições os idosos são mal tratados” (30%).
3 Percepções da morte
A maioria da população brasileira declara não ter medo da morte, ainda mais os idosos, sobretudo por considerarem que está no campo das coisas inevitáveis, sobre as quais não se tem domínio, ou simplesmente por entendê-la como parte da vida. Alguns justificam também ser essa a vontade de Deus ou a apenas a passagem para uma próxima vida.

O medo da morte, entre os que admitem possuí-lo, está mais relacionado ao apego à família, ao sentimento de que ainda há muita coisa para ser vivida, ou mesmo ao medo do desconhecido.

O medo de dar trabalho aos outros chega a ser maior que o de sofrer e sentir dor, embora muito próximos, e principalmente para os idosos, o medo do abandono se explicita por meio da concordância com a frase “não tenho medo da morte, mas não gostaria de estar sozinho quando a morte chegar”.

Para cerca de metade dos idosos, o que assusta é a morte de conhecidos, que os faz sentir cada vez mais sozinhos. Já a visão do mistério e da desesperança, embora menos comuns, afetam ao menos um terço dos idosos.
  • A maior parte dos entrevistados não tem medo da morte, atitude que se destaca entre os idosos (81%, contra 74% entre os não idosos). Apenas 18% dos idosos têm medo da morte.
  • As principais razões apontadas para não se temer a morte se devem à falta de domínio sobre ela, apontada por 55% dos idosos e 54% dos não idosos, ou seja, ela é inevitável, faz parte da vida. Outras justificativas para não temer a morte que se baseiam na vontade e determinação de Deus e passagem para a próxima vida, citada por 21% dos idosos e 19% entre não idosos.
  • Os que admitem o medo da morte (18% entre idosos e 24% não idosos), a temem principalmente por deixarem suas famílias (menos entre os idosos, 5%, contra 11% entre os não idosos), ou porque sentem que ainda têm muita coisa para viver (opinião de 3% dos idosos, contra 7%, entre não idosos), enquanto o medo do desconhecido trazido pela morte é igualmente citado entre idosos e não idosos (6%).
  • Entre 11 frases de senso comum sobre a morte, a que obteve maior concordância (85%) foi “A morte não me assusta, pois faz parte da vida”, mais aceita entre os idosos (90%, contra 84% entre os não idosos).
  • Outra idéia fortemente presente é “o que mais preocupa com a morte são as pessoas que irei deixar”, embora um pouco menos incidente entre os idosos (78%), que entre os não idosos (83%).
  • A frase “não tenho medo da morte, mas de viver dando trabalho para os outros” reflete a opinião de 89% dos idosos e 80% da população não idosa, enquanto a frase “não estou preparado para a morte, pois ainda quero realizar muitas coisas”, é mais comum aos não idosos (80%, contra 66% entre os idosos).
  • Não é da morte que têm medo, mas sim de sofrer ou sentir dor” é uma afirmação com a qual 87% dos idosos e 75% dos não idosos estão de acordo.
  • Uma visão espiritualista, como a de que “a morte é só uma passagem para outra vida” é compartilhada por 80% dos idosos e 71% dos não idosos, enquanto “a morte não me assusta, mas tenho pena de deixar a vida” obtém concordância de 63% e 64%, respectivamente. Já a associação da morte ao abandono, ou a necessidade do testemunho, expressa pela frase “não tenho medo da morte, mas não gostaria de estar sozinho quando a morte chegar” é opinião mais incisiva entre os idosos (75%, contra 59% dos não idosos).
  • Cerca de metade dos idosos (53%) concordam que “a morte dos outros assusta, porque estou ficando cada vez mais sozinho”; opinião não mensurada entre os não idosos.
Apenas a minoria (38%) concorda que “a morte assusta, porque não sabe o que vem depois”, opinião também mais presente entre os idosos (42%). Para um terço dos idosos (33%), no entanto, “a morte é tudo o que espero”, opinião compartilhada por apenas 10% dos não idosos.

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