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sexta-feira, 30 de março de 2012

Teste de Rorschach

Hermann Rorschach nasceu em Zurique, Suíça, em 08 de novembro de 1884. Rorschach possuía uma incrível facilidade no aprendizado de línguas, além de reunir a formação científica à cultura humanista, interessava-se por literatura e artes, porém formou-se em medicina. Em 1912 apresenta sua tese em medicina, tendo como tema: "As alucinações reflexas e fenômenos associados. No ano de 1911 inicia seus estudos e pesquisas com manchas de tinta; contudo sua preocupação era mais ampla que o simples estudo da imaginação e fantasia, desejando obter um método de investigação da personalidade, situando a interpretação das manchas de tinta no campo da percepção e apercepção.
          Em 1914, faz especialização em psiquiatria na Universidade de Zurique. Influenciado pela escola psicanalítica, Rorschach, juntamente com Zulliger, Ben-Eschenburger, Oberholzer, Biswanger e outros colegas, fundou a Sociedade de psicanálise de Zurique. Como médico psiquiatra, trabalhou em diversos hospitais . O trabalho desenvolvido por Symon Hens, em 1917, foi que mais influenciou Rorschach. Hens usou 8 cartões com manchas de tintas não coloridas, investigando o conteúdo das respostas dadas por crianças, adultos normais e psicóticos. A partir de então, no ano seguinte, Hermann Rorschach cria 15 pranchas, sendo algumas em preto, outras em preto e vermelho, e ainda outras coloridas. Passa a experimentá-las em seus pacientes no Hospital de Herisau, também em enfermeiras, estudantes de Medicina, crianças e outras pessoas. Rorschach envia suas pranchas para uma editora, para que pudessem ser impressas em série, porém, por exigência do editor, suas pranchas são reduzidas a 10.
          Em junho de 1921, contando com o auxílio e empenho do amigo Morgenthaler, publica o livro "Psicodiagnóstico", contendo as conclusões de seus estudos e experimentos com as pranchas por ele elaboradas.
          Hermann Rorschach vem a falecer brusca e abruptamente aos 38 anos de peritonite aguda, logo após a redação de seu trabalho. Sua morte prematura interrompeu seus estudos com relação a técnica "Psicodiagnóstico". O Método de Rorschach permaneceu restrito a um pequeno círculo de amigos e seguidores, na Suíça. Apenas cerca de dez anos após sua morte, o Psicodiagnóstico começou a se expandir e a ser efetivamente reconhecido na Europa e Estados Unidos. Em 1939 foi criado o Rorschach Institute e, quatro anos depois foi realizado o 1º Congresso de Rorschach. Em 1949 foi fundada a Sociedade internacional de Rorschach.
O Teste de Rorschach
           O Teste de Rorschach, elaborado por Hermann Rorschach em 1921, consiste de 10 lâminas com borrões de tinta que obedecem a características específicas quanto à proporção, angularidade, luminosidade, equilíbrio espacial, cores e pregnância formal. Estas características facilitam a rápida associação, intencional ou involuntária, com imagens mentais que, por sua vez, fazem parte de um complexo de representações que envolvem idéias ou afetos, mobilizando a memória de trabalho.
           A aplicação do Teste de Rorschach é feito individualmente, não havendo aplicação em grupo. Na aplicação, as lâminas são apresentadas uma de cada vez, sendo solicitado ao examinando que diga com o que acredita serem parecidos os borrões de tinta. Diante deste convite à contemplação e associação aos borrões impressos nas pranchas, hipóteses de respostas são ativadas, colocando à prova as funções psíquicas de percepção, atenção, julgamento crítico, simbolização e linguagem. Concomitantemente à execução destas funções psíquicas na avaliação das hipóteses frente às manchas, os processos psíquicos afetivo-emocionais, motores-conativos e os cognitivos concorrem para a formulação final da resposta. As respostas ao Rorschach, portanto, revelam o status da representação da realidade em cada indivíduo, trazendo dados a respeito do desenvolvimento psíquico, das funções e sistemas cerebrais, dos recursos intelectuais envolvidos na construção das diferentes imagens, das articulações intrapsíquicas e da natureza das relações interpessoais.
           Como o Teste de Rorschach avalia a dinâmica de personalidade particular a cada pessoa, não se deseja, a partir de seus dados, atribuir um diagnóstico psiquiátrico. Pretende-se, no entanto, contextualizar os distúrbios psíquicos, compreender o valor e o significado de um sintoma clínico e orientar para o tratamento mais adequado.
          O Teste de Rorschach pode ser aplicado: - em qualquer pessoa (desde que tenha condições de se expressar verbalmente e que tenha suficiente acuidade visual), de qualquer faixa etária e qualquer nível sócio-econômico-cultural. Como o propósito do exame é verificar a estrutura e a dinâmica da personalidade de cada examinando em particular, indicando não só as dificuldades, mas também os recursos positivos, não existem respostas certas ou erradas, pois as pessoas são diferentes e emitem respostas diferentes. Neste sentido, qualquer tentativa do examinando de conduzir suas respostas de acordo com manuais ou orientações externas está fadada ao fracasso, invalidando a aplicação da Teste. Trata-se de um instrumento muito sensível às nuances da personalidade refletindo, claramente, os esforços de manipulação, dissimulação ou controle da situação de aplicação.
     - em vários campos, tais como na pesquisa, na clínica, em avaliações neuropsicológicas, em orientações vocacionais, nas áreas organizacional, jurídica ou educacional. Convém ressaltar que o Teste de Rorschach é um instrumento de personalidade que permite avaliar uma gama ampla e profunda quer das características pessoais, quer da economia emocional do examinando. Desta forma, uma vez que o psicólogo tenha propriedade das indicações, contra-indicações e dos processos psíquicos mobilizados durante o exame, sua aplicabilidade depende das circunstâncias externas e da criatividade e profissionalismo do especialista em Rorschach. Neste sentido, há um "sem fim" de campos dentro dos quais o Teste de Rorschach pode alcançar sua aplicabilidade.
        - Na pesquisa, o Rorschach revela uma impressionante precisão e sensibilidade à elaboração das estratégias de investigação. Na prática comum, na área clínica, o Teste de Rorschach tem se mostrado muito fecundo para a avaliação do paciente em casos em que urge um pronto e preciso referencial técnico, como podem ser, por exemplo, os casos de questões ligadas à necessidade de indicação medicamentosa ou de algum específico aconselhamento familiar. Muitas vezes, a Teste é utilizado apenas como norteador da técnica mais apropriada de atendimento.
          - Em neuropsicologia, o Rorschach permite a elucidação de questões práticas ligadas aos processos psíquicos superiores e suas relações com os sistemas cerebrais, ampliando ou justificando a melhor opção quanto aos demais testes neuropsicológicos.
          - Na orientação vocacional, revela as motivações inconscientes em conflito, esclarecendo a natureza das dificuldades que estão implicadas na escolha profissional.
          - Na antropologia, é utilizada como instrumento para a visualização e compreensão das formas de visão da realidade em diferentes culturas.
          - Na área organizacional, o Teste de Rorschach tem sido muito usada para seleção de pessoal, recolocação, desenvolvimento de competência e habilidades e orientação profissional.
          - Na área jurídica, esta Teste tem se tornado cada vez mais um instrumento de auxílio nas decisões dos juízes, na orientação dos advogados, no trabalho pericial ou naquele do assistente técnico, quer nas Varas da Infância e Juventude, da Família e Sucessões, na Criminal ou na Cível.
          - No âmbito educacional, o Teste de Rorschach aponta para a qualidade dos processos evolutivos da integração da criança com a realidade, sublinhando as principais defesas e dificuldades, fornecendo as diretrizes a serem tomadas pelos educadores. Cumpre lembrar novamente que é impossível traçar todas as possibilidades de utilização deste instrumento de diagnóstico da personalidade da mesma maneira que se mostram ilimitados os caminhos que a natureza humana encontra para sua expressão.

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