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quinta-feira, 15 de março de 2012

UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A SEXUALIDADE E FASES PSICOSSEXUAIS.

Até o final do século passado havia a noção de que o sexo era um instinto que despertava com a puberdade e tinha como objetivo a reprodução. O sexo era entendido em termos da sexualidade genital do adulto. A sexualidade infantil era negada ou considerada como anomalia.
No início do século, as postulações revolucionárias de Freud situam a sexualidade na infância e no inconsciente, ampliando o conceito do termo “sexual”, que deixa de ser sinônimo de “genital”. Essa visão ampliada foi exposta em 1905 nos “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”. O termo “sexual”, aparece ligado a um conjunto de atividades não restritas aos órgãos genitais, que começa na infância e não na puberdade, e cuja finalidade é o prazer e não apenas a reprodução. Essas postulações de Freud suscitaram naturalmente numerosas discussões que foram permitindo uma visão nova sobre a sexualidade humana, que começou a ser vista com menos preconceito.
O conceito de normalidade sexual tende a ser considerado como tudo o que é praticado por adultos legalmente capazes, com o consentimento dos parceiros e que não implique lesão física de nenhum dos participantes.
A excitação caracteriza-se essencialmente pela ereção do homem e a lubrificação vaginal na mulher, que se verifica a partir de atividades ou pensamentos estimulantes. O platô, é o estágio de grande excitação e tensão sexual que precede imediatamente o orgasmo. A ereção é completada por vasocongestão do corpo cavernoso do pênis, que aumenta de tamanho e de diâmetro. Nas mulheres há ereção dos mamilos e do clitóris. Essas transformações são acompanhadas de sensação de prazer. O orgasmo é a ejaculação com contrações do cordão espermático, das vesículas seminais, da próstata e da uretra no homem, e contrações vaginais e uterinas na mulher. A fase de resolução é a involução gradativa da ereção, com a volta ao tamanho habitual do pênis e do clitóris em razão da perda da vasocongestão; sensação de relaxamento e bem-estar dos parceiros. Durante essa fase, os homens ficam refratários a novos orgasmos por período que aumenta com a idade. As mulheres são capazes de outros orgasmos, logo em seguida.
Freud
(1905/1972) reconstruiu, a partir dos tratamentos de seus pacientes, das observações diretas realizadas por pediatras e por ele próprio e as descrições publicadas de quadros psicopatológicos e de povos primitivos, as diversas fases pelas quais passaria o indivíduo, desde seu nascimento; elaborou a teoria da progressão da libido, do estágio oral para o anal e para o genital com a conseqüente reorganização seqüencial do impulso e da natureza do Id. Erikson (1976) estabeleceu que o indivíduo passa da confiança para a autonomia e para a atividade, através da reorganização seqüencial do Ego e das estruturas de caráter. Spitz (1979) referiu-se aos princípios organizadores que levam a sucessivas restruturações dos precursores do Ego. Mahler (1993) concluiu que o indivíduo vai do autismo normal para a simbiose normal e para a separação-individuação, noção que depois abandonou face à observação empírica contraditória; haveria restruturação do Ego e do Id, mas nos termos da experiência e do eu-e-outro do bebê.
Klein (1974) descreve as posições esquizo-paranóide e depressiva, que levam à restruturação da experiência de eu e outro. Stern (1992) pensa que sua abordagem se aproxima mais às duas últimas, já que a preocupação central é com a experiência de eu-e-outro do bebê, diferindo, entretanto, quanto ao que se considera ser a natureza dessa experiência: a ordem de seqüência do desenvolvimento do senso de self, livre dos obstáculos e das confusões trazidas pelas questões do desenvolvimento do Ego ou do Id.
Todas as teorias psicanalíticas compartilham outra premissa: o desenvolvimento progride de um estágio para o seguinte, sendo cada estágio não apenas uma fase específica para o desenvolvimento do Ego ou do Id, mas também específica para certas questões protoclínicas. As fases do desenvolvimento se referem a um tipo específico de questão clínica que se verá desenvolvendo patologias em etapas posteriores da vida (Stern, 1992). Dois autores citados por Stern (1992), Peterfreund e Klein, criticam este ponto, afirmando que se trata de uma teoria do desenvolvimento que, além de ser retrospectiva, ou seja, descreve por uma reconstrução do passado a partir de estruturas mais evoluídas, traduz-se pela morfologia da patologia.


3- FASES DO DESENVOLVIMENTO SEXUAL (FASES PSICOSSEXUAIS).
Freud foi o primeiro a nos fornecer um quadro claro da grande importância que tem, para nossa vida e desenvolvimento psíquicos e sexuais, a relação com outras pessoas. A primeira delas é naturalmente, a relação da criança com os pais, relação esta que, a princípio, na maior parte dos casos se restringe principalmente à mãe ou à sua substituta. Um pouco mais tarde surge a relação com os irmãos, ou outros companheiros próximos, e o pai.
Freud assinalou que as pessoas às quais a criança se apega em seus primeiros anos ocupam uma posição central em sua vida psíquica que é singular no que concerne a sua influência. Isto é exato, quer o apego da criança a essas pessoas seja por laços de amor, de ódio, ou ambos, sendo o último caso o mais comum.
Nos estágios iniciais da vida, a criança não percebe os objetos como tais e só gradativamente, ao longo dos primeiros meses de seu desenvolvimento, aprende a distinguir sua própria pessoa dos objetos. Também entre os objetos mais importantes da infância, se incluem as várias partes do próprio corpo da criança, isto é, seus dedos, artelhos e boca. Todos eles são importantes como fonte de gratificação, razão pela qual admitimos que sejam altamente catexizados pela libido. Para sermos mais precisos, deveríamos dizer que os representantes psíquicos dessas partes do corpo da criança são altamente catexizados, já que não mais acreditamos, que a libido seja como um hormônio que se pode transmitir a qualquer parte do corpo e lá se fixar. A este estado de libido autodirigida Freud (1914) denominou de narcisismo, segundo a lenda grega do jovem Narciso, que se enamorou de si mesmo.
Os primeiro objetos da criança são chamados de objetos parciais. Com isto significamos, por exemplo, que só depois de muito tempo a mãe existe para a criança como um objeto total. Antes disso, seu seio, ou a mamadeira, sua mão, seu rosto, etc., consistiam, cada um, objetos separados na vida mental da criança, e pode bem ser que mesmo aspectos diferentes do que fisicamente constitui um único objeto seja também, para a criança, objetos distintos, e não unidos ou relacionados.
Só se desenvolve uma relação de objeto contínua na última parte do primeiro ano de vida. Uma das características importantes dessas primeiras relações de objeto é seu alto grau do que chamamos ambivalência. Quer dizer, sentimentos de amor podem alternar em igual intensidade com sentimentos de ódio, segundo as circunstâncias.
As primeiras fases das relações de objeto são comumente designadas como relações de objeto pré-genitais, ou, às vezes, mais especificamente como relações de objeto anais ou orais. O emprego habitual da palavra “pré-genital” neste sentido é incorreto. O termo apropriado seria “pré-fálico”. De qualquer modo, na literatura psicanalítica, as relações de objeto da criança denomina-se comumente, conforme a zona erógena que, no momento, esteja desempenhando o papel mais importante na vida libidinal da criança.
As características da sexualidade infantil, polimorfa e perversa, Freud bem as descreveu em “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”. A sexualidade infantil difere da do adulto em diversos aspectos. A diferença que mais impressiona situa-se no fato da maior excitação não se localizar, necessariamente, nos genitais, mas no fato de que os genitais, a bem dizer, desempenham a parte de “primus inter pares” entre muitas zonas erógenas. Também diferem os objetivos: não levam, necessariamente, ao contato sexual, mas alonga-se em atividades que vêm a desempenhar papel, futuramente, no pré-prazer. A sexualidade infantil pode ser ato-erótica, ou seja, tomar para objeto o próprio corpo ou partes deste. Os componentes que se dirigem para os objetos portam traços arcaicos (objetivos de incorporação, ambivalência). Quando um instinto parcial é bloqueado, reforçam-se, correspondentemente, instintos parciais “colaterais”.
A criança pequena é uma criatura instintiva, cheia de impulsos sexual perversos polimorfo, cheio de uma sexualidade total ainda indiferenciada, a qual contém num só todos os instintos parciais.
Freud sugeriu que se distinguissem dois tipos de excitação : uma que é evocada por estímulos externos, preceptivos, descontínuos; outra que resulta de estímulos instintivos contínuos, dentro do organismo. A assertiva deve, contudo, ser considerada com mais pormenores. Toda a percepção, todos os estímulos sensoriais, quer se originem fora, quer se originem dentro do organismo, têm “caráter provocativo”, isto é, provocam certo impulso à ação.
O papel excepcional que o deslocamento da energia dá aos instintos sexuais foi o ponto de que Freud partiu na sua primeira classificação dos instintos, pelo fato de haver notado que os neuróticos se sentiam mal porque reprimiam certas experiências e porque estas experiências sempre representavam desejos sexuais. As forças que combatiam os desejos sexuais eram a angustia, os sentimentos de culpa, ou idéias éticos e estéticos da personalidade; forças estas contra-sexuais que se podiam sumarizar como “instintos do ego”, vestem servirem a auto-conservação.
Existe a formação de um conflito estrutural onde o ego rejeita, certas exigências do id; e, com base no conceito de ser o ego uma camada superficial diferenciada do id, já não se pode sustentar a esperança de que o ego abrigue, inatamente, outros instintos que não estejam presentes no id. Ainda que as energias instintivas sejam tratadas no ego de modo diverso do que o são no id, há de admitir-se que o ego deriva a sua energia do id, não contendo, primariamente, outros tipos de instintos.
Embora as fases estejam distintamente descritas, é um engano imaginar que elas ocorram absolutamente isoladas, pois elas podem se sobrepor, ocorrerem paralelamente ou coincidir, assim como jamais serão completadas superadas, sendo observado na fase adulta, comportamento que comprova a existência das fases da sexualidade infantil, o que na maioria dos casos ocorre nas neuroses.
Pode-se dividir a sexualidade pré-adulta, de modo geral, em três períodos principais: o período infantil, o período de latência e a puberdade. Hoje em dia se conhece muito bem o começo e o fim do período infantil, ao passo que aquilo situado no meio ainda requer muita pesquisa; possivelmente neste período intermediário, ocorrem variações acidentais mais importantes que as que se dão nas fases inicial e terminal.
FONTE: http://www.psiqweb.com.br/ (acessado  em 20 de fevereiro de 2010).

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