O que é o desejo sexual hipoativo?
O desejo sexual hipoativo é uma
diminuição ou ausência de fantasias sexuais que geralmente, leva a
pessoa a deixar de desejar ou querer ter relações sexuais; causando
acentuado sofrimento que geralmente a conduz para dificuldades no âmbito
do relacionamento afetivo, vida profissional e social.
O baixo desejo sexual, pode
ocorrer em todas as situações e formas de expressão sexual, ou
ocorrer apenas na presença de determinadas situações como por exemplo:
com um parceiro específico, ou uma atividade sexual específica ( ex:
pode ocorrer na relação sexual, mas não na prática da masturbação).
Um desejo sexual reduzido
freqüentemente está associado com problemas de excitação sexual ou com
dificuldades para atingir o orgasmo. Não é incomum que pessoas com
freqüentes queixas relacionadas ao desejo, usarem a inibição do desejo
como uma forma defensiva, a fim de se protegerem contra temores
relacionados ao sexo.
Quais as causas?
A auto-estima adequada, boas
experiências anteriores com o sexo, a disponibilidade de um parceiro
apropriado e um bom relacionamento em áreas não sexuais com o parceiro,
são fatores importantes para a adequada qualidade de vida sexual. Danos
em qualquer um desses fatores podem resultar em uma diminuição do
desejo, e conseqüentemente, representarem uma fonte de sofrimento para
os indivíduos.
Vários fatores podem estar presentes como causa do desejo sexual hipoativo, entre eles:
Fatores orgânicos (ex: diminuição da testosterona, dor durante o ato sexual, lesões nas genitálias, etc.);
Fatores farmacológicos: (ex: uso de determinados medicamentos como: anti-hipertensivos, antidepressivos,
drogas de abuso entre outros que podem concorrer para a baixa libido);
Fatores Psicológicos: (ex., depressão, estresse acentuado, medos e inseguranças);
Fatores relacionais e culturais:
(Situações traumáticas de abuso sexual, educação muito rígida, falsos
mitos sobre a sexualidade, culpa, comportamento sedutor por parte dos
pais, conflitos conjugais, gravidez,também podem estar implicados em alguns casos.);
Outros fatores, como a condição
médica geral do individuo, podem ter efeito prejudicial e inespecífico
sobre o desejo sexual; fraqueza, dores, problemas com a imagem
corporal, preocupações diversas com a sobrevivência ( finanças,
desemprego), relacionamentos afetivos problemáticos.
A Abstinência sexual por períodos prolongados também pode ocasionar supressão do impulso sexual.
Dificuldades ou deterioração do relacionamento são outros fatores que podem levar a perda do desejo sexual.
Também não é incomum ocorrer uma
disfunção sexual de desejo hipoativo por fatores combinados, ou seja,
onde o transtorno do desejo não se deve exclusivamente a fatores
orgânicos, fisiológicos, ou induzidos por substâncias, ou por fatores
psicogênicos e sim por uma combinação destes.
Quais os sinais do desejo sexual hipoativo?
Um dos primeiros sinais é a diminuição (ou ausência) persistente ou recorrente de fantasias ou desejo de ter relação sexual. O indivíduo promove pouca energia para a busca de estímulos e
sente-se frustrado quando privado da expressão sexual.
Indivíduos com transtorno do
desejo hipoativo podem ter dificuldades para desenvolver relacionamentos
sexuais estáveis com maior freqüência e têm maior probabilidade
de sentirem-se insatisfeito e romperem relações afetivas e conjugais.
Cabe ao profissional especializado
o julgamento sobre a diminuição ou ausência de desejo, levando em
consideração fatores que afetam o funcionamento sexual, tais como:
idade e contexto de vida do indivíduo dentre outros.
Qual a incidência entre homens e mulheres?
Segundo estudos populacionais, 15%
da população masculina apresentam diminuição do desejo, sendo que se
observou uma maior incidência em homens com idades mais avançadas. Entre
as mulheres, os estudos revelaram uma alta incidência, em torno de
26%. Essa porcentagem aumenta nas mulheres cirurgicamente menopausadas, e
no geral, observou-se uma maior incidência na população masculina do
que na feminina.
Quando procurar ajuda especializada?
Toda alteração na expressão da
sexualidade desviante ( fora do considerado “Normal”) e que leve a
pessoa a um sofrimento qualquer e/ou dificuldades na relação afetiva,
deve ser investigado por um profissional especializado.
Como a parceira ou parceiro podem ajudar?
Como forma de solução desse
problema, é fundamental manter um diálogo franco e aberto com o parceiro
(a), sem preocupar-se em obter soluções rápidas e milagrosas.
É importante também deixar o
estresse e as preocupações em segundo plano, permitindo-se ter momentos
de intimidade com o (a) parceiro(a), sem interferência do meio externo.
É importante adotar uma atitude
pró-ativa no sentido de não determinar dia ou horário para que o sexo
aconteça, e sim, abrir espaço para que tais momentos aconteçam, mesmo
que apenas para toques, carícias e troca de afeto.
Manter-se aberto para conversas
com urologistas, ginecologistas e/ou psicólogos podem ajudar a
identificar a falta de desejo sexual e conhecer os fatores que estão
associados a ele. A discussão desses assuntos além conduzir para a
compreensão do problema promove aquisição de informação e a reeducação
os quais trarão maior conforto para enfrentar o (s) tratamento(s).
Quais as consequências do baixo desejo sexual para a vida das pessoas?
As consequências podem ser
diversas, e estão intimamente ligadas à qualidade do relacionamento
afetivo no geral e não somente no âmbito sexual.
Em muitos casos a diminuição do
desejo sexual pode levar a um desgaste da vida afetivo-conjugal, podendo
levar o parceiro (a) a interpretar, como uma rejeição e/ou como uma
possibilidade de infidelidade.
O baixo desejo sexual pode levar a
pessoa a não dar a devida importância ao sexo, a diminuir a frequência
da atividade sexual, e não considerar o significado atribuído ao sexo, o
qual varia de casal para casal.
É importante saber que em alguns casos a diminuição do desejo pode ser passageira e estar atribuída a: gravidez, falta de privacidade, filhos pequenos, desemprego, etc.
Qual o tratamento?
Cada caso deverá ser tratado
particularmente, devendo ser valorizado o papel do profissional
especializado para o caso. Portanto, não há um tratamento melhor, e sim,
o mais indicado para determinado problema.
A escolha ideal para um tratamento
eficaz deverá ser feita por um profissional especializado na área, o
qual realizará o diagnóstico e este deverá ser fundamentado com base nas
características do indivíduo, do casal, em determinantes interpessoais,
no contexto de vida e no contexto cultural dos envolvidos.
Caso a diminuição do desejo se deva exclusivamente aos efeitos fisiológicos tanto de doença
física quanto do uso de um
medicamento, essas causas devem ser consideradas e tratadas pelo
profissional de saúde em primeira instância.
O baixo desejo sexual de causas
orgânicas podem ser tratadas com terapias medicamentosas paliativas ou
definitivas, que vão desde o uso de lubrificantes vaginais durante o
coito, até o uso de medicamentos vasodilatadores locais e terapia de
reposição hormonal. Para as de causas farmacológicas, poderá ser
necessária a revisão do uso da medicação, com base nos efeitos nocivos,
e, nos casos onde há a presença de drogas de abuso, se faz necessário a
remoção delas. Para os de causas psicológicas, o tratamento poderá
contemplar terapia de casal focada na sexualidade e/ou terapia
individual.
Há prevenção para o baixo desejo sexual?
Existem algumas estratégias que
favorecem a qualidade afetivo/sexual de um casal e conseqüentemente
podem ser consideradas como preventivas. são elas:
· Reservar
um tempo para intimidade, com encontros semanais e atividadescomo:
Cinema, jantares, peças de teatro, passeios variados e outros que
favoreçam relacionamento e a intimidade do casal ou parceiros;
· Buscar
atividades corporais que possam ser realizadas conjuntamente como:
atividades esportivas, aulas de dança, yoga, caminhadas e etc.;
· Procurar
"separar" afeto de carinho, para que toda atitude de carinho do
parceiro (a) não seja interpretada como um convite que anteceda a
relação sexual;
· Promover
o aumento do conhecimento sobre sexo e sexualidade através de livros,
palestras, vídeos, revistas, debates, programas de TV e outros.
E para finalizar aqui vão algumas dicas que julgo importantes:
Não
feche os olhos para os primeiros sinais de crise. Eles podem virar uma
bola de neve. Procure ajuda. É “normal” procurar ajuda em situações de
crise. Dê preferência para um profissional. Lembre-se de que tudo é
passageiro.
Não deixe seus temores atrapalharem a relação. A vida é sempre maior que o fato. Curta as outras coisas da vida também.
Lembre-se
para amar alguém, ame primeiro a si mesmo. Fique ao lado dele (a)
porque o (a) deseja e não porque precisa. Evite falar o tempo todo sobre
o problema pra ele. Amigos e terapeutas são feitos também para esses
momentos.
Evite cobranças. Cobre menos, ame mais. Se você cobra do outro é porque está muito exigente com você mesma.
Quando
sentir tesão por ele (a), não tenha medo de demonstrar. Vá em frente!
Tente dar e receber na mesma proporção. Quem doa muito cobra muito.
Todo
mundo adora surpresa. Que tal mandar flores no escritório dele (a)? Eles
(as) adoram se gabar para os colegas de trabalho. Invista na sua
auto-estima.
E, acima de tudo, ame muito; pois toda forma de amor vale a pena.
Por: Marcos Antonio Lopez Renna
Psicólogo e terapeuta sexual – CRP: 21740/6
Contatos: mrenna@ig.com.br
Referências Bibliográficas:
APA American Psychiatric
Association “Manual estatístico e diagnóstico de transtornos mentais”,
DSM IV, 4ª. Edição, Ed. Artes Médicas, 2003.
Kaplan, H. S. “a Nova terapia do sexo” 2ª. Edição, Ed. Nova Fronteira, 1977.
Kaplan, H.I; Sadock, B.J; GREBB,
J.A “ Compêndio de Psiquiatria – Ciência do Comportamento e
psiquiatria”. 7ª. Ed. , artes médicas, 1997
Nenhum comentário:
Postar um comentário