Por Jocelem Salgado
O Natal e as festas de fim de ano estão
chegando e para muitos, está chegando também a fase das
depressões. Muitas vezes esse sentimento de desamparo e desânimo
é provocado por datas que nos trazem lembranças tristes.
Ou por perdas, como a de entes queridos, separações, desemprego,
doenças. Todos esses fatos provocam o que podemos chamar de depressão
natural.
É normal e necessário que alguém se deprima
quando sofre uma perda.
O que não pode ser aceita como
natural é a depressão patológica, aquela que persiste
por anos e transforma o dia-a-dia numa relação de mau humor,
tristeza, mágoa e falta de perspectiva.
Esse tipo de depressão
é classificado como doença, precisa de acompanhamento médico
e tem hoje excelentes tratamentos. Neste artigo, quero chamar a atenção
para a importância da depressão no seus vários níveis,
e lembrar que a pessoa deprimida precisa ser compreendida e cuidada.
Depressão nas festas de fim de ano
De uma forma ou de outra, com mais dinheiro ou menos dinheiro, está
começando a estação do ano onde costumamos fazer
balanços, projetos e festas.
O que pode parecer a época mais feliz do ano, para muita gente
é bem o contrário. Natal e encontros de família,
para essas pessoas, podem se transformar nos momentos mais tristes e difíceis
de suportar. Na maioria das vezes, são pessoas deprimidas ou que
estão passando por uma crise de depressão.
Para algumas, a causa está nas lembranças desse período,
na falta de alguém, por exemplo, e a tristeza costuma ir embora
assim que as festas também se vão. Para outras, o Natal
só vem agravar uma sensação de desânimo e falta
de autoestima que torna todas as coisas difíceis e sem graça
alguma, o ano inteiro. Essas pessoas precisam de compreensão e
ajuda médica, pois estão sofrendo da doença depressão.
O Natal daqui a alguns dias, é a época que mais afeta
os depressivos, embora a depressão seja um mal que ataca em qualquer
estação do ano. A depressão virou também uma
espécie de mal da nossa época, certamente porque vem sendo
estudada mais do que nunca e, com certeza, porque a indústria farmacêutica
investiu muito nessa área, com resultados animadores.
A Organização
Mundial da Saúde estima que 15% da população mundial
apresente algum quadro de depressão ao longo da vida.
O luto é um sentimento necessário
O primeiro passo é tentar distinguir entre a depressão
natural, aquela provocada por um sentimento de tristeza por alguma perda
e a depressão patológica, que se agrava e permanece sem
uma razão que justifique, e que precisa ser tratada por especialistas.
A depressão natural ou normal pode ser provocada por fatos graves
como a perda do emprego, a morte de algum ente querido, o fim de um casamento,
uma doença séria, o afastamento de um filho. São
perdas que precisam de um tempo para serem absorvidas e superadas. Tentar
ignorá-las será sempre pior.
Especialistas dizem que a perda de alguém só
é superada depois de seis meses a um ano de luto. Tentar fazer
de conta que esse fato não afeta a vida é lutar contra um
sentimento que mais tarde voltará em forma de depressão
muito mais grave.
Para essas depressões que têm causa conhecida, e para aquelas pessoas que se sentem deprimidas de tempos em tempos, há uma série de sugestões que podem ajudar a reduzir seus efeitos sem o uso de medicamento.
Para essas depressões que têm causa conhecida, e para aquelas pessoas que se sentem deprimidas de tempos em tempos, há uma série de sugestões que podem ajudar a reduzir seus efeitos sem o uso de medicamento.
Uma das mais eficazes é o exercício físico. Começar
uma atividade qualquer, seja caminhada, ciclismo ou natação,
dá ao corpo e à mente uma disposição nova
capaz de animar o resto do dia. Você se sentirá mais forte,
mais auto-confiante, se animará a fazer planos, e isso com certeza
diminuirá sua tristeza e a sensação de que não
é capaz de nada. O exercício físico atua em neurotransmissores
que aumentam a disposição física e mental.
Muitas vezes a depressão está associada a sentimentos de
solidão e isolamento, à falta de um contato físico.
Por isso, especialistas em práticas alternativas sugerem tratamentos
com massagens de todos os tipos, especialmente as relaxantes. Sentir o
corpo, ajuda a ganhar nova disposição e a sentir-se vivo,
com vontade de viver.
Há outras dicas conhecidas, que se fundamentam em exercitar o
pensamento positivo. Se você diz a você mesmo que vai sair
dessa fase, que você não é uma vítima, que
é capaz e vai conseguir, certamente terá mais chance do
que aquele que pensa o contrário.
Outro aspecto é a solidão e o fechamento em nós
mesmos, tendência que muitas vezes acompanha a depressão.
Sem a referência dos outros, sempre vamos achar que estamos sós
e que nossa situação é a pior de todas.
É
por isso que os grupos de auto-ajuda como esses que reúnem alcoólatras
e familiares de vítimas da violência, por exemplo, conseguem
resultados que parecem milagres. Ao ouvir pessoas que estão vivendo
uma situação semelhante à nossa, é natural
que nos sintamos encorajados.
Nem é preciso participar de grupos de auto-ajuda, basta procurar
estar mais tempo com as pessoas de quem gostamos e falar com elas sobre
o que estamos sentindo e vivendo. Conversar, colocar para fora o que está
dentro de nós, vai com certeza trazer alívio. Isso vale
para mágoas, ressentimentos, angústias, a sensação
de que estamos sendo enganados ou injustiçados.
Quando depressão é doença
Quando a depressão não é mais a consequência
direta de fatos que estão nos afetando, ela precisará ser
cuidada por especialistas, muitas vezes com psicoterapia e medicamento.
Esses casos são identificados por sérias alterações
no dia-a-dia e que se repetem por semanas. São irregularidades
no sono, às vezes com insônia, às vezes com sono demais,
e que sempre resultam numa grande sensação de cansaço
ao acordar.
São sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada,
que podem se juntar a ideias de suicídio e de morte. Perda
de interesse ou falta de prazer em quase todas as atividades, incluindo
festas, passeios e atividade sexual, na maior parte do tempo e quase todos
os dias.
A depressão também se manifesta por alterações
no apetite e consequentemente no peso, com ganhos e perdas. E interfere
no sistema imunológico: uma pessoa deprimida, tende a ter suas
doenças agravadas.
As depressões patológicas podem ter causas genéticas
e biológicas, entre outras. Mas há também razões
sociais que explicariam, por exemplo, a razão pela qual a depressão
é duas vezes mais frequente em mulheres.
A identificação correta da depressão e o adequado
tratamento dependerão do histórico de cada um, que o especialista
fará ouvindo-o com a atenção. Hoje, medicamentos
de última geração, vendidos como genéricos,
por isso a preços mais acessíveis, significam uma grande
ajuda para milhares de pessoas.
A depressão precisa ser levada a sério e tratada em todas
as idades. Uma criança pode estar deprimida e os adultos à
sua volta podem achar que está apenas querendo chamar a atenção.
Os jovens, mesmo estudantes universitários, são vítimas
da doença. Não é por acaso que alunos de medicina
são os que mais tentam suicídio entre jovens da sua idade.
Os idosos são os que precisam de maior atenção.
Com a perda de familiares, da saúde, das atividades que costumava
exercer, do salário, o idoso reúne muitos motivos para cair
em depressão.
Não podemos, de forma alguma, enxergar esse
quadro como natural. Medicado e melhor cuidado, esse nosso pai, tio, amigo
ou avô poderá viver o resto de sua vida muito mais feliz.
FONTE: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/depressao.htm
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