A doença de Huntington é uma disfunção cerebral hereditária que evolui
com degeneração (ocorrem alterações no funcionamento das células)
corporal e mental e que afecta pessoas de todas as raças, em todo mundo
(5 a 10 pessoas em cada 100 mil). Recebeu o nome do Dr. George
Huntington, médico americano.
Antigamente, esta doença era conhecida como Coreia de Huntington ou
abreviado C.H., mas agora é chamada de doença de Huntington ou D.H.,
porque a coreia apenas descreve um dos sintomas desta doença.
Foram nos últimos 20 anos, que muito se aprendeu sobre as causas e
efeitos da DH e sobre tratamentos, terapias e técnicas para lidar com os
sintomas da doença. Após uma longa busca, os cientistas encontraram o
gene que causa a DH e avanços importantes fluíram a partir dessa notória
descoberta. Hoje em dia, muitos cientistas ainda estão activamente
envolvidos na busca de tratamentos efectivos, para fazer cessar ou
reverter os efeitos da DH e, eventualmente, curá-la de forma definitiva.
O gene é uma pequena quantidade de um cromossoma que contem uma
determinada informação genética, por exemplo a cor dos olhos.
Sabe-se que um gene é composto por nucleótidos (compostos por uma base
azotada, um grupo fosfato e uma pentose) que quando se agrupam formam
blocos. Nesta doença há problemas com a quantidade de blocos no gene.
A sequência dos nucleótidos citosina, adenina e guanina (CAG) codifica a
glutamina. No gene do cromossoma 4 de um indivíduo saudável, esta
sequência tem, geralmente, menos de 20 repetições, mas num indivíduo
portador do gene Huntington existem mais de 36 repetições no gene
defeituoso. A proteína codificada por este gene (não tem função
definida) foi denominada huntingtina. A doença localiza-se no braço mais
curto do cromossoma 4 (4p16.3).
Cada um de nós possui 46 cromossomas homólogos, em que 23 cromossomas
são herdados da mãe e os outros 23, herdados do pai. Há dois tipos de
cromossomas: os autossomas, que são os primeiros 22 pares e os
cromossomas heterossomas (ligados ao sexo), ou seja, o 23º par (XX no
cariótipo feminino e XY no cariótipo masculino).
Os indivíduos possuem cromossomas homólogos, cujos genes informam para a
mesma característica e com informação diferente. Para que a cólera de
Huntington se manifeste basta que um dos cromossomas homólogos contenha
o gene com essa informação, por isso a doença é dominante.
O estudo deste cromossoma permitiu que se soubesse a natureza do
problema mesmo antes de começarem os sintomas, isto é, quando a doença
ainda é assintomática.
É uma doença autossómica dominante. Como é autossómica não é transmitida
através dos cromossomas sexuais e por isso
tanto o homem como a mulher têm a mesma probabilidade de herdar o gene.
É uma doença passada de um pro-genitor para o descendente e sendo
dominante os descendentes tornam-se doentes se receberem no mínimo um
gene com a informação de Huntington, logo existem 50% de hipóteses de
serem afec-tados. A anomalia surge em gerações sucessivas, aqueles que a
não herdam, não irão desenvolver a doença, nem os seus filhos.
D- alelo que informa para a presença da doença de Huntington (dominante)
d- alelo que informa para a ausência da doença (recessivo)
d- alelo que informa para a ausência da doença (recessivo)
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d
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d
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D
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Dd
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dd
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dd
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Quadro 1: Xadrez mendeliano
Resultados:
P(Dd) = 50% (descendência saudável)
P(dd) = 50% (descendência com doença de Huntington)
P(Dd) = 50% (descendência saudável)
P(dd) = 50% (descendência com doença de Huntington)
Os sintomas da DH variam amplamente de pessoa para pessoa, mesmo dentro
da mesma família. Para alguns, os movimentos involuntários podem ser
proeminentes mesmo nos estágios iniciais. Para outros, eles podem ser
menos evidentes e sintomas emocionais e comportamentais podem ser mais
óbvios.
A doença de Huntington provoca vários sintomas que advêm da degeneração
das células cerebrais:
Sintomas Emocionais / Comportamentais:
Depressão, irritabilidade, ansiedade e apatia são frequentemente
encontrados na DH. Algumas pessoas podem ficar em depressão por um
período de meses ou mesmo anos antes que isto seja reconhecido como um
sintoma inicial. Mudanças comportamentais podem incluir explosões
agressivas, impulsividade, mudança de humor e afastamento social.
Frequentemente, traços de personalidade existentes serão exacerbados
pela DH, por exemplo, uma pessoa que tinha tendência a ser irritável,
irá se tornar ainda mais irritável.
Sintomas Cognitivos / Intelectuais:
Mudanças intelectuais leves são os primeiros sinais de perturbação
cognitiva. Elas podem envolver habilidade reduzida para organizar
assuntos de rotina, ou para lidar efectivamente com situações novas. A
memória também é alterada, os doentes têm um envelhecimento precoce
mental . As tarefas de trabalho tornam-se mais difíceis.
Sintomas Motores:
Os sintomas físicos podem, inicialmente, consistir de inquietação,
contracções musculares ou agitação excessiva. A escrita pode mudar. As
habilidades do dia-a-dia envolvendo coordenação e concentração, tal como
conduzir, tornam-se mais difíceis. Esses sintomas iniciais evoluem
gradualmente para movimentos involuntários (coreia) mais marcados da
cabeça, tronco e membros - que frequentemente levam a problemas para
andar e manter o equilíbrio. A fala e a deglutição podem ficar
prejudicadas. Os movimentos em geral tendem a aumentar durante esforço
voluntário, stress ou excitação, e diminuir durante o descanso e o sono.
A partir do momento em que começam os sintomas o doente tem entre 10 a
15 anos de vida, morrendo, normalmente, vítimas de pneumonia ou de
quedas graves.
Os sintomas que da doença advêm da degeneração das células nervosas, que
como se pode observar no esquema, estão relacionadas com o sistema
nervoso, mais especificamente, o sistema nervoso central (afectado pela
doença) que tem uma grande importância no controlo dos sistemas do
corpo.
É necessário ter em conta que as células nervosas não se multiplicam e
por isso as doenças que afectam estas células possuem sintomas
idênticos.
Como já foi dito, a DH é uma doença degenerativa cujos sintomas são
causados pela perda marcante de células nervosas
numa parte do cérebro denominada de corpo estriado, especialmente no
núcleo caudado e no globo pálido.
Dos sintomas apresentados os mais relevantes são: a descoordenação e a
perda progressiva de memória.
A descoordenação está relacionada com o mal funcionamento de estruturas
do cérebro e cerebelo que, pertencendo ao sistema nervoso central, são
lesadas afectando a força muscular e o equilíbrio de uma pessoa
(ataxia).
No cérebro existe uma estrutura responsável pela memória chamada de
hipocampo. O hipocampo situa-se nos lobos temporais do cérebro humano e
a sua função é transformar a memória de curto prazo em memória de logo
prazo. Não só nesta doença,
mas noutras, os doentes perdem a memória, chegando a um ponto em que não
conhecem os próprios familiares, como marido, filhos, netos, etc.
A alteração de comportamento (depressão, nervosismo, ansiedade) também é
bastante frequente nos doentes de Huntington e ocorre quando as
amígdalas (estruturas situadas nos lobos temporais) não funcionam
correctamente ou são removidas. Normalmente os doentes com este mal não
conseguem distinguir uma situação de medo de uma situação normal, tem os
níveis hormonais de stress baixos e podem tornar-se dóceis, estes
comportamentos correspondem a uma outra síndrome chamada Klüver-Bucy,
que pode afectar os doentes de Huntington e também pessoas com outros
tipos de doenças.
Embora a forma e a gravidade dos sintomas varie de pessoa para pessoa, o
desenvolvimento da DH pode ser dividido basicamente em três estágios:
Etapa Inicial:
No início da doença, as manifestações incluem mudanças subtis na
coordenação, talvez alguns movimentos involuntários, dificuldade de
pensar sobre problemas, e, frequentemente, humor depressivo ou
irritável. Neste estágio, a medicação é frequentemente efectiva no
tratamento da depressão e outros sintomas emocionais. É um bom momento
para começar a planear o futuro. Planos financeiros devem ser feitos e
documentos legais (um testamento, por exemplo) devem ser redigidos.
Etapa intermédia:
Os movimentos involuntários (coreia) podem tornar-se mais pronunciados.
A fala e a deglutição irão começar a ser afectadas. É importante
consultar um fonoaudiólogo que poderá oferecer instruções e estratégias
para melhorar as habilidades de comunicação e deglutição. Da mesma
forma, terapeutas físicos e ocupacionais podem desenvolver programas que
ajudem a manter o mais alto nível possível de funcionamento e assim
melhorar a qualidade de vida.
As habilidades de pensamento e raciocínio lógico também irão diminuir
gradualmente. Neste estágio pode se tornar cada vez mais difícil manter
um emprego e desempenhar as responsabilidades de manutenção da casa.
Aqui, mais uma vez, estratégias simples podem ser empregadas para ajudar
a diminuir a frustração, melhorar o funcionamento e prolongar a
independência. Por exemplo, pode-se lidar com a desorientação e perda de
memória recente etiquetando as gavetas, mantendo uma rotina diária e
deixando à vista um calendário em que se liste compromissos e eventos.
Etapa avançada:
As pessoas num estágio avançado de DH podem ter coreia grave, mas, mais
frequentemente, tornam-se rígidas. Engasgos com a comida tornam-se uma
preocupação maior, bem como a perda de peso. Neste estágio as pessoas
com DH são totalmente dependentes dos outros para todos os aspectos de
cuidados, não podem mais andar e não são capazes de falar.
Embora as habilidades cognitivas sejam intensamente prejudicadas, é
importante lembrar que, em geral, a pessoa ainda está consciente do seu
meio ambiente, continua capaz de compreender a linguagem, tem
consciência daqueles que ama e dos outros.
As pessoas não morrem da própria DH, mas sim de complicações da
imobilidade causada pela doença, tais como engasgo, infecções ou
traumatismos cranianos.
Podem aparecer movimentos de alguns membros do corpo, face ou tronco com
evolução mas noutras condições como a esquizofrenia e a coréia senil.
Para que se saiba ao certo quando se possui a doença de Huntington,
faz-se um teste genético que são capazes de identificar o gene
defeituoso a partir de uma amostra de sangue, no entanto, só é possível
sujeitar-se a este exame a partir dos 18 anos.
Os resultados obtidos permitem que se consiga realizar o diagnóstico,
mas é impossível determinar-se quando os sintomas começarão a aparecer.
O doente, inicialmente, tem uma vida normal sem sequer se aperceber da
doença. A partir do momento em que aparecem os sintomas e se realizam os
exames médicos, o paciente terá mais dificuldades e necessitará da ajuda
de terceiros.
Com a evolução da doença, o indivíduo irá ficar com faltas de memória,
terá dificuldade em alimentar-se, a andar, visto que os movimentos se
tornam descoordenados e a sua maneira de ser irá mudar ficando agressivo
e irritado.
Na fase final da doença, o indivíduo não pode viver sozinho, nem sequer
consegue andar, por isso é que os doentes acabam por morrer devido a
lesões de quedas graves.
A DH é uma doença familiar devido ao seu impacto sobre todos os membros
da família. Conforme a doença progride, o papel do familiar da pessoa
afectada irá mudar também gradualmente. O membro familiar terá que
assumir mais cuidados com a casa, as tomadas de decisão e deveres para
com os elementos mais novos, pois o doente não será mais capaz de
cumprir essas tarefas.
Crianças e adolescentes terão que enfrentar viver com uma mãe ou um pai
que é doente, e cujo comportamento pode ser estranho. Eles podem até
mesmo ser chamados para participar nos cuidados do pai ou mãe. Para os
pais, contar às crianças sobre a DH poderá trazer perguntas difíceis.
Deverão contar às crianças sobre a DH? Em caso afirmativo, em que idade?
Quando uma criança está suficientemente madura para lidar com a ideia de
estar em risco para a DH?
Não há respostas fáceis, especialmente porque as crianças desenvolvem-se
a diferentes ritmos e cada situação familiar é diferente. Em geral, é
uma boa ideia ser tão aberto quanto possível, sem ser alarmista e dar
conhecimento dos factos pouco a pouco. Desta forma, a criança poderá
desenvolver uma consciência gradual da DH, mais do que ficar subitamente
espantada pela informação.
De nada adianta tratar a DH como um segredo familiar vergonhoso, uma vez
que a criança ou adolescente um dia irá descobrir a respeito dela.
Esconder a verdade pode levar à desconfiança e ressentimento.
Não há nenhum tratamento para impedir completamente progressão da
doença, mas certos indícios podem ser reduzidos ou aliviados através da
utilização de medicação e métodos cuidados.
Medicação:
Os especialistas receitam medicamentos, de acordo com os sintomas de
cada um, para aliviar certos indícios de maneira a que diminuam, mas
existem efeitos colaterais causados pelos químicos como garganta seca,
vertigens, etc.
Nutrição:
A nutrição é um papel importante no tratamento. A maioria que sofre de
DH precisa de conselhos de um nutricionista. Normalmente, observa-se um
emagrecimento intenso mesmo seguindo dietas equilibradas.
Cromossoma 4
Características:
·
número de pares de bases: 186 000 000
·
número de genes: entre 110 e 700
·
percentagem de DNA que representa: 6% a 6,5%
·
gene: HD – huntingtina (responsável pala doença de Huntington)
Algumas doenças relacionadas com o cromossoma 4 do genótipo humano:
·
síndrome de
Ellis-van Creveld
(doença congénita do coração, distrofia de unhas e dentes, graus
elevados de deficiência mental)
·
hipocondroplasia
(nanismo)
·
acondroplasia
(forma mais comum do nanismo rizomélico)
·
doença de Huntington
·
acidemia metilmalónica
(distúrbios metabólicos fazendo com que se acumule o ácido metilmalônico
no corpo)
·
síndrome de Muenke (ossos do crânio ligam-se uns aos outros
prematuramente provocando mal formações no crânio e na face)
·
surdez não-sindrómica
·
surdez não-sindrómica, autossómica dominante
·
síndrome de
Romano-Ward
(intervalo QT logo no electrocardiograma que provoca morte súbita)
·
doença de Parkinson (desordem progressiva do movimento devido à
disfunção dos
neurónios
secretores de
dopamina
nos
gânglios da base)
·
displasia tanatofórica
(displasia óssea letal caracterizada por encurtamento de costelas e
membros, encurvamento de ossos longos e anomalias vertebrais)
·
doença renal
policística (doença de carácter hereditário relacionada com
os rins)
Organizações
Símbolo de "International Huntington Association"
O nosso símbolo compõe-se em duas partes importantes: uma representa a
cabeça e a outra a parte superior do tronco e com ele se pretende dar a
entender que a doença de Huntington pode afectar tanto a capacidade
mental como a física. Porque esta doença reduz a função normal duma
pessoa, foi colocado dentro do símbolo uma imagem inversa ou negativa. A
mais pequena representa as capacidades mentais e/ou físicas que debilita
a pessoa afectada.
O símbolo representa uma flor dentro de uma planta em crescimento e
cheia de vida, que mostra o apoio e a protecção que uma associação pode
dar às pessoas necessitadas.
UPADH - União dos Parentes e Amigos dos Doentes de Huntington
Organização sem fins lucrativos que tem como objectivo dar apoio e
orientação às famílias dos portadores de DH, bem como:
·
tornar conhecida a doença;
·
aproximar portadores, familiares, médicos e cientistas;
·
estimular pesquisas;
·
criar centros de atendimento especializado nas diversas regiões.
APDH - Associação Portuguesa de Doentes de Huntington
Contactos:
Abilio Mendes
Rua Dr. Afonso Costa 30, 8500-016 Alvor
Tel./Fax.: 282 459 337
Rua Dr. Afonso Costa 30, 8500-016 Alvor
Tel./Fax.: 282 459 337
Ursula Anna Kleibrink
Rua Dr. Afonso Costa 32,L 8500-016 Alvor
Tel.: 282 459 337
e-mail: hd.ass.port@mail.telepac.pt
Rua Dr. Afonso Costa 32,L 8500-016 Alvor
Tel.: 282 459 337
e-mail: hd.ass.port@mail.telepac.pt
Maria da Conceição Ribeiro
Rua Francisco Gentil E1, 4i 1600-625 Lisboa
Tel.: 21 330 51 09
e-mail: conchar@ms.gov.pt
Rua Francisco Gentil E1, 4i 1600-625 Lisboa
Tel.: 21 330 51 09
e-mail: conchar@ms.gov.pt
George Huntington nasceu em 1890 e morreu a 1916. Era um médico
americano formado na Universidade de Colômbia, em Nova York.
A doença descrita neste trabalho tem o seu nome visto que foi o primeiro
a descreve-la
aos 22 anos, um ano depois de ter começado a estudar na faculdade, em um
de apenas dois papéis académicos escritos. Este papel foi publicado em
1872 no repórter médico e cirúrgico de Filadélfia.
O seu pai, George Lee Huntington, e avô, Dr. Abel Huntington, também
eram médicos do mesmo ramo. As pesquisas realizadas por eles mais as
suas pesquisas eram bastante precisas a descrever a doença, que afectava
várias gerações de uma família em
East Hampton,
Long Island.
William Osler
«In the history of medicine, there are few instances in which a disease
has been more accurately, more graphically or more briefly described.»,
o que quis dizer foi que na história da medicina nunca ninguém tinha
descrito com tanta perfeição uma doença.
George Huntington não deve ser confundido com George Summer Huntington,
anatomista. Ambos estudaram medicina e cirurgia mas seguiram ramos
diferentes.
FONTE: http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/biologia/biologia_trabalhos/doencadehuntington.htm
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