A infância é uma época estratégica da vida do ser humano. É
quando se dá um grande desenvolvimento físico, psicológico e mental,
concomitantemente ao aprendizado básico indispensável para todos os
que se seguirão por toda vida.
A relevância da observação dos
comportamentos e aquisições intelectuais da criança e do adolescente
feita por pais e professores é imensa, mas não substitui uma
avaliação médica e de especialistas em diferentes áreas, quando
estes comportamentos fogem da freqüência e intensidade usuais.
Até
alguns anos atrás, poucas eram as doenças mentais reconhecíveis na
infância. Com o aumento das pesquisas e o incremento de estudos
científicos, os diagnósticos de vários transtornos psiquiátricos em
crianças e adolescentes tornaram-se possíveis e decorrentes dessa
nova condição. Aparentemente, os casos se multiplicaram
numericamente e se fizeram mais conhecidos pela população em geral.
Entre
esses, o Transtorno do Déficit da Atenção, com ou sem
hiperatividade (TDA/H) e o Transtorno do Humor Bipolar (THB) têm sido
objeto de muitos estudos em vários países, pois ocasionam forte
impacto sobre a vida escolar, pessoal, familiar e mais tarde
profissional do paciente, especialmente quando não devidamente
diagnosticados e tratados por equipes de profissionais
especializados.
O TDA/H, hoje muito comentado em função da
amplitude da divulgação na imprensa, é um exemplo. Conhecido dos
médicos há várias décadas, com o advento das especializações, como
por exemplo a psicopedagogia, passou a ser objeto de estudo
multidisciplinar e os resultados dos tratamentos têm sido, em sua
grande parte, de enorme valia, tanto para os pacientes, como para
suas famílias e a sociedade.
Os prejuízos decorrentes da falta
de diagnóstico e do acompanhamento médico e psicopedagógico vão do
fracasso escolar à evasão, da baixa auto-estima à depressão, da
rejeição do grupo ao isolamento, às drogas, à gravidez precoce, à
promiscuidade sexual e marginalização, entre outras.
Infelizmente,
a especulação por parte de alguns profissionais não credenciados
para tal avaliação, ou ainda, diagnóstico feito por pessoas leigas,
tem trazido mais problemas aos que já sofrem com esse transtorno.
Generalizou-se, irresponsavelmente, por exemplo, chamar de TDA/H a
toda e qualquer manifestação de inquietação, distração ou falta de
limite que as crianças e jovens apresentem na escola ou em casa.
Como conseqüência, casos em que o transtorno não existe de fato
aparecem em toda parte, banalizando um problema sério e de grande
repercussão sobre a vida dos pacientes reais e sua família. Estes
falsos diagnósticos são geralmente feitos à base de “achismos” como o
preenchimento de questionários ou testes sem qualquer base
científica ou mesmo ao sabor das conveniências pessoais de alguns
adultos, que pensam dela tirar proveito, seja para justificar uma
educação deficiente em limites, normas e atenção à criança ou,
ainda, a outros interesses particulares.
O Transtorno de Humor
Bipolar em crianças é outro exemplo de doença psiquiátrica que exige
seriedade no encaminhamento, pois, nessa faixa etária, a sua
sintomatologia pode se apresentar de forma atípica.
Assim,
ao invés da euforia seguida da depressão dos adultos, nas crianças
surge a agressividade gratuita seguida de períodos de depressão.
Nestas, o curso do Transtorno é também mais crônico do que episódico
e sintomas mistos com depressão seguida de “tempestades afetivas”,
são comuns. Além disso, a mudança é rápida e pode acontecer várias
vezes dentro de um mesmo dia, como por exemplo: alterações bruscas
de humor (de muito contente a muito irritado ou agressivo); notável
troca dos seus padrões usuais de sono ou apetite; excesso de energia
seguida de grande fadiga e falta de concentração. Esses são alguns
sintomas que devem ser observados.
Os diagnósticos de
transtornos da saúde mental são difíceis mesmo para os
especialistas, pois é alta a prevalência de comorbidades, ou seja, o
aparecimento de dois transtornos simultaneamente, o que exige
conhecimento, experiência e observação minuciosa do médico e da
equipe envolvida, como psicólogos e psicopedagogos.
É importante
salientar ainda que estes transtornos afetam seriamente o
desenvolvimento e o crescimento emocional dos pacientes, sendo
associados a dificuldades escolares, comportamento de alto risco
(como promiscuidade sexual e abuso de substâncias), dificuldades nas
relações interpessoais, tentativas de suicídio, problemas legais,
múltiplas hospitalizações, etc.
Os diagnósticos devem sempre
ser realizados por médicos psiquiatras ou neurologistas em conjunto
com psicopedagogos, que ao diagnosticarem e acompanharem a criança,
se preocupam em dar também orientações à família e à escola.
Minimizar
esses transtornos só piora suas conseqüências e prejudica o
paciente. Somente especialistas podem afastar e esclarecer as dúvidas
e não é exagero ser cuidadoso quando se trata da vida, saúde e
futuro dos nossos filhos!
FONTE: http://guiadobebe.uol.com.br/transtorno-bipolar-na-infancia/
Maria Irene Maluf
Maria Irene Maluf
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