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terça-feira, 22 de maio de 2012

Somos todos Borderlines?

Frequentemente, na etapa inicial (ex.: começo da adolescência, por volta dos 12 anos de idade) da eclosão dos sintomas do transtorno de personalidade limítrofe, sintomas como má adaptação social, baixo rendimento escolar e comportamentos anormais são comuns. Há também déficit na regulação dos afetos, agressividade, conflitos no ambiente familiar, tentativas de suicídio e depressão grave. A etapa secundária, no fim da adolescência ou início da idade adulta (na faixa dos 18 aos 21 anos), todos os sintomas propriamente ditos ficam evidentes, tendo seu auge por volta dos 25 anos de idade, causando grande prejuízo. O distúrbio também fica muito mais evidente quando o doente encontra-se apaixonado ou num relacionamento sentimental, uma vez que o transtorno de personalidade borderline pode se classificado como um grande vilão das relações íntimas. Contudo, é sábio que o transtorno tende a ser atenuado conforme a idade, sobretudo próximo dos 40 anos de idade. Talvez pelo fato de que ao passar do tempo, as pessoas ficam menos enérgicas e mais “maduras emocionalmente” que aos 20 anos de idade. Assim como todos os transtornos de personalidade, quase nunca borderlines acreditam sofrer de uma patologia ou que sua conduta e comportamentos são muito problemáticos. Eles tendem a culpar os outros, como causadores de discórdias e outras atitudes típicas de fronteiriços, em geral com argumentos implausíveis, e acreditam que "são normais": o que causam-lhes sofrimento são as outras pessoas.
As estatísticas apontam que 93% das pessoas portadoras do transtorno de personalidade borderline também apresentam um transtorno afetivo concomitante, especialmente depressão nervosa e transtorno afetivo bipolar. Além disso, estima-se também que 88% apresentam um transtorno de ansiedade, especialmente o transtorno do estresse pós traumático e diversas fobias em geral. A conduta suicida no borderline pode ser maior naqueles com história prévia de tentativas de suicídio, história de abuso sexual e comorbidade com abuso de substâncias e/ou depressão nervosa. Comportamentos histriônicos e psicopáticos são fenômenos fortemente presentes em borderlines. Muitas vezes, o borderline é confundido com o psicopata e histriônico por apresentar comportamentos semelhantes e, não raramente, ocorrem simultaneamente. No padrão geral de patologia grave, as famílias de pacientes borderline têm como características mães intrusivas e dominadoras e pais distantes, sendo que as relações conjugais são predominantemente conflitivas.
Em suma, o transtorno de personalidade borderline é tido como um dos transtornos mentais mais devastadores, sobretudo na área de relacionamentos interpessoais, sendo também dos mais difíceis de ser tratado.
  • Borderlines têm raciocínio 8 ou 80, branco ou preto, amor ou ódio, ótimo ou péssimo, perfeito ou terrível mas nunca o cinza ou meio termo.
  • Eles vêem as pessoas drasticamente como perfeitas ou terríveis. Para eles, não existe o "mais ou menos", ou a pessoa é perfeita ou a pessoa é terrível. Se não é perfeita é terrível e vice-versa;
  • Se a pessoa é perfeita, ótima ou boa ela merece ser tratada muito bem, como um deus. Quando a pessoa é horrível, péssima ou má, ela merece ser tratada muito mal, como um demônio;
  • Eles têm esse pensamento também consigo mesmos: se hoje eles se vêem como perfeitos, eles acham que merecem serem tratados como os melhores, como os principais e terem toda a atenção do mundo, caso contrário, eles se tornam terríveis, merecedores de maus tratos, punições e auto mutilações;
  • Pensamentos "tudo-ou-nada" aparecem em muitas outras áreas da vida do borderline. Quando há um problema, algumas pessoas com desordem borderline podem sentir como se existisse apenas uma solução. Uma vez que a ação é feita, não há retorno. Por exemplo "faça tudo, ou não faça nada". Uma mulher no trabalho, recebeu novas ordens na qual ela não gostou, sua solução foi deixar seu emprego;
  • Têm dificuldade em terminar o que começam. Isso vai desde uma simples leitura de um livro, até a desistência ou interrupção de um projeto importante.
  • Podem ser tidos erroneamente como "preguiçosos" por causa desse pensamento;
  • Não conseguem ver o "lado bom" e o "lado ruim" de cada pessoa, objeto ou circunstância: acreditam que o objeto é totalmente bom, ou totalmente ruim, alternando drasticamente entre o primeiro e o segundo, várias vezes;
  • Têm dificuldade em verem defeitos ou más qualidades em pessoas que consideram totalmente boas ou ótimas. E têm dificuldade em enxergar qualidades boas em pessoas que consideram totalmente más ou péssimas, demonstrando uma grande resistência em entender o "meio-termo" das coisas e situações.
  • Sua opinião sobre alguém é baseada frequentemente em sua última interação com ele, porque têm dificuldade em integrar os traços bons e ruins de uma só pessoa;
  • Em cada momento particular, alguém é "bom" ou é "mau", não há nada no meio, nenhuma área cinzenta;
  • Eles também podem sentir que seus relacionamentos devem ser claramente definidos: ou é amigo ou é inimigo. Ou é seu amante apaixonado ou um companheiro platônico. Esta é a razão porque as pessoas borderlines podem ter dificuldade em ser amigos após o fim de um romance.

Manipulações

  • Manipulam as pessoas através de chantagens emocionais pouco evidentes como brigas, discussões e conflitos que na verdade são a forma de que encontram para testarem as pessoas das quais necessitam;
  • Demonstram seus medos através de irritabilidade, mau humor, raiva e agressividade;
  • Tentam se proteger através da raiva;
  • Críticas e acusações são típicos mecanismos de defesas usados por borderlines; na verdade eles estão a criticar-se mas o fazem com os outros por não terem coragem de verem o seu verdadeiro "eu".
  • Às vezes, as críticas e acusações se tornam abuso verbal;
  • Agem de maneira extrema, exagerada ou manipuladora para conseguir o que quer;
  • Acusam os outros de terem dito coisas que nunca disseram, de terem feito coisas que nunca fizeram, de terem acreditado em coisas que nunca acreditaram;
  • Conseguem reconhecer o ponto fraco das pessoas as quais conhecem muito bem, utilizando de tal conhecimento para manipulações e terem êxito nas suas necessidades;
  • Chantagistas para conseguir o que quer;
  • Eles vivem a testar o amor e afeição das outras pessoas, pois muitas vezes não conseguem acreditar que as pessoas possam amá-los de verdade.

Instabilidade excessiva

  • Borderlines têm uma grande instabilidade emocional evidente: pessoas instáveis sentem tudo de forma intensa, ferindo-se facilmente e deixam-se abalar por situações externas e internas por motivos pouco importantes ou até mesmo fúteis. Eles não conseguem manter o mesmo humor e emoções durante um longo período (no caso do borderline, ele não consegue manter um humor estável num mesmo dia, alternando muitas vezes). Uma característica típica de pessoas instáveis emocionalmente são as constantes brigas no ambiente intrafamiliar, por exemplo, por isso são tidos como agressivos, briguentos ou que reclamam demais.
  • Mudam de comportamento de forma muito rápida, em questão de segundos: com pessoas que conhecem muito bem (tal como familiares ou cônjuges), tratam-nas mal com frequentes discussões e provocações, mudando rapidamente para gentis e adoráveis com as outras pessoas na qual têm pouco intimidade;
  • Muitas vezes, as outras pessoas não acreditam nos familiares que relatam esse comportamento;
  • Agem de forma controlada e apropriada em várias situações, mas extremamente fora do controle em outras;
  • Facilmente desvalorizam alguém. Podem amar a pessoa em um minuto, mas por qualquer deslize, contrariedade ou um simples "não" vindo da outra pessoa, passam a odiá-la em questão de segundos a ponto de maltratá-la e não sentir remorso disso, uma vez que de repente, o outro transformou-se drasticamente em uma pessoa "terrível" que merece ser tratada assim como ela é vista. Tais desvalorizações rápidas são precedidas por motivos pouco perceptíveis para a outra pessoa que termina sem entender o motivo por qual foi cruelmente maltratada.
  • Ao mesmo tempo que querem a intimidade, eles não querem. Eles têm medo de muita intimidade, por isso alguns relacionamentos podem ser superficiais.
  • Às vezes eles querem estar perto do outro, outras vezes quer estar longe;
  • Empurra o outro para longe justamente quando o outro está se sentindo próximo;
  • Limítrofes tendem a ser aquele tipo que quando querem alguma coisa, ficam ansiando e sentindo uma grande vontade de ter aquilo, contudo, se conseguem, enjoam, não querem mais ou passam a odiá-lo facilmente;
  • Eles têm dificuldade em dizer exatamente o que gostam, o que querem, de modo que há uma notável tendência à instabilidade em seus gostos, comportamentos, identidade e auto-imagem;
  • Eles frequentemente não sabem quem são, não sabem o que gostam, mudam de gosto drasticamente de um segundo a outro, não sabem o que querem ou então mudam de opiniões e objetivos a todo momento;
  • Sua orientação sexual também pode ser instável: uma boa parte dos borderlines têm dificuldade ou instabilidade em relação à sua própria orientação sexual, sendo que também não sabem o que são, mudando rapidamente de uma identidade sexual para outra. Por exemplo, eles podem não ter certeza se são realmente heterossexuais ou homossexuais, ou então podem ser bissexuais (isto não é regra);
  • Borderlines são cheios de imagens contraditórias de si mesmos. Eles relatam geralmente que sentem o vazio interior, que são pessoas diferentes dependendo de com quem estão;
  • Esses indivíduos possuem tanta dificuldade em saber "quem são" que, em casos mais graves, perdem totalmente a noção da sua própria identidade, procuram um modo de "achar-se" em algum outro tipo de identidade, possuem sentimentos de que irão desaparecer ou fundir-se e de que não são reais ou são inexistentes;
  • Mudam de desejos, opiniões e humor num piscar de olhos;
  • "Mantenha a distância um pouco próximo": o borderline pode começar a se sentir subjugado ou com medo de estar perdendo o controle quando uma pessoa se aproxima demais dele. Ao tempo que ele quer a intimidade, ele não sabe como estabelecer limites de maneira saudável, e a intimidade genuína pode fazê-lo sentir-se vulnerável ou abusado. Ele talvez esteja com medo de que o outro possa ver o seu "verdadeiro" eu, fique enojado e o abandone. Então, ele começará a se distanciar para evitar se sentir vulnerável ou controlado. Ele pode arranjar uma briga com o outro, "esquecer" alguma coisa importante ou fazer algo dramático ou explosivo. Mas então a distância o faz se sentir solitário. Os sentimentos de vazio pioram e o seu medo de abandono se torna forte. Então ele faz esforços frenéticos para se aproximar novamente e o ciclo de repete.
  • O indivíduo limítrofe muda de comportamento drasticamente, sem motivo evidente, tal como passam de um comportamento delicado e gentil para frio, seco ou distante.

Narcisimo e histrionismo

  • Podem parecer egoístas ou egocêntricos;
  • Suas emoções e sentimentos são tão intensos que eles têm dificuldade em colocar as necessidades dos outros em primeiro lugar, acontecendo o contrário: suas necessidades são colocadas antes das dos outros, pouco importando se a pessoa em relação é seu filho, pai, mãe etc.;
  • Eles se sentem ignorados quando não são o foco da atenção;
  • Visto sob esta ótica narcisista, o borderline é um balão inflado a ar - por fora, uma imagem adulta poderosa; por dentro, uma criança frágil, impotente e triste.
  • Fazem ou dizem algo impróprio para receber atenção e cuidado quando se sentem ignorados. Por quererem atenção, tais traços histriônicos podem estar presentes, tais como: às vezes o borderline pode se vestir sexualmente provocante para receber cuidado e atenção, podem inventar histórias ou exagerá-las, exagerar sintomas ou doenças, entre outros comportamentos a fim de reafirmar sua presença;
  • Alguns borderlines podem jogar o papel de vítima para si mesmos, porque isso atrai atenção solidária, fornece uma identidade e lhes dá uma ilusão de que não são responsáveis por suas próprias ações;
  • Há uma evidente exigência narcisista no borderline: alguns borderlines frequentemente trazem o foco da atenção para si mesmos. Algumas pessoas com personalidade borderline puxam a atenção para si mesmos por ficar se queixando de doenças; outras talvez ajam inapropriadamente em público. Esse comportamento narcisista pode ser sobrecarregante especialmente para as outras pessoas que não possuem o transtorno de personalidade borderline, visto que o limítrofe nem mesmo considera como suas ações afetarão a outra pessoa.
  • Negam os efeitos de seu comportamento em outros, frequentemente diz que os outros exageram;
  • Cheia de auto-ódio, a pessoa borderline talvez acuse os outros de odiá-la ou de nunca amá-la. Com medo de ser abandonada, ela pode se tornar tão crítica e facilmente enfurecida, que por fim desejam realmente abandoná-la. Então, incapaz de enfrentar a causa de sua dor, o borderline pode culpar os outros e se colocar no papel de vítima;
  • Às vezes, podem ser exageradamente dramáticos, fazendo "tempestade em copo d'água";
  • Podem ser tidos como incapazes de demonstrar gratidão.

Irritabilidade e comportamento briguento

  • Irritam-se muito facilmente, sendo que muitas vezes por motivos inexistentes ou incomprensíveis aos olhos dos outros. Às vezes os familiares não sabem o motivo que levaram o borderline a adotar um comportamento agressivo para com eles, por exemplo.
  • Generalizando, o borderline é facilmente conhecido por pessoas íntimas como uma pessoa: geniosa, "de lua", que fica brava facilmente, indecisa, imprevisível, egocêntrica, controladora, perspicaz, exagerada, rude, áspera, indelicada e emocionalmente desequilibrada. No entanto, demonstra paralelamente grande carência afetiva e fragilidade emocional.
  • São indivíduos que têm dificuldade em demonstrar o amor, carinho e generosidade de forma genuína, embora o sintam de forma sincera
  • Eles podem criar crises ou brigas desnecessárias, demonstrando um estilo de vida caótico e desorganizado;
  • Geralmente, o que parece ser raiva, impulsividade, agressividade e comportamento manipulativo é na realidade uma tentativa mal-orientada de extrair envolvimento e afeição;
  • O borderline vive constantemente num caos. Ele pode deliberadamente levantar argumentos e isso em constante conflito com outros. Ele também pode ser fanático por drama, desde que isso crie agitação;
  • Como não toleram frustração e não controlam a impulsividade, podem acabar se envolvendo na criminalidade antes de receber qualquer ajuda médica ou psicoterápica: tal é o grau de desordem de suas vidas, que os pacientes borderline geralmente viram caso de polícia antes de virarem caso de psiquiatria;
  • Tentam diminuir o vazio, a dor interna e a tensão interior através da raiva e brigas.

Sequelas de abuso na infância

  • Alguns especialistas acreditam que o transtorno de personalidade limítrofe seja uma síndrome consequente de graves sequelas na personalidade, decorrente de diversas formas de abuso na infância;
  • Uma boa parte das pessoas com o transtorno tiveram uma infância traumática (porém, isto não é regra geral);
  • Borderlines têm dificuldade em confiar nas pessoas (especialmente se houve abuso), sobretudo nos indivíduos do mesmo sexo do abusador;
  • Borderlines com histórico de abuso, podem repetir o roteiro do passado. Eles tendem a se sentir eternamente vitimados porque estão condicionados a esperar o comportamento cruel das pessoas em que confiam. Quando crianças, podem ter se sentido responsáveis pela circunstância traumática. Podem ter acreditado que algo neles levou as pessoas agirem daquela forma cruel. Então, quando adultos, essas crianças anteriormente abusadas esperam o pior das pessoas, existindo sempre um grande pessimismo. Interpretam o comportamento normal como cruel ou negligente e reagem com a raiva, desespero ou humilhação intensa. As pessoas em torno deles ficam confusas porque não podem ver o que realmente provoca o seu comportamento;

Desconfiança e idéias paranóides

  • Borderlines têm dificuldade em confiar nas pessoas;
  • Têm frequentemente idéias paranóides, estas são maiores em períodos de estresse ou sensação de abandono e solidão;
  • Borderlines caminham numa linha tênue entre sanidade e a loucura, às vezes se desequilibram e acabam por caminhar francamente na loucura, com alucinações e idéias delirantes, especialmente em situações estressantes, embora não possam ser diagnosticados como totalmente psicóticos ou esquizofrênicos.
  • Manias de perseguição e pensamentos paranóides são comuns;
  • Facilmente interpretam as ações de outras pessoas erroneamente como hostis, ameaçadoras, irritantes ou zombadoras, o que causa um gatilho para explosões de irritabilidade e brigas constantes, porque tendem a reagir da mesma forma pela qual acreditaram ter sido tratados.

Despersonalização

  • Borderlines podem sentir que não são reais, são inexistentes, especialmente quando estão sozinhos;
  • Em momentos de grande estresse ou quando percebem o abandono real ou imaginado, podem dissociar-se, existindo assim a despersonalização. Eles relatam tal fenômeno sendo frequente, mas que aumentam de intensidade nos momentos em que estão a sós ou sentem-se abandonados, ignorados ou rejeitados;
  • A despersonalização pode ser referida por uma sensação de irrealidade, de que nada mais é real em sua volta, nem eles mesmos. Podem acreditar estar num sonho ou pesadelo, cuja sensação de irrealidade é fortemente angustiante. Ainda podem relatar que estão num filme e vêem tudo como se estivessem fora do corpo, como se tivessem se desprendido da sua própria personalidade ou do seu corpo. Tais sensações são tão fortes que podem se sentir deprimidos e angustiados, sendo às vezes um gatilho para a auto mutilação (podem se mutilar para sentir que são reais);
  • Quando estão tendo uma crise de despersonalização, as outras pessoas podem perceber um comportamento levemente anormal, como por exemplo, uma falta de atenção, como se a pessoa estivesse longe, distante ou "viajando";
  • Alguns borderlines podem conviver dias, semanas e até meses com despersonalização, sendo pegos a todo instante pela sensação angustiante de irrealidade e de desprendimento do corpo.
  • Algumas pessoas relatam que olhar-se no espelho bem como se lembrar da despersonalização piora o quadro, pois sentem-se irreais ou inexistentes;
  • Borderlines podem ter problemas com a memória e atenção, especialmente em momentos de dissociações tais como a despersonalização. Eles podem ter "brancos" e apagões, esquecimentos sobretudo após essas situações.
  • Geralmente a despersonalização é precedida geralmente por dois motivos: ou o sentimento de rejeição por uma pessoa amada ou por indagações e dúvidas a respeito de quem ele é, do que ele gosta. Como o borderline não consegue ter uma identidade concreta e definida, ele não consegue se auto definir, não tem certeza de quem ele é e possui um grande sentimento de ter se perdido de si próprio ou de que sua identidade é falsa ou copiada. Por isso a instabilidade em suas vidas. Sua identidade é, a todo momento, construída e destruída, gerando uma inconstância insuportável.

Sentimentos e emoções

  • Possuem intensos sentimentos crônicos de vazio e tédio. Nada os preenche, nada os satisfaz, tudo vira enjoativo, monótono e tedioso rapidamente;
  • Eles se sentem a maior parte do tempo irritáveis, ansiosos ou desconfiados;
  • Eles se sentem ignorados por motivos insignificantes para outras pessoas;
  • Raramente dizem com palavras que têm medo de serem rejeitados. Sempre demonstram isso através de manipulações, chantagens, discussões e agressões, mas jamais admitem;
  • Acreditam que "quem ama não abandona", se "não ama, então, odeia" (pensamento extremista);
  • Recordam de situações de modo muito diferente de outras pessoas ou então se acham incapazes de se lembrar de tudo;
  • Se veem como pessoas más (ou fora dos padrões);
  • Por terem esse tipo de sentimento, eles demonstram baixa responsabilidade por si só;
  • Eles se sentem muito merecedores de atenção, entretanto, sentem-se como se nunca conseguissem, como se nunca fossem receber amor, atenção e afeto. Um simples "não" de uma pessoa significante para o borderline, é visto como prova de rejeição, motivo para mudar radicalmente de humor;
  • Sentem-se irreais, inexistentes ou fora de si, como se não tivessem uma personalidade;
  • Eles não têm uma identidade bem formada. Tal identidade é destruída e remontada a toda hora, por isso a instabilidade e incertezas são constantes na vida de um borderline.
  • Tentam preencher o vazio interno através de comportamentos exagerados;
  • Borderlines olham para outros para conseguir coisas que se acham difíceis de suprir a si mesmos tais como segurança, otimismo e identidade;
  • O medo de abandono ou rejeição nessas pessoas é tão grande que a perda potencial de um relacionamento ou uma grande rejeição sentimental é como a perda de um braço ou perna, ou mesmo a morte. Ao mesmo tempo, sua auto-estima é tão baixa que não entendem por que alguém poderia querer viver com eles. Por isso são hipervigilantes: estão o tempo todo tentando achar uma forma de comprovar que a outra pessoa não o ama de verdade. Quando suas suspeitas são supostamente confirmadas, podem estourar em raiva, fazer acusações, chantagens, provocações, agredir, procurar vingança, mutilar-se, ter um caso, mentir e entre outras inúmeras situações extremas;
  • São intolerantes às ambiguidades humanas;
  • Às vezes eles se acostumam a aproximar-se das pessoas de modo amigável e adorável, a fim de que cuidem-no. Mas depois percebem que nenhuma dessas pessoas são capazes disso, porque embora se sintam como uma criança por dentro, eles se parecem como adultos por fora.
  • Borderlines têm uma visão infantil do mundo: ambivalência, problemas constantes de objetivo, problemas de abandono/subjugamento, impaciência, problemas de identidade, exigências narcisistas, aparente falta de empatia e manipulação são todos pensamentos borderlines que imitam estágios de desenvolvimento nas crianças.
  • Quando uma criança de dois anos quer alguma coisa, ela quer isso agora, não amanhã. Quando o borderline está fazendo compras, por exemplo, ele é assim. Ele não consegue dizer não a si mesmo, então ele compra, mesmo que esteja com dívidas. Para uma criança, a coisa mais importante é a segurança. Para borderlines, também. O interior permanece escondido. Mas por baixo de toda a delicadeza e gentileza aparente, se esconde uma criança furiosa e aterrorizada, que é vista apenas por pessoas muito íntimas.
  • Alguns tendem ao Infantilismo

Pensamentos borderline

  • "Eu tenho que ser amada por todas as pessoas importantes na minha vida o tempo todo senão isso significa que eu sou desprezivel";
  • "Algumas pessoas são ótimas e tudo sobre elas é perfeito. Outras pessoas são inteiramente péssimas e devem ser severamente censuradas e punidas por isso";
  • "Odeio quando as pessoas não dão atenção para mim;
  • "Eu não tenho controle sobre meus sentimentos ou as coisas que faço em consequência deles;
  • "Ninguém se importa comigo tanto o quanto deveria, então eu sempre perco todos com quem me importo - apesar das coisas desesperadas que eu tento fazer para impedi-los de me abandonar";
  • "Quando eu estou sozinha, eu me torno ninguém e nada";
  • "Eu não consigo parar a frustração que eu sinto quando necessito algo de alguém e não sou capaz de receber isso."
  • "O que será que eu fiz para ele(a) me olhar com desdém?"
 Quando os sintomas ficam expostos?
O distúrbio é totalmente evidente, geralmente, no final da adolescência (18 anos) ou, no máximo, no início da idade adulta (21 anos). Os sintomas também ficam fortemente vistos quando apaixonam-se e começam um relacionamento amoroso.

O transtorno é um "defeito" da pessoa ou realmente uma doença?

Defeitos todas as pessoas têm. Diferente do borderline que acredita que as pessoas devem ser totalmente perfeitas, sem defeitos, ou totalmente desastrosas, sem virtudes — todas as pessoas têm seu lado ruim e lado bom, seus defeitos e suas qualidades. O distúrbio não tem nada a ver com a "natureza" da pessoa, não é "um de seus defeitos", é realmente uma verdadeira doença, mesmo uma grave desordem, crônica e sofrida. Centenas de estudos e publicações pelo mundo todo comprovam isto. O que o faz um distúrbio grave é não só sua forte taxa de suicídio mas também um grande sofrimento psíquico, exteriorizado ou não. Entretanto, tanto o paciente quanto os que estão em sua volta, estão "acostumados" com esses comportamentos "bizarros", porque geralmente estão presentes desde a pré-adolescência em diante, o que os fazem acreditar que simplesmente é "o jeito" da pessoa.

É preciso ter todos os sintomas para ser borderline?

Obviamente, não. Assim como qualquer outra pessoa, é preciso lembrar que o borderline é, acima de tudo, um ser humano e, portanto, cada um é diferente do outro. Mas são pessoas que sofrem e fazem sofrer. Também é importante lembrar que eles não "são" borderlines e sim pessoas que sofrem de um distúrbio de personalidade borderline. Nem todos as pessoas com a desordem vão ter que, necessariamente, se automutilar, fazer tentativas de suicídio, nem ter acessos de cóleras, condutas inadequadas e comportamentos compulsivos para aliviar seu sofrimento interno. Alguns serão capazes de enganar o mundo completamente, o que muitas vezes "corrige" o ambiente, enquanto outros mais graves são menos capazes de esconder a sua dor. Em todos os casos, entretanto, as pessoas com o distúrbio sempre têm problemas para gerar suas emoções e, consequentemente, seus relacionamentos com os outros.

Somos todos borderlines?

Não. Algumas pessoas podem ter traços borderlines e se identificar com alguns sintomas, mas isto não quer dizer que ela possui o distúrbio. Entretanto, isto é uma questão de determinação e duração. Deve-se ter em mente, que o borderline não está se comportando desta maneira por acaso, e sim porque ele se comporta repetidamente e exageradamente assim. Por outro lado, não se torna borderline à idade adulta, uma vez que o distúrbio se remete a tempos muito mais distantes. Um trauma não pode "acordar" um distúrbio nesta idade. O borderline, infelizmente, não tem uma capacidade normal para sobreviver às frustrações do cotidiano. Ele não é assim porque é "mimado", "fresco" ou simplesmente porque quer. Ele tipicamente não sabe lidar com problemas comuns do dia-a-dia. Quando as pessoas confrontam-se com um problema, obviamente, sentem-se mal, entretanto, em seguida conseguem contornar a situação e erguer-se novamente. O borderline, não, sente-se ferido facilmente, reage de forma exagerada e anormal ao estresse e também demora muito mais tempo para conseguir voltar ao normal, sofrendo sempre muito mais e por mais tempo que as outras pessoas.
FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_de_personalidade_lim%C3%ADtrofe

Um comentário:

  1. Faz 63 anos que nasci bipolar,escrevi três livros sobre o assunto tipo biografia, procurando saber sobre o transtorno borderlines, encontrei este blog do Marcelo Pereira, não consigo parar de ler, é muito completo no que diz respeito a saúde mental, fora qualquer preconceito gosto muito da mente feminina, sempre achei as muito românticas, tipo eternas crianças felizes, que nos homens não sabemos compreender, agora veio à tona o borderlines, assim ficou mais fácil aceitar certos momentos de impaciência das minhas filhas e netas e esposas.

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