Favela da cidade de Nkaneng, na África do Sul, em imagem de 9 de julho
Um estudo publicado pela revista "Science" na quinta-feira (29) indica que a pobreza pode ser um fator que prejudica o desempenho mental. Segundo a análise dos autores, liderados por Ananda Mani, da Universidade de Warwick, no Reino Unido, a falta de recursos "drena" as reservas mentais.
Pesquisas anteriores já haviam identificado relações entre a pobreza e prejuízo à cognição, mas o novo artigo – que teve colaboração das universidades Harvard e Princeton, nos EUA, e de British Columbia, no Canadá – sugere uma relação causal entre a falta de dinheiro e uma diminuição das faculdades cognitivas, que envolvem funções como atenção, percepção, memória, raciocínio, imaginação, pensamento e linguagem.
Em uma parte do estudo, os cientistas avaliaram o desempenho de 101 pessoas em atividades simples em um computador, enquanto elas precisavam pensar sobre quatro cenários de problemas financeiros hipotéticos, como o conserto de um carro, após terem ido a um shopping center de Nova Jersey, entre 2010 e 2011.
Quando o preço do conserto era menor (R$ 356), os voluntários de renda mais baixa (R$ 47.500 anuais, ou quase R$ 4 mil mensais) tiveram um desempenho melhor do que quando o suposto reparo era mais caro (R$ 3.562). Ao mesmo tempo, os participantes com renda alta (R$ 165.250 anuais, ou R$ 13.770 mensais) tiveram um bom desempenho nas duas situações.
Além disso, quando os cenários fictícios eram fáceis, ou seja, os problemas financeiros não pareciam tão graves, tanto os pobres quanto os ricos se saíram bem nos testes.
Em média, uma pessoa preocupada com problemas financeiros teve uma queda na função cognitiva semelhante à perda de até 13 pontos no QI (quoeficiente de inteligência), o equivalente à perda de uma noite inteira de sono, destaca o estudo.
"Estamos argumentando que a falta de recursos financeiros em si pode levar a um prejuízo da função cognitiva. A própria condição de não ter o suficiente pode realmente ser uma causa de pobreza", diz o professor assistente de psicologia Jiaying Zhao, da Universidade de British Columbia.
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