A discussão é antiga: será que em pessoas criativas e com dons
artísticos há maior incidência de doenças mentais como bipolaridade,
depressão e abuso de drogas? Logo de cara já dá para pensar em vários
exemplos: Amy Winehouse, Sylvia Plath (foto), Kurt Cobain …
Pois pesquisadores do Karolinska Institutet,
na Suécia, analisaram o histórico de quase 1,2 milhão de pacientes e
seus familiares e confirmaram essa hipótese. No ano passado, a equipe
já havia mostrado que há uma porcentagem maior de artistas e cientistas
em famílias onde o transtorno bipolar e a esquizofrenia estão presentes
do que na população em geral.
Agora, eles expandiram o estudo para abranger outros diagnósticos
psiquiátricos, como depressão, ansiedade, abuso de álcool, uso de
drogas, autismo, TDAH, anorexia nervosa e suicídio, e incluíram pessoas
em atendimento ambulatorial em vez de pacientes exclusivamente
hospitalares.
Os resultados confirmaram os do estudo anterior: o transtorno bipolar
novamente se mostrou mais comum entre pessoas com profissões artísticas
ou científicas, como bailarinos, pesquisadores, fotógrafos e
escritores, do que na população geral. Mas, tirando o transtorno
bipolar, os indivíduos com profissões criativas não mostraram maior
propensão a sofrer de transtornos psiquiátricos em relação aos outros.
“No entanto, ser um escritor está especificamente associado com maior probabilidade de se ter esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão, transtornos de ansiedade e abuso de drogas”,
diz o estudo. E tem mais: eles foram quase 50% mais propensos a cometer
suicídio do que as outras pessoas. Estão aí Sylvia Plath, Virginia
Woolf e Ernest Hemingway como exemplo.
Será que são as doenças que levam a pessoa para essas profissões ou o
contrário? Em todo caso, de acordo com Simon Kyaga, um dos autores do
estudo, tal associação entre a criatividade e a doença mental dá motivos
para se reconsiderar a forma como ela é tratada. “Na psiquiatria e
medicina em geral, tem havido uma tradição de se ver o problema como
algo em preto-e-branco e há o esforço para tratar o paciente removendo
tudo o que for considerado mórbido”, diz ele no Medical Xpress.
“Mas, se alguém acredita que certos fenômenos associados a ele são
benéficos para o paciente, isso abre o caminho para uma nova abordagem
no tratamento. Nesse caso, médico e paciente devem chegar a um acordo
sobre o que deve ser tratado, e a que custo”, completa.
FONTE: http://super.abril.com.br/blogs/como-pessoas-funcionam/doencas-mentais-sao-mais-comuns-em-pessoas-com-trabalhos-ligados-a-arte-e-criatividade/?utm_source=+redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=+redesabril_super
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