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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

CIBERFOBIA


CAROLINA MANDL
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um mundo cada vez mais informatizado, é difícil imaginar alguém que se negue a usar o computador mesmo tendo um PC em sua casa.
Mas há um grupo de pessoas que quer distância de qualquer mouse. São aquelas que têm a ciberfobia, um medo quase incontrolável dos computadores.
Segundo os especialistas consultados pela Folha, não há números que mostrem quantos indivíduos são acometidos por essa fobia. Mas relatos de psicólogos e de professores de informática mostram que essa síndrome não é mera ficção.
Federica Mazzoni, 51, por exemplo, admite que já teve muito medo dos computadores até que, há dois anos, arrumou um emprego pela internet. Claro que não foi ela -com todo o seu pavor cibernético- quem colocou o currículo on-line, mas seu filho.
Depois de fazer provas e entrevistas, foi selecionada. Quando as tarefas que deveria fazer foram apresentadas a ela, tomou um susto: deveria organizar listas de presentes de um supermercado por um sistema on-line que inclui um palmtop e um scanner. Tudo muito bem explicado em um manual de mais de cem páginas.
Ela disse sim, mesmo sem saber como ligar um computador. "Aceitei a vaga porque precisava muito do emprego." Como Mazzoni tinha três semanas para domar o medo, contratou uma amiga para ensiná-la a usar um PC.
Quando chegou à empresa, nem o medo nem a inabilidade com o micro tinham ido embora. "Ficava com vergonha que as pessoas me vissem usando o computador porque não conseguia nem controlar o mouse. Eu suava."
Hoje já consegue desempenhar suas atividades sem problemas, mas ainda não se sente à vontade. Tanto que, nas suas próximas férias, vai contratar um professor particular. "Ainda não me sinto à vontade. Não uso o computador em casa. Também não tenho coragem de arriscar. Faço tudo sempre igual com medo de apagar as coisas ou de não saber onde elas foram guardadas."

Causas e sintomas
Para quem tem medo de computador, os sintomas são os mesmos que aqueles manifestados em outras fobias: sudorese, descarga de adrenalina, angústia, ansiedade e tremor.
Segundo Renato Sabbatini, diretor do Núcleo de Informática Biomédica da Unicamp, em alguns casos é preciso receitar até medicamentos para controlar a ansiedade.
Mas como explicar que alguém tenha pavor de um computador? Afinal, ele não morde, não fala e é controlado por humanos.
De acordo com Sabbatini, o medo do computador está relacionado à neofobia. "As pessoas resistem às coisas novas. Por isso o receio da tecnologia. Isso não acontece com as crianças porque quase tudo no mundo é desconhecido para elas", afirma ele.
Outro motivo pode estar ligado à vaidade. "Não é medo da máquina em si, mas de mostrar a própria incapacidade de usar a máquina", diz Rosa Farah, do Núcleo de Pesquisas de Psicologia em Informática da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).
Para tratar o medo, os especialistas dizem que o primeiro passo é admitir que ele existe. Depois, pode-se tanto procurar cursos especiais para quem tem ciberfobia quanto um tratamento. "Cada um escolhe um jeito de se cuidar. Não se pode deixar o medo atrapalhar a vida profissional", diz Farah. Isso, Mazzoni tirou de letra.
FONTE:  http://www.renato.sabbatini.com/FolhaSP-ciberfobia.htm

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