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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Reforma Psiquiátrica.

Historicamente a loucura esteve muito tempo livre, seja por caridade cristã, na época medieval, seja por ser entendida como uma livre expressão do homem, na época do Renascimento. Com a revolução industrial, a necessidade de aproveitamento de mão de obra para a produção, apontou a necessidade de excluir do corpo social todo aquele que não pudesse produzir. Internam-se, então, não somente os loucos, mas tb os inválidos de todos os gêneros, os velhos, os nobres decadentes e esbanjadores, estes últimos sobretudo para que não dessem o mal exemplo a uma sociedade trabalhadora. Será apenas na segunda metade do século XVIII que Pinel vira trazer status cientifico ao tratamento da loucura, e aí, absorvendo claramente a ideologia da época, com um tratamento moral, que reeducava para o trabalho. A proliferação e superlotação dos hospícios até a metade do nosso século mostraram que o método de Pinel não era eficaz. Nos anos 50, com o surgimento dos psicofármacos e o conseqüente esvaziamento dos hospícios, tem início uma nova perspectiva para o tratamento dos deficientes mentais.
A partir desta época os hospitais psiquiátricos passam a se organizar com objetivos implícita e explicitamente definidos como:
1.           Terapêutico: transformar as pessoas, retirando-as de um estado de doença ou incapacidade;
2.           Socializador: persuadir os pacientes a internalizarem as normas e os valores dessa micro sociedade.
Na verdade, estes objetivos são cumpridos adequadamente. Quanto ao objetivo principal – o terapêutico, vislumbra-se algumas dificuldades: as causas das doenças mentais ainda não são claras, o que compromete uma abordagem terapêutica realmente eficaz. As várias formas de compreender a loucura, fruto de variados pressupostos teóricos, leva a uma pluralidade no atendimento que torna difícil a comparação de eficácia. A própria clientela desses serviços tem peculiaridades: a doença mental, não cursa necessariamente dor com sofrimento. O doente não sabe que está doente, alguém lhe confere esse status. As internações compulsórias transformam esses indivíduos em não cidadãos, pessoas desqualificadas no seu poder de verbalizar reivindicações por serem social e moralmente ilegítimas.
Retirado da apostila do Senac Saúde - AP - Saúde Mental.

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