Nos últimos dez anos, o número de pessoas com depressão
aumentou 18,4% — hoje, isso corresponde a 322 milhões de indivíduos, ou
4,4% da população da Terra. Os dados vieram à tona em um relatório
recente realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para piorar, os brasileiros estão levando esses índices para o alto.
No nosso país, 5,8% dos habitantes sofrem com a desordem, a maior taxa
do continente latino-americano. A faixa etária mais afetada varia entre
55 e 74 anos.
“Apesar de a depressão atingir sujeitos de todas as idades, o risco
se torna maior na presença de pobreza, desemprego, morte de um ente
querido, ruptura de relacionamento, doenças e uso de álcool e de drogas”, atesta o relatório.
O sexo feminino é o que mais sente as consequências — 7,7% das
mulheres são ansiosas e 5,1% são depressivas. Quando se trata dos
homens, a porcentagem cai para 3,6% em ambos os casos.
O documento ainda mostra uma possível causa para a taxa elevada de
problemas mentais que o mundo presencia atualmente: “Esse crescimento é
sentido principalmente em países com menor renda, porque a população
está aumentando e mais gente está vivendo até a idade em que depressão e
ansiedade são mais comuns”.
Acho que os sonhos sempre se acabam Eles não crescem, apenas declinam Mas eu não me importo mais Eu perdi a vontade de querer mais Eu não estou com medo, de jeito nenhum Eu os assisto enquanto eles caem Mas eu lembro De quando éramos jovens Aqueles com hábitos de desperdício O senso de estilo e o gosto De terem certeza que você estava certo Ei, você não sabe que estava certo? Eu não estou mais com medo Eu mantenho meus olhos na porta Mas eu lembro Lágrimas e tristeza por você Receio do medo por você Reflete um momento no tempo Um momento especial no tempo Sim, nos desperdiçamos nosso tempo Nós na verdade não tivemos tempo Mas nós lembramos De quando éramos jovens E todos os anjos de Deus acautelam-se E todos vocês, julgadores, acautelam-se Filhos da casualidade, cuidem-se bem Por todas as pessoas lá fora Eu não estou mais com medo. FONTE:https://www.letras.mus.br/joy-division/104991/traducao.html
A cocaína ultrapassou a anfetamina,
conhecida como “rebite”, e já é a droga mais utilizada por caminhoneiros
que querem se manter acordados por várias horas.
Segundo laboratórios credenciados para
aplicar o teste toxicológico exigido para a obtenção ou a renovação da
CNH (Carteira Nacional de Habilitação) nas categorias C, D e E, mais da
metade dos resultados positivos indicam o uso de cocaína.
A obrigatoriedade do exame toxicológico
foi estabelecida pela Lei Federal 13.103, conhecida como Lei do
Caminhoneiro, sancionada em março de 2015 e que entrou em vigor um ano
depois.
Caso o resultado seja positivo para
maconha, cocaína, anfetaminas ou opiáceos, o motorista deve esperar 90
dias para solicitar um novo teste. A janela também é de 90 dias – se o
motorista utilizar alguma dessas drogas neste período, o uso é
identificado no teste.
“A partir do
momento em que a legislação foi amadurecendo, os motoristas foram
incorporando esse processo e agora eles estão mais precavidos”, diz Jean
Haratsaris, gerente geral da DB Toxicológico, um dos laboratórios
credenciados para aplicar o teste. “Desde então, houve uma redução de
40% no número de acidentes com veículos pesados”.
O exame que permite uma detecção do uso
de drogas em um período maior utiliza 120 fios de cabelo, com quatro
centímetros de comprimento, ou um chumaço de pelos equivalente a uma
bola de algodão de dois centímetros de diâmetro. Exames de urina,
explica Haratsaris, detectam a presença de substâncias proibidas
consumidas apenas nos últimos cinco dias. “A droga mais utilizada até
pouco tempo atrás era o rebite, que perdeu o status para a cocaína.
O custo baixou e ela é vendida em muitos
pontos das estradas”, relata Haratsaris. “O acesso é mais fácil, mas há
uma série de problemas colaterais”. O doutor em toxicologia e análises
toxicológicas Fabiano Mateus avalia que a cocaína também ganhou espaço
porque o rebite pode não apresentar o efeito desejado após um uso
contínuo.
“Para diminuir o tempo gasto entre os
trajetos e estar ligado 24 horas por dia, muitos caminhoneiros optam por
utilizar substâncias mais pesadas”, diz. “Os sintomas são muito
perigosos, pois em vez de aumentar os reflexos, a substância os diminui,
o que pode ser fatal enquanto se está dirigindo”.
O Ministério Público do Trabalho estima
que um terço dos caminhoneiros brasileiros utilizam algum tipo de
substância para se manter acordado. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária
Federal), em 2017 foram registrados 89.318 acidentes graves nas estradas
e 48% deles foram provocados por caminhões.
Confira o relato da estudante Siti Nurannisaa, a primeira a sentir os "sintomas", à BBC News.
Os alarmes tocaram.
Estava em minha mesa quase dormindo quando senti alguém batendo muito forte no meu ombro.
Virei-me para ver quem era e a sala ficou escura de repente.
O medo me invadiu. Senti uma dor aguda nas minhas costas e minha cabeça começou a girar. Caí no chão.
Antes de que me desse conta, estava em "outro mundo". Cenas de pura violência.
A coisa mais assustadora que vi foi um rosto maligno.
Estava me assombrando, não consegui escapar. Abri minha boca e tentei gritar, mas nenhum som saiu.
Desmaiei.
O ataque de Siti desencadeou uma poderosa reação em
cadeia que percorreu toda a escola. Em poucos minutos, alunos de outras
salas de aula começaram a gritar, e seus gritos frenéticos podiam ser
ouvidos pelos corredores.
Uma menina desmaiou depois de afirmar ter visto a mesma "figura sombria".
Sem saber o que acontecia, professores em pânico e
estudantes montaram barricadas. De repente, a escola secundária parecia
um cenário de guerra. Curandeiros espirituais islâmicos foram chamados
para realizar sessões de oração em massa.
Ao fim do dia, 39 pessoas foram consideradas afetadas por um surto de "histeria em massa".
A histeria em massa, ou doença psicogênica em massa,
como também é conhecida, é a rápida disseminação de sintomas físicos,
como hiperventilação e espasmos, em um grupo considerável de pessoas -
sem causa orgânica plausível.
"Trata-se de uma reação coletiva ao
estresse que leva a uma superestimulação do sistema nervoso", diz o
sociólogo médico americano Robert Bartholomew. "Pense nisso como um
problema de software."
As razões por trás da histeria em massa são
em geral pouco compreendidas e não estão listadas no Manual Diagnóstico
e Estatístico de Transtornos Mentais, usado por profissionais da área.
Mas psiquiatras como Simon Wessely, do hospital King's College, em
Londres, no Reino Unido, atribuem o fenômeno ao "comportamento
coletivo".
"Os sintomas apresentados são reais - desmaios, palpitações,
dores de cabeça, náuseas, tremores e até convulsões", diz ele. "Muitas
vezes o episódio é atribuído a uma condição médica, mas para o qual
nenhuma explicação biomédica convencional pode ser encontrada."
A transmissão, acrescenta, "é em grande parte devido a fatores psicológicos e sociais".
Surtos assim foram registrados em diversas partes do
mundo, com casos que datam da Idade Média. Incidentes na Malásia
aconteceram principalmente entre trabalhadores de fábricas durante os
anos 1960. Hoje, afetam principalmente crianças em escolas e internatos.
Robert Bartholomew passou décadas pesquisando o fenômeno na Malásia. Ele chama o país de "capital mundial da histeria em massa".
"É
um país profundamente religioso e espiritual, onde muitas pessoas,
especialmente as que vivem nos Estados rurais e conservadores, acreditam
nos poderes do folclore tradicional e do sobrenatural", diz.
Mas o
assunto continua sendo delicado no país. Na Malásia, meninas
adolescentes da maioria étnica muçulmana malaia são, normalmente, o
grupo mais afetado.
"Não há como negar que a histeria em massa é
um fenômeno majoritariamente feminino", diz Bartholomew. "É a única
constante na literatura (acadêmica)".
Siti diz que se sentiu mais pressionada durante
seu último ano letivo por causa das provas.
"Estava me preparando
há semanas, tentando memorizar minhas anotações, mas algo estava
errado", diz ela. "Parecia que nada estava entrando na minha cabeça."
O
incidente na escola deixou Siti incapaz de dormir ou comer de modo
adequado. Foi necessário um mês de descanso para ela pudesse voltar aos
eixos.
Um surto de histeria em massa geralmente começa com o
que os especialistas chamam de "paciente zero", a primeira pessoa a ser
afetada.
Nesse caso, a paciente zero foi Siti.
"Isso não
acontece da noite para o dia", diz Robert Bartholomew. "Começa com uma
criança e depois se espalha rapidamente para as outras por causa de uma
exposição a um ambiente onde há muita pressão."
Assim, basta um
grande pico de ansiedade em um grupo, como ver um colega de classe
desmaiar ou ter um ataque - para provocar uma reação em cadeia.
Rusydiah Roslan nunca se esquecerá de ver sua melhor
amiga naquele estado. "Siti estava gritando incontrolavelmente. Ninguém
sabia o que fazer. Estávamos com medo de tocá-la."
As garotas
sempre foram muito próximas, mas os eventos do ano passado fortaleceram
seu vínculo. "Isso nos ajuda a falar sobre o que aconteceu. Isso nos
ajuda a seguir em frente", diz Rusydiah.
No
início de 2016, a histeria em massa tomou conta de muitas escolas no
Estado. "As autoridades não puderam lidar com os vários surtos e fechar
todas as escolas", diz Firdaus Hassan, um repórter local.
Ele e o
cinegrafista de TV Chia Chee Lin se lembram de um abril tenso. "Era um
período de histeria em massa e os casos estavam acontecendo sem parar,
se espalhando de uma escola para outra", lembra Chia.
Um episódio
na cidade vizinha de Pengkalan Chepa atraiu uma atenção considerável da
mídia. Alunos e professores foram descritos em relatórios como
"possuídos" depois de verem uma "figura escura e sombria" espreitando ao
redor do complexo. Cerca de cem pessoas foram afetadas.
Siti
nos mostra um local isolado ao lado de uma quadra de basquete. "Aqui
foi onde tudo começou", diz, apontando para uma fileira de troncos de
árvores. "Meus colegas de escola disseram que viram uma mulher idosa de
pé entre as árvores".
"Não pude ver o que eles viram, mas suas reações foram reais."
É difícil determinar o que realmente aconteceu
naquele dia em Pengkalan Chapa 2, mas as autoridades não perderam tempo
em atacar o que acreditavam ser a fonte do problema.
"Vimos de
nossas salas de aula quando os trabalhadores chegaram com serras
elétricas para cortar as árvores", diz Siti Ain. "As árvores antigas
eram lindas e foi triste vê-las sendo cortadas, mas entendi o porquê."
Como
muitos estudantes aqui, ela encara o que aconteceu naquele dia não como
um surto de histeria em massa, mas como um evento sobrenatural.
Siti Nurannisaa e sua família foram instruídos sobre a histeria coletiva para entender os acontecimentos de um ano atrás.
"Qualquer
pai se sentiria mal ao ver um filho sofrer", diz Azam Yaacob, pai de
Siti. Ele diz que a filha nunca teve nenhum "problema psicológico".
Os psicólogos clínicos, como Irma Ismail, da Universiti Putra
Malaysia, não descartam o poder dessas crenças quando se trata de casos
de histeria em massa.
"A cultura malaia tem sua própria visão
sobre o fenômeno", diz ela. "Uma abordagem mais realista é a integração
de crenças espirituais com tratamento adequado da saúde mental."