A cocaína ultrapassou a anfetamina,
conhecida como “rebite”, e já é a droga mais utilizada por caminhoneiros
que querem se manter acordados por várias horas.
Segundo laboratórios credenciados para
aplicar o teste toxicológico exigido para a obtenção ou a renovação da
CNH (Carteira Nacional de Habilitação) nas categorias C, D e E, mais da
metade dos resultados positivos indicam o uso de cocaína.
A obrigatoriedade do exame toxicológico
foi estabelecida pela Lei Federal 13.103, conhecida como Lei do
Caminhoneiro, sancionada em março de 2015 e que entrou em vigor um ano
depois.
Caso o resultado seja positivo para
maconha, cocaína, anfetaminas ou opiáceos, o motorista deve esperar 90
dias para solicitar um novo teste. A janela também é de 90 dias – se o
motorista utilizar alguma dessas drogas neste período, o uso é
identificado no teste.
“A partir do
momento em que a legislação foi amadurecendo, os motoristas foram
incorporando esse processo e agora eles estão mais precavidos”, diz Jean
Haratsaris, gerente geral da DB Toxicológico, um dos laboratórios
credenciados para aplicar o teste. “Desde então, houve uma redução de
40% no número de acidentes com veículos pesados”.
O exame que permite uma detecção do uso
de drogas em um período maior utiliza 120 fios de cabelo, com quatro
centímetros de comprimento, ou um chumaço de pelos equivalente a uma
bola de algodão de dois centímetros de diâmetro. Exames de urina,
explica Haratsaris, detectam a presença de substâncias proibidas
consumidas apenas nos últimos cinco dias. “A droga mais utilizada até
pouco tempo atrás era o rebite, que perdeu o status para a cocaína.
O custo baixou e ela é vendida em muitos
pontos das estradas”, relata Haratsaris. “O acesso é mais fácil, mas há
uma série de problemas colaterais”. O doutor em toxicologia e análises
toxicológicas Fabiano Mateus avalia que a cocaína também ganhou espaço
porque o rebite pode não apresentar o efeito desejado após um uso
contínuo.
“Para diminuir o tempo gasto entre os
trajetos e estar ligado 24 horas por dia, muitos caminhoneiros optam por
utilizar substâncias mais pesadas”, diz. “Os sintomas são muito
perigosos, pois em vez de aumentar os reflexos, a substância os diminui,
o que pode ser fatal enquanto se está dirigindo”.
O Ministério Público do Trabalho estima
que um terço dos caminhoneiros brasileiros utilizam algum tipo de
substância para se manter acordado. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária
Federal), em 2017 foram registrados 89.318 acidentes graves nas estradas
e 48% deles foram provocados por caminhões.
FONTE: https://dbtoxicologico.com.br/noticias/droga-mais-utilizada-pelos-caminhoneiros-e-cocaina/
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