Do UOL, em São Paulo 11/11/2013
Segunda causa mais comum de invalidez em todo o mundo, a depressão fica atrás apenas das dores nas costas, segundo um estudo recém-publicado na revista científica PLOS Medicine.
A pesquisa comparou a depressão clínica, um dos transtornos mentais
mais comuns, com outras 200 doenças e lesões apontadas como causas de
invalidez. Segundo os autores, a doença deve ser tratada como uma
prioridade de saúde pública global.
Falar sobre transtornos mentais ainda é um assunto muito delicado. Mas o
fato é que eles são bem mais comuns do que se imagina. Segundo a OMS
(Organização Mundial da Saúde), os transtornos mentais atingem cerca de
700 milhões de pessoas no mundo, representando 13% do total de todas as
doenças. E apesar de doenças como esquizofrenia e psicose serem as
primeiras lembradas ao se falar no assunto, elas não são as mais
frequentes. No topo da lista estão a depressão e a ansiedade.
No Brasil, a capital paulista é a cidade com o índice mais alto de habitantes com transtornos mentais. Isso é o que aponta o projeto São Paulo Megacity:
estudo realizado pelo IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das
Clínicas de São Paulo com 5.037 residentes dos 39 municípios da região
da Grande São Paulo, em 2012.
Depressão
A depressão é caracterizada pela tristeza, baixa autoestima, pessimismo
e desânimo. Segundo a OMS, a depressão atinge cerca de 350 milhões de
pessoas pelo planeta, o que corresponde a 5% da população mundial. Só no
Brasil, 10% da população sofrem com o problema.
Já a ansiedade é caracterizada por excesso de pensamentos negativos,
sensação de aflição, incapacidade de relaxar, tensão e preocupação
exagerada. De acordo com a organização, a ansiedade atinge 10 milhões de
pessoas.Apesar dos altos números, muitas pessoas consideram a depressão e a
ansiedade mais um "estado emocional" do que uma doença. O que é um erro
grave: não dando o devido valor a esses sintomas, pode-se adiar o
diagnóstico da doença, agravar seu estado e até mesmo prejudicar seu
tratamento.
"É necessário entender que o transtorno mental é uma doença como
qualquer outra, como diabetes, por exemplo. É necessário buscar
tratamento para que os sintomas sejam controlados e, assim, a pessoa
possa levar uma vida normal", afirma a psicóloga Ana Cristina Fraia,
coordenadora terapêutica da Clínica Maia Prime.
Uma doença com tratamento
Os transtornos mentais podem ser causados por vários fatores, entre
eles a genética, a química cerebral (problemas hormonais ou uso de
substâncias tóxicas que afetam o cérebro) e o estilo de vida são tidos
como os principais. "Muita pessoas acreditam que os transtornos mentais
não tem componente físico e, portanto seriam causados apenas por fatores
externos, ambientais, sociais", aponta Pedro Katz, psiquiatra do
Hospital Samaritano de São Paulo.
Como qualquer doença, os transtornos mentais precisam de tratamento e
acompanhamento especializado. Existem medicamentos eficazes para tratar
depressão, esquizofrenia, transtorno obsessivo compulsivo e todas as
outras doenças mentais.
"Hoje, com um refinamento maior dos diagnósticos e com o avanço dos
tratamentos, pode-se ajudar pessoas que possuem alterações mais sutis em
relação a um sofrimento emocional, mas que, se diagnosticadas e
tratadas, apresentam uma melhora importante na qualidade de vida",
explica Marco Antônio Abud Torquato Junior, psiquiatra do Instituto de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP (Ipq/HCFMUSP) e do Hospital
Universitário da USP.
Porém o tratamento não é fácil: ele exige comprometimento e adesão - em
muitos casos para a vida toda. Isso porque a maioria dos transtornos
mentais não tem cura. Muitos médicos os comparam às doenças como
hipertensão ou diabetes, que também não têm cura, mas podem ser
controladas a ponto do paciente viver bem. "Não tem cura, mas tem
controle - desde que a pessoa busque e siga um tratamento adequado. Aí é
possível atingir uma boa qualidade de vida", ressalta Fraia.
Preconceito e desinformação O que não pode é ficar sem tratamento - o que acontece muitas vezes devido ao preconceito e a desinformação que cercam os transtornos mentais. E vencer isso é um verdadeiro desafio. "Em geral, o maior desafio está no início do tratamento, em ajudar a própria pessoa e sua família a vencerem o preconceito e o estigma em relação a realizar um tratamento psiquiátrico", afirma Torquato. Parte desse preconceito existe justamente pela falta de informação. O assunto ainda é considerado tabu e dificilmente é discutido abertamente, mesmo na mídia. Também não existem muitos materiais informativos ou campanhas para esse tipo de doença. E a informação é um aliado importantíssimo na hora de fazer um diagnóstico e buscar um tratamento, que pode fazer toda a diferença para a qualidade de vida e o bem-estar do paciente.
"As pessoas ainda têm muita dificuldade e pouco acesso a informações que as auxilie a compreender que, embora estejamos falando de doenças que se manifestam com alterações emocionais, mudanças de humor, do comportamento e do pensamento, existe na maioria dos casos um comprometimento orgânico. E que é necessário um tratamento, que é efetivo na grande maioria dos casos", explica Katz.
Preconceito e desinformação O que não pode é ficar sem tratamento - o que acontece muitas vezes devido ao preconceito e a desinformação que cercam os transtornos mentais. E vencer isso é um verdadeiro desafio. "Em geral, o maior desafio está no início do tratamento, em ajudar a própria pessoa e sua família a vencerem o preconceito e o estigma em relação a realizar um tratamento psiquiátrico", afirma Torquato. Parte desse preconceito existe justamente pela falta de informação. O assunto ainda é considerado tabu e dificilmente é discutido abertamente, mesmo na mídia. Também não existem muitos materiais informativos ou campanhas para esse tipo de doença. E a informação é um aliado importantíssimo na hora de fazer um diagnóstico e buscar um tratamento, que pode fazer toda a diferença para a qualidade de vida e o bem-estar do paciente.
"As pessoas ainda têm muita dificuldade e pouco acesso a informações que as auxilie a compreender que, embora estejamos falando de doenças que se manifestam com alterações emocionais, mudanças de humor, do comportamento e do pensamento, existe na maioria dos casos um comprometimento orgânico. E que é necessário um tratamento, que é efetivo na grande maioria dos casos", explica Katz.
FONTE: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/11/11/transtornos-mentais-afetam-cerca-de-700-mi-no-mundo-veja-mitos-e-verdades.htm
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