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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Reflexão sobre o Totem e Tabu - Freud.



Neste trabalho Freud tem em vista  contribuir com a antropologia social, sendo este o primeiro de outros ensaios relacionados a sociedade, buscando responder questões de cunho social sob a perspectiva da Psicanálise.

Através de suas análises antropológicas, comparações e observações de casos clínicos, tipos de neuroses, principalmente a obssessiva, aponta relações entre o desenvolvimento da civilização e a repressão dos instintos. Tendo como principais elementos contribuintes sua hipótese da horda primeva  e da morte do pai primitivo, hipótese esta desenvolvida a partir de idéias de Darwin que relata uma estrutura selvagem onde um pai hostil detinha o poder do grupo expulsando os filhos a medida em que estes se desenvolviam a ponto de disputar as fêmeas e seu lugar no grupo.

De certa forma, Freud negligenciara a questão religiosa em seus ensaios anteriores. Em Totem e Tabu, Freud, se volta para essa questão,  retrocedendo no tempo com o intuito de remontar o nascimento da civilização onde a religião tem um papel fundamental. Derivada do animismo e do sistema totêmico, para Freud, a religião faz parte do mecanismo de repressão dos instintos e impulsividades humanas.

Os cerimoniais, os ritos, os sacrifícios realizados constituíam uma maneira encontrada pelos primitivos para canalizar essa energia reprimida. Em O mal-estar na civilização, Freud reafirma essa idéia colocando a religião como um dos artifícios utilizados pelos homens para suportar a realidade, como válvula de escape tal como a sublimação e o uso de drogas.

Neste estudo a religião aparece como ponto evolutivo de um pensamento e/ou sistema mais remoto e selvagem pertencentes ao homem, assim como a arte,porém como Freud conceitua ser imprescindível chegar ao núcleo das neuroses em seus casos clínicos, faz o mesmo com o tema civilização.

Através de estudos realizados por Antropólogos como Frazer,Westermarck,Tylor, com povos primitivos, australianos, melanésios, africanos entre outros, Freud nos descreve um povo submetido a várias tipos de proibições. Tudo é proibido, e eles não têm nenhuma idéia do por quê e não lhes ocorre levantar a questão. Pelo contrário, submetem-se às proibições como se fossem coisas naturais e estão convencidos de que qualquer violação terá automaticamente a mais severa punição.

Podem ser diferentes na essência, mas o mecanismo parece ser o mesmo dos neurótico obssessivos. O significado da palavra Tabu refere-se ao proibído e ao misterioso, existem muitos tabus que são totalmente destituídos de sentido lógico. Dentro das várias restrições que existem ligadas aos tabus pode se destacar duas leis básicas do totemismo comuns a outras organizações: não matar o animal totêmico e evitar relações sexuais com membros do clã totêmico do sexo oposto.

Estes devem ser, então, os mais antigos e poderosos dos desejos humanos, matar o pai e cometer incesto. Esta compreensão, pois se não fosse verdadeira a afirmação não haveria necessidade de uma lei tão severa que as proibissem e também não se faria presente em todas as manifestações sociais, é diretamente ligada ao que Freud afirma existir como sendo duas pulsões principais a agressividade e a sexualidade.

Para a civilização existir é preciso a repressão dessas duas pulsões.Se não houvesse uma tendência natural a realizar tal instinto esse não seria considerado crime, e não precisaria de uma lei, tais instintos, como os sexuais por exemplo, reprimidos podem ser observados como forças motivadoras das neuroses.
O tabu se transforma em uma força com base própria, se faz nas normas, do costume e finalmente torna-se lei. Não se faz necessária, segundo Freud, nenhuma ameaça externa de punição, pois há uma certeza interna, uma convicção moral, de que qualquer violação conduzirá à desgraça insuportável. Essa desgraça insuportável, é o que remete ao que Freud designou como a morte do Pai Primevo.

Os irmãos que foram expulsos da horda pelo pai, voltaram e juntos o mataram e depois comeram seu corpo, e através de sua carne, cada irmão adquiriu uma parte do poder do pai. Odiavam o pai, mas também o admiravam, por conseqüência de seu ato, se arrependeram surgindo o remorso, o sentimento de culpa.  A proibição de matar o totem surge então como uma tentativa de anular esse ato, o totem passa a ser o pai simbólico. E toda essa simbologia e restrições que se sucedem vão delineando a civilização. 
 FONTE: http://vaneskadonato.wordpress.com/2009/03/19/reflexao-sobre-totem-e-tabu-freud/

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