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quarta-feira, 30 de outubro de 2019
Narcisistas são pessoas 'horríveis, mas felizes'.
Sean Coughlan
BBC
Os narcisistas podem ter delírios
"grandiosos" sobre sua própria importância e uma certa falta de
"vergonha" — mas os psicólogos acreditam que eles também são mais
felizes do que a maioria das pessoas.
Um estudo em curso sobre
narcisismo, realizado por pesquisadores da Queen's University, em
Belfast, na Irlanda do Norte, mostra que indivíduos com essa
característica são capazes de enfurecer quem está ao seu redor, mas são
menos propensos a ficar estressados ou deprimidos.
De acordo com o
psicólogo Kostas Papageorgiou, que conduziu a pesquisa, as reações
negativas ao narcisismo podem ofuscar os benefícios que existem em ser
narcisista.
Os pesquisadores tentaram entender por que o narcisismo parece
estar "em ascensão nas sociedades modernas" — seja na política, nas
redes sociais e na cultura de celebridades —, uma vez que também é visto
como algo "socialmente tóxico".
'Pouca vergonha ou culpa'
Eles
definem os narcisistas como indivíduos propensos a "se envolver em
comportamentos arriscados, sustentar uma visão de superioridade
irrealista de si mesmos, excessivamente confiantes, que mostram pouca
empatia pelos outros e sentem pouca vergonha ou culpa".
Com tantos
atributos negativos, os pesquisadores queriam saber por que o
narcisismo parece tão visível e frequentemente recompensado — em vez de
ser penalizado.
O narcisismo é um dos "traços sombrios" da
personalidade identificados pelos psicólogos, assim como a psicopatia, o
maquiavelismo e o sadismo.
A pesquisa — que avaliou 700 adultos,
por meio de questionários respondidos em três estudos — sugere que,
embora o narcisismo possa ser nocivo para a sociedade, parece ser
benéfico para os indivíduos narcisistas.
Eles podem passar por
cima dos outros e deixar um rastro de dano emocional ao seu redor — mas
parecem também estar imune a se sentir mal consigo mesmos.
Eles
apresentam níveis mais baixos de estresse e são menos propensos a ver a
vida como estressante — sua autoconfiança e senso exagerado de
importância própria acabam se tornando características "protetoras".
'Preocupação com poder'
Esse estudo sucede uma pesquisa anterior da mesma universidade, que indica que os narcisistas são mais propensos a ser bem-sucedidos no trabalho e em suas vidas sociais — com uma "resistência mental" que os ajuda a superar a rejeição ou decepção.
Papageorgiou também analisou como diferentes dimensões do narcisismo poderiam apresentar resultados emocionais distintos.
Os narcisistas com fortes características
"grandiosas" podem ter uma "preocupação com status e poder", além de um
"senso de importância superinflado", diz ele.
Já os narcisistas
"vulneráveis" podem ser muito mais defensivos e ter uma tendência a ver o
comportamento de outras pessoas como "hostil".
Em termos do seu
próprio senso de bem-estar e capacidade de lidar com o estresse, é
provável que os narcisistas "grandiosos" tenham características "muito
positivas", segundo Papageorgiou.
"Embora, é claro, nem todas as dimensões do narcisismo sejam boas, certos aspectos podem levar a resultados positivos", afirma.
Tais
características psicológicas "não devem ser vistas como boas ou ruins,
mas como produtos da evolução e das expressões da natureza humana, que
podem ser benéficas ou prejudiciais, dependendo do contexto."
Pesquisas
futuras podem encontrar uma maneira de cultivar algumas dessas
características, e de desencorajar outras, "para o bem geral".
FONTE: https://www.bbc.com/portuguese/geral-50218760?ocid=socialflow_twitter
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
Conheça a grave doença adquirida pelo uso incorreto da mandioca.
A mandioca é uma fonte vital de calorias em várias regiões do mundo,
em particular na África e na América Latina.
À rigor, há dois
tipos de mandioca, a mandioca mansa, também chamada de mandioca de mesa
(conhecida também no Brasil pelos nomes de macaxeira e aipim), e a
mandioca brava, conhecida como mandioca de indústria. As duas são
extremamente parecidas, mas a mandioca brava é altamente tóxica - e
requer um procedimento industrial ou um ritual de preparação tedioso e
complexo para torná-la um alimento seguro. Ela libera cianeto de
hidrogênio.
Nos centros urbanos, a mandioca comercializada como
alimento é sempre a mansa. Mas em zonas rurais, a mandioca mais comum pode ser a brava, e, por isso, se não
for preparada adequadamente, pode causar sérios problemas de saúde.
Um deles é uma condição chamada konzo, com sintomas que incluem paralisia súbita das pernas.
Em
1981, em Nampula, Moçambique, um jovem médico sueco chamado Hans
Rosling não sabia disso. Como resultado, passou por uma situação
profundamente intrigante.
Mais e mais pessoas batiam à porta de
sua clínica com paralisia nas pernas. Poderia ser um surto de
poliomielite? Não. Os sintomas não estavam descritos em nenhum livro.
Com o início da guerra civil em Moçambique, poderiam ser armas químicas?
Foi uma colega de Rosling, a epidemiologista Julie Cliff, que acabou descobrindo o que estava acontecendo.
As
refeições de mandioca que eles ingeriam haviam sido processadas de
forma incompleta. Já com fome e desnutridos, não podiam esperar tempo
suficiente para tornar a mandioca segura. E, como resultado,
desenvolveram o konzo.
Plantas tóxicas estão por toda parte. Às
vezes, processos simples de cozimento são suficientes para torná-las
comestíveis. Mas como alguém aprende a elaborada preparação necessária
para a mandioca?
Para Joseph Henrich, professor de
biologia evolucionária humana na Universidade de Harvard, nos Estados
Unidos, esse conhecimento é cultural, e nossas culturas evoluem por meio
de um processo de tentativa e erro análogo à evolução em espécies
biológicas.
Funciona assim, segundo Henrich: em algum momento,
alguém descobre como tornar a mandioca menos tóxica. Com o passar do
tempo, outras descobertas são feitas. Esses rituais complexos podem,
assim, evoluir, cada um ligeiramente de forma mais eficaz que o
anterior.
Na América do Sul, onde humanos comem mandioca há
milhares de anos, as tribos aprenderam os muitos passos necessários para
desintoxicá-la completamente: raspar, ralar, lavar, ferver o líquido,
deixar a massa repousar por dois dias e depois assar.
Na África, a mandioca foi
introduzida apenas no século 17. Não veio com um manual de instruções. O
envenenamento por cianeto ainda é um problema ocasional; as pessoas
recorrem a técnicas porque o aprendizado cultural ainda está incompleto.
FONTE: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49640684
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
Parabéns Egolegal - 08 anos
Obrigado à todos(as) vocês que prestigiam meu blog. São 08 anos de muita dedicação. Meus sinceros agradecimentos.
sábado, 12 de outubro de 2019
A estranha doença do Coringa
Verônica Palomo
10/10/19
Os roteiristas do filme descrevem a risada do vilão como algo sombrio e doloroso, e é o que transmite magistralmente o ator, que, segundo contou nas entrevistas promocionais, inspirou-se em vídeos de pessoas que sofriam de ataques de riso incontroláveis. Phoenix conta que observou especificamente uma paciente que, enquanto convulsionava com o riso, segurava o próprio pescoço em sinal de dor, como se estivesse se afogando. Sim, soa angustiante, mas essa é justamente a intenção do filme: mostrar o sofrimento que há por trás da célebre e compulsiva gargalhada, mas também que há um motivo para que essa explosão ocorra.
O
que acontece exatamente com Arthur Fleck?
Segundo nos explica
Francisco Javier López, coordenador do grupo de estudo de Epilepsia da
Sociedade Espanhola de Neurologia (SEN), que tuudo indica que o Coringa sofre de epilepsia gelástica.
Tumores no hipotálamo, a causa principal
A
epilepsia gelástica é uma doença cuja sintomatologia (esses ataques de
riso incontroláveis e sem motivo aparente) poderia se encaixar
perfeitamente no caso do Coringa, já que costuma afetar pessoas mais
jovens, ao contrário do que ocorre nos casos de paralisia pseudobulbar.
O neurologista Javier Lopez afirma que “muitas vezes não se encontra a causa, mas em uma proporção importante de casos ela se deve à existência de uma série de tumores, chamados hamartonas hipotalâmicos (são formações benignas situadas no hipotálamo), que produzem este tipo de sintomas, embora às vezes também se deva a outro tipo de afetações, como displasias ou alterações no córtex cerebral”. Em todo caso, a maior percentagem dos casos de epilepsia gelástica se deve aos hamartomas, e a pessoa geralmente nasce com esses tumores.
O neurologista Javier Lopez afirma que “muitas vezes não se encontra a causa, mas em uma proporção importante de casos ela se deve à existência de uma série de tumores, chamados hamartonas hipotalâmicos (são formações benignas situadas no hipotálamo), que produzem este tipo de sintomas, embora às vezes também se deva a outro tipo de afetações, como displasias ou alterações no córtex cerebral”. Em todo caso, a maior percentagem dos casos de epilepsia gelástica se deve aos hamartomas, e a pessoa geralmente nasce com esses tumores.
Alguns
autores falam da possibilidade de que tenham efeitos excitantes, gerando
uma atividade elétrica anormal que se propaga para áreas vizinhas do
sistema límbico, que é a parte emocional do cérebro, e para o tronco
encefálico, que se encarrega de realizar as tarefas do sistema nervoso
mais básicas para a sobrevivência, aquelas em que quase não se pode
influir voluntariamente, porque foram automatizadas.
Um
estudo da Universidade de Friburgo, na Alemanha, indique que mais de
metade dos pacientes dessa doença sofrem redução do quociente
intelectual na idade adulta, e que mais de metade apresente problemas de
memória, atenção, organização ou a capacidade de reconhecer e ordenar
imagens. Todas elas são alterações que dependem muito do tamanho do
tumor e do número de crise epiléticas sofridas, assim como de receberem
ou não tratamento, pois a doença pode afetar psicologicamente quando não
há tratamento farmacológico.
Um tratamento para salvar o Coringa
“Estes
tumores estão localizados muito profundamente e, às vezes, comprimem
zonas cerebrais que não podem ser operadas, mas em geral a epilepsia
gelástica é tratada como outra crise de epilepsia qualquer, com fármacos
antiepilépticos. Só se não for possível controlar essas convulsões se
faria uma avaliação pré-cirúrgica para avaliar se esse tumor pode ou não
ser operado”, conta o coordenador do grupo de estudo de Epilepsia da
SEN.
“Talvez não se possa controlar em
todas as crises que o paciente sofre, mas geralmente o doente costuma
avisar às pessoas com quem se relaciona, tenta que as pessoas de seu
ambiente social ou do trabalho saibam o que lhe ocorre. Recordo o caso
de um paciente que era advogado e antes de entrar em audiência já
advertia a sua senhoria de que cabia a possibilidade de que, no meio da
sessão, fosse ou não oportuno, soltasse uma gargalhada”, diz López. É
uma boa medida, já que a estigmatização do doente mental é o que lhe
causa o maior dano.
FONTE: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/08/cultura/1570554578_775152.html
FONTE: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/08/cultura/1570554578_775152.html
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