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sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
Por que celebridades do pop internacional têm decidido falar abertamente de sua saúde mental?
A lista de celebridades que revelaram sofrer de depressão e ansiedade aumentou consideravelmente nos últimos meses: atores, músicos e modelos decidiram falar publicamente sobre saúde mental, um assunto que poucos tocavam.
Um dos exemplos
mais recentes foi o de Zayin Malik, 23 anos, ex-integrante do grupo One
Direction, que cancelou uma série de shows alegando "ansiedade
extrema".
A cantora Selena Gómez anunciou uma pausa na carreira
também em setembro devido a crises de depressão e ansiedade e chegou até
a se internar voluntariamente.
Bruce Springsteen escreveu em sua biografia lançada em setembro, Born to Run,
sobre como luta há anos com a depressão. O músico americano chegou até a
admitir que a doença o "subjugou" em algumas ocasiões.
A
atriz Demi Lovato revelou que sofre de transtorno bipolar, e a cantora
americana Jo-Jo lutou contra a depressão ao mesmo tempo que enfrentava
sua própria gravadora devido a problemas ligados ao seu contrato.
Pelo
menos para alguns famosos, parecem ter ficado para trás os dias em que
agentes e assessores tinham que elaborar desculpas como "está com
desidratação" ou "precisa de descanso pois está exausto (a)".
Efeito
A
tendência entre os "ricos e famosos" surpreende e leva muitos a
questionarem se todos eles se sentem confiantes o bastante para expor
problemas relacionados a saúde mental desta forma.
No programa Ouch, da BBC, que trata de temas relacionados à saúde, especialistas deram várias explicações para esta nova tendência.
A primeira foi o celular e o fácil acesso a redes sociais.
"Uma
das coisas que mudaram foram as expectativas que as pessoas têm em
relação às celebridades. Agora os fãs (e até aqueles que não são fãs)
estão mais acostumados a ver seu cotidiano pelas redes sociais", disse à
BBC Mark Brown, pesquisador em temas de saúde mental. O ruído nas redes
e o eco na mídia tradicional mudou radicalmente o vínculo entre fãs e
celebridades.
Basta um exemplo para perceber a diferença. Quando
Britney raspou a cabeça em 2007, o mundo acompanhou o caso através de
fotos dos paparazzi, publicadas em jornais e revistas.
Hoje, este mesmo caso já causaria ruído em uma questão de horas, pois as pessoas iriam compartilhar a informação nas redes.
"Antes,
essas coisas já aconteciam diante dos fotógrafos, mas não era de uma
forma tão aberta. Agora há um diálogo com as celebridades, que tiraram
os intermediários do caminho", explicou a blogueira Molloy-Vaughan.
Analistas
afirmam também que a sensação de proximidade com as celebridades é uma
ficção alimentada pelas próprias redes sociais e que esta familiaridade
determina o tom do diálogo.
E também existe uma "permeabilidade entre famosos e não famosos" que, é claro, tem seus custos.
"As
celebridades sacrificam sua privacidade em troca de mais seguidores e
mais fama, e, como consequência, a saúde mental segue (esta tendência)",
afirma Brown.
Mudança?
Para outros, o que está acontecendo é uma mudança na percepção da saúde mental.
"Estamos no fim de uma década onde estamos falando da saúde mental dos famosos de uma outra maneira", explica Brown.
Nos
anos 1950 e 1960, por exemplo, seria difícil imaginar Marilyn Monroe ou
Gregory Peck falando tão diretamente sobre suas vidas. Hoje os famosos
conseguem dezenas de milhares de curtidas apenas minutos depois de
publicar um post no Facebook ou um tuíte.
"Quando entendemos que são pessoas e não apenas um
rosto famoso, começamos a perceber quando elas estão bem e quando não
estão", acrescentou o pesquisador.
Seguindo esta premissa, fica
difícil para os famosos esconderem seus problemas do olhar - virtual
porém onipresente - de seus seguidores.
Com este novo
comportamento, é como se as celebridades não estivessem mais no pedestal
imaginário. Como se dissessem: "Quer saber? Eu ia aparecer na
televisão, ia voar em um jatinho, mas, em vez disso, tenho que ficar em
casa, de pijama, comendo cereal seco sem leite porque não posso sair
para enfrentar o mundo."
Primeira pessoa
Quando
Zayn Malik cancelou suas apresentações devido a problemas com
ansiedade, sua namorada (a também famosa) modelo Gigi Hadid, elogiou sua
"humanidade" e acrescentou que estava "orgulhosa" com a "honestidade"
do namorado.
Mas nem sempre "se abrir" nas redes sociais é uma
experiência boa. A blogueira Seaneen Molloy-Vaughan sofreu com isso ao
relatar em primeira pessoa sua luta."Foi difícil. Foi bom por um lado e sempre dei valor
às pessoas que queriam interagir. Mas envolveu exposição e colocar tudo
para fora", confessou Molloy-Vaughan que, em seu blog, escreve sobre
seus problemas mentais.
"Sugerimos à pessoa famosa que é uma boa
ideia expor (o caso) e ser uma espécie de soldado contra o estigma das
doenças mentais e isso permite dar uma diversidade de rostos e vozes
para o problema, em vez de apresentar (o problema) como uma estatística
abstrata", contou Brown, que faz parte da organização britânica de
orientação e projetos sociais Social Spider.
"Mas o problema é que
podemos controlar como alguém conta uma história mas não controlamos
como as pessoas vão responder", acrescentou.
Ao mesmo tempo que as mensagens de apoio se multiplicam, também existe a possibilidade de bullying virtual.
Mesmo
assim os psicólogos concordam que abrir o diálogo sobre saúde mental
para milhões de pessoas - jovens, em sua maioria - é um benefício para a
saúde pública e a sociedade.
Uma pesquisa feita em 2014 pela
Mind, uma organização britânica que trabalha em temas de saúde mental,
sugere que 28% dos 2 mil entrevistados conseguiu falar de um problema
psiquiátrico com um ente querido como consequência direta de uma
declaração pública feita por uma pessoa famosa.
Além disso, outros
25% que ouviram uma celebridade falando de suas dificuldades começaram a
pensar em seus próprios problemas e acabaram pedindo ajuda.
FONTE: http://www.bbc.com/portuguese/geral-37681240
sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
sexta-feira, 1 de dezembro de 2017
O perigo do Instagram!
O Instagram foi considerada a pior rede social no que concerne seu impacto sobre a saúde mental dos jovens, segundo uma pesquisa do Reino Unido.
Na enquete, 1.479 pessoas
com idades entre 14 e 24 anos avaliaram aplicativos populares em
quesitos como ansiedade, depressão, solidão, bullying e imagem corporal.
Organizações de saúde mental pediram às empresas que mantém os aplicativos a aumentar a segurança dos usuários.
Em
resposta, o Instagram disse que uma de suas maiores prioridades é
manter a plataforma como um lugar "seguro e solidário" para os jovens.
O
estudo, da Sociedade Real para Saúde Pública (RSPH, na sigla em inglês)
na Grã-Bretanha, sugere que as plataformas avisem, através de um
pop-up, toda vez que houver uso excessivamente intenso das redes
sociais, e que identifiquem usuários com problemas de saúde mental.
O
Instagram diz que oferece ferramentas e informações sobre como lidar
com bullying e avisa os usuários sobre conteúdos específicos de algumas
páginas.
A pesquisa afirmou que "as redes sociais podem estar alimentando uma crise de saúde mental" entre jovens.No entanto, ela também pode ser usada para o bem, segundo o
estudo. O Instagram, por exemplo, teve um efeito positivo em termos de
autoexpressão e autoidentidade, segundo a pesquisa.
Cerca de 90%
dos jovens usam redes sociais - mais do que qualquer outra faixa etária
-, o que os torna especialmente vulneráveis a seus efeitos, apesar de
não estar exatamente claro quais seriam estes no momento.
'Depressão profunda'
Isla
é uma jovem de 20 e poucos anos. Ela ficou "viciada" em redes sociais
durante a adolescência quando estava passando por um momento difícil de
sua vida.
"As comunidades online me fizeram sentir incluída, como
se a minha existência valesse a pena", diz. "Mas eu comecei a
negligenciar minhas amizades na 'vida real' e passava todo o meu tempo
online conversando com meus amigos lá".
"Eu passei por uma
depressão profunda quando tinha 16 anos, ela durou meses e foi terrível.
Durante esse período, as redes sociais me fizeram sentir pior, eu
constantemente me comparava com outras pessoas e isso fazia eu me sentir
mal", conta a jovem.
"Quando eu tinha 19 anos, tive outro
episódio de depressão profunda. Eu entrava nas redes sociais, via meus
amigos fazendo várias coisas e me odiava por não conseguir fazê-las ou
me sentia mal por não ser uma pessoa tão boa quanto eles".
As redes sociais também tiveram um efeito positivo
na vida de Isla. "Eu bloguei muito sobre saúde mental, sou bem aberta em
relação a isso e tive boas conversas com as pessoas sobre o assunto."
"Eu
acho que me dá uma plataforma pra falar sobre isso. Conversar com as
pessoas é algo imperativo para a minha saúde. Eu ainda sou amiga de
pessoas que conheci na internet há cinco, seis anos e até encontrei
algumas delas pessoalmente", diz.
A pesquisa online fez uma série
de perguntas sobre o impacto das redes YouTube, Instagram, Snapchat,
Facebook e Twitter em termos de saúde e bem-estar. Os participantes da
pesquisa deveriam avaliar cada plataforma em 14 tópicos relacionados aos
temas.
Com base nessas avaliações, o YouTube foi a rede com o
impacto mais positivo em termos de saúde mental, seguido por Twitter e
Facebook. Snapchat e Instagram tiveram as piores pontuações.
'Faroeste'
"É interessante ver Instagram e Snapchat nas piores posições para saúde mental e bem-estar - ambas as plataformas são bastante focadas em imagem e parecem causar sentimentos de inadequação e ansiedade nos jovens", diz Shirley Cramer, executiva-chefe da RSPH.
Com base nessas
descobertas, especialistas em saúde pública estão pedindo para que as
plataformas de redes sociais introduzam uma série de checagens e medidas
para melhorar a saúde mental, incluindo:
- Avisos de que as pessoas estão fazendo uso excessivo das redes sociais (apoiada por 70% dos jovens que participaram da pesquisa);
- A identificação, por parte das plataformas, de usuários com problemas de saúde mental (pelo conteúdo de postagens) seguida de "indicações discretas sobre como eles podem conseguir apoio";
- Sinalização de quando as fotos foram digitalmente manipuladas - por exemplo, marcas de roupa, celebridades e outras organizações publicitárias poderiam utilizar um pequeno ícone nas fotos alteradas digitalmente.
Tom Madders, da organização de saúde mental
YoungMinds, disse que as recomendações podem ajudar muitos jovens.
"Aumentar a segurança nas redes sociais é um passo importante que
pedimos para Instagram e outras redes tomarem", disse.
"Mas também é importante reconhecer que simplesmente 'proteger' jovens de alguns conteúdos jamais será a solução total".
Ele
disse que os jovens precisam entender os riscos de como eles se
comportam na internet e devem aprender como reagir a "conteúdos nocivos
que escapam dos filtros".
Michelle Napchan, chefe das políticas do
Instagram, disse que "manter a solidariedade e segurança do Instagram
como um local onde as pessoas se sintam à vontade para se expressar é a
nossa maior prioridade - especialmente em relação aos jovens".
"Todos
os dias, pessoas em todas as partes do mundo usam o Instagram para
compartilhar sua própria jornada de saúde mental e conseguir apoio no
Instagram quando e onde eles precisarem".
"É por isso que
trabalhamos em parceria com especialistas para dar às pessoas as
informações e ferramentas que elas precisam para usar o aplicativo,
inclusive sobre como denunciar conteúdo, conseguir apoio para um amigo
que lhes preocupa ou contatar diretamente um especialista para pedir
conselhos sobre como lidar com um problema".
FONTE: http://www.bbc.com/portuguese/geral-40092022
domingo, 26 de novembro de 2017
A mulher incapaz de esquecer!
Sarah Keating
Da BBC Future
"Quanto eu tinha mais ou menos uma
semana de idade eu lembro de estar enrolada em um cobertor rosa de
algodão", lembra Rebecca Sharrock. "Por algum motivo, eu sempre sabia
quando era a minha mãe que estava me pegando no colo, eu sempre soube
instintivamente disso e ela era minha pessoa preferida".
Considerando
que a memória da maioria das pessoas não é capaz de gravar
acontecimentos anteriores aos quatro anos de idade, pode ser fácil
pensar que a descrição de Sharrock seja um sonho nostálgico em vez de
uma memória real. Mas a mulher australiana de 27 anos não tem uma
memória comum - ela foi diagnosticada com uma síndrome rara chamada
"Memória Autobiográfica Altamente Superior", ou HSAM na sigla em inglês,
também conhecida como Hipertimesia ou Síndrome da Supermemória. Essa
condição neurológica única significa que Sharrock consegue lembrar de
absolutamente tudo que ela fez em qualquer data.Pessoas com essa síndrome podem se lembrar instantaneamente e sem esforço algum de qualquer coisa que fizeram, o que vestiram ou onde estavam em qualquer momento da vida. Elas podem lembrar de notícias e acontecimentos pessoais com tantos detalhe e com uma exatidão tão perfeita que são comparáveis a uma gravação.
Ao crescer, Sharrock pensava que todos lembravam das coisas como ela. Até que um dia seus pais a chamaram para ver uma reportagem na TV sobre pessoas com HSAM. "Era 23 de janeiro de 2011", lembra ela. "Quando aquelas pessoas começaram a lembrar de suas memórias, os repórteres diziam 'é incrível'. Eu disse aos meus pais 'por que eles dizem que isso é incrível, não é normal?'". Seus pais explicaram a ela que não era normal e que achavam que ela tinha a mesma síndrome.
Depois de entrar em contato com os especialistas citados na matéria, Sharrock foi examinada e então diagnosticada em 2013. A HSAM só foi descoberta por volta do ano 2000 e na época sabia-se que apenas 60 pessoas no mundo tinham a síndrome.
Por que algumas pessoas nascem com a Supermemória? As pesquisas ainda estão em andamento, já que existem tão poucas pessoas com a síndrome no mundo e a área ainda é relativamente nova. Mas alguns estudos indicam que o lobo temporal (que ajuda no processamento de memória) é maior nos cérebros das pessoas com HSAM, assim como o núcleo caudado, que ajuda no aprendizado mas também pode influenciar na síndrome obsessivo-compulsiva.
Ter uma supermemória significa que as memórias são gravadas em detalhes vívidos, o que é fascinante em termos científicos, mas pode ser uma praga para quem tem a síndrome.
Algumas pessoas com HSAM dizem que suas memórias são muito organizadas, mas Sharrock (que também foi diagnosticado com transtorno autista) descreve seu cérebro como "entupido" e diz que reviver memórias lhe dá dor de cabeça e insônia.
Também há um lado obscuro, já que Sharrock sofreu de depressão e ansiedade por causa disso. Sua memória extraordinária faz com que ela se sinta em uma máquina do tempo emocional. "Se eu estou lembrando de algo que aconteceu quando eu tinha três anos, minha resposta emocional à situação é semelhante à de uma criança de três anos, mesmo que minha mente e consciência sejam de adulta", diz ela. Essa disparidade entre cabeça e coração faz com que ela se sinta confusa e ansiosa.
Apesar disso, Sharrock aprendeu a tentar usar memórias positivas para superar as negativas: "No começo de todo mês, eu escolho todas as melhores memórias que tive naquele mês em outros anos". Reviver acontecimentos positivos facilita na hora de lidar com as "memórias invasivas" que a fazem se sentir mal.
A supermemória também pode nos dar uma percepção sem precedentes sobre como bebês e crianças veem o mundo. Sharrock descreve o que lhe chamou atenção quando era um bebê, assim como quando aprendeu a caminhar. "Eu estava no meu berço, virei a cabeça e vi coisas ao meu redor, como o ventilador. Fiquei fascinada por aquilo. Só quando eu tinha um ano e meio que me antenei, 'por que não me levanto e vou explorar o que deve ser aquilo?'"
Outro aspecto dessa habilidade é como ela pode afetar o sono de pessoas com HSAM. Sharrock diz que agora, como adulta, "eu posso controlar meus sonhos e raramente tenho pesadelos porque eu penso que se alguma coisa assustadora acontecer eu posso mudar a sequência".
Mas não foi assim quando era bebê, já que quando começou a sonhar, por volta dos 18 meses, ela não sabia diferenciar sonho de realidade. "É por isso que eu chorava à noite", explica, "mas eu não conseguia verbalizar". Talvez as pessoas com HSAM tenham uma habilidade maior de viver sonhos lúcidos.
Agora, Sharrock participa de dois projetos de pesquisa da Universidade de Queensland e da Universidade da Califórnia em Irvine e espera que as descobertas ajudem as pessoas que sofrem com o mal de Alzheimer. Apesar de ter memórias claras de tudo que lhe acontece, só há um acontecimento que ela não lembra - seu nascimento.
"É o único aniversário que eu não lembro", diz ela. "Eu não tenho memórias do útero ou de estar saindo da minha mãe, nada disso. Mas eu não acho que gostaria de lembrar disso".
Apesar de sua mente ser como um CD no modo repeat, Sharrock diz que não mudaria nada. "Devido ao meu autismo, eu não gosto de mudar nada. Eu quero continuar pensando e sentindo da maneira que faço porque é como eu sempre pensei e senti, eu só gostaria de achar formas de lidar com isso", diz ela. "É a pessoa que eu sempre fui...Quero me manter assim"
domingo, 5 de novembro de 2017
Como poucas noites mal dormidas já afetam nosso metabolismo e saúde mental
Michael Mosley
BBC
Um estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, já mostrou
que os brasileiros estão entre os que menos dormem no mundo. A média é
de 7h36 por noite. O que, para muitas pessoas, não é suficiente.
Muitas pesquisas sugerem que reduzir o sono, deliberadamente ou de outra forma, pode ter um impacto sério no organismo.
Algumas noites mal dormidas podem afetar o controle de açúcar no sangue e fazer com que a gente coma demais. Chegam até a bagunçar nosso DNA.
Há alguns anos, o programa da BBC Trust Me I'm a Doctor ("Confie em mim, eu sou médico", em tradução livre para o português) realizou um experimento em parceria com a Universidade de Surrey, na Inglaterra. Eles pediram a voluntários que reduzissem suas noites de sono em uma hora durante uma semana.
Simon Archer, que ajudou a executar o experimento, descobriu que o fato de ter uma hora a menos de sono por noite afetou a atividade de diversos genes dos participantes (cerca de 500 no total), incluindo alguns associados à inflamação e ao diabetes.
Para descobrir, a equipe do programa Trust Me I'm a Doctor se juntou a cientistas do sono da Universidade de Oxford para conduzir um experimento de pequeno porte.
Desta vez, foram recrutados quatro voluntários que têm o hábito de dormir profundamente. Eles foram conectados a dispositivos que monitoram o sono com precisão. Nas três primeiras noites, dormiram oito horas seguidas, sem interrupção.
Já nas três noites seguintes, o sono dos participantes foi limitado a apenas quatro horas.
Diariamente, os voluntários preenchiam um questionário psicológico, desenvolvido para identificar qualquer mudança emocional ou de humor. Eles também gravavam vídeos diários.
E qual foi o resultado?
Sarah Reeve, estudante de doutorado que conduziu o experimento, ficou surpresa com a rapidez com que o humor dos participantes mudou.
"Houve um aumento na ansiedade, na depressão e no estresse. Também aumentou a paranoia e o sentimento de desconfiança em relação a outras pessoas", revela.
"Dado que isso aconteceu após apenas três noites de privação de sono, é muito impressionante", completa.
Três dos quatro voluntários consideraram a experiência desagradável. Mas um dos participantes disse não ter sido afetado.
"Essa semana provavelmente não me afetou tanto quanto pensei ", afirmou Josh. "Me sinto perfeitamente bem - nem feliz, nem triste, estressado ou qualquer coisa."
Os testes realizados mostraram, no entanto, um quadro bem diferente.
As emoções positivas de Josh diminuíram bruscamente após duas noites de sono interrompido, enquanto as emoções negativas começaram a aumentar.
Desta forma, embora ele se sentisse bem, havia sinais de que ele estava começando a ser afetado mentalmente.
Pesquisadores recrutaram mais de 3,7 mil alunos de universidades do Reino Unido que já tinham relatado dificuldades para dormir.
Eles foram divididos aleatoriamente em dois grupos. O primeiro participou de seis sessões online de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) destinadas a melhorar o sono. Já o outro recebeu apenas conselhos padrão.
Dez semanas após o experimento, os estudantes que foram submetidos à terapia apresentaram uma redução de 50% nas taxas de insônia, acompanhada de melhorias significativas na pontuação para depressão e ansiedade, além de diminuição da paranoia e alucinações.
A pesquisa, considerada o maior estudo randomizado controlado de tratamento psicológico para a saúde mental, sugere fortemente que a insônia pode causar problemas de saúde mental, em vez de ser simplesmente uma consequência.
Daniel Freeman, professor de psicologia clínica na Universidade de Oxford, que liderou o estudo, acredita que uma das razões pelas quais a privação do sono é tão prejudicial para nossos cérebros é porque ela incentiva o pensamento negativo repetitivo.
"Temos mais pensamentos negativos quando somos privados de sono e ficamos presos neles", explica.
Ele não acredita, no entanto, que algumas noites mal dormidas signifiquem que a pessoa vai ter uma doença mental. Mas, segundo ele, o risco de fato aumenta.
"A cada noite, uma em cada três pessoas está tendo dificuldade para dormir. Talvez 5% a 10% da população geral tenha insônia. Muita gente lida com isso e segue com suas vidas. Mas isso aumenta o risco de uma série de dificuldades relacionadas à saúde mental."
Mas há também o lado positivo. A pesquisa mostra que ter uma boa noite de sono pode ajudar a melhorar a sensação de bem-estar.
Norbert Schwarz, professor de psicologia da Universidade do Sul da Califórnia, faz uma metáfora.
"Ganhar US$ 60 mil (R$ 196 mil) a mais por ano tem menos efeito na sua felicidade diária do que uma hora a mais de sono por noite", afirma.
Sendo assim, tenha uma boa noite.
FONTE: http://www.bbc.com/portuguese/geral-41832510
Algumas noites mal dormidas podem afetar o controle de açúcar no sangue e fazer com que a gente coma demais. Chegam até a bagunçar nosso DNA.
Há alguns anos, o programa da BBC Trust Me I'm a Doctor ("Confie em mim, eu sou médico", em tradução livre para o português) realizou um experimento em parceria com a Universidade de Surrey, na Inglaterra. Eles pediram a voluntários que reduzissem suas noites de sono em uma hora durante uma semana.
Simon Archer, que ajudou a executar o experimento, descobriu que o fato de ter uma hora a menos de sono por noite afetou a atividade de diversos genes dos participantes (cerca de 500 no total), incluindo alguns associados à inflamação e ao diabetes.
Noites mal dormidas
Ou seja, não há dúvidas sobre os efeitos negativos da falta de sono no organismo. Mas que efeitos as noites mal dormidas podem ter na saúde mental?Para descobrir, a equipe do programa Trust Me I'm a Doctor se juntou a cientistas do sono da Universidade de Oxford para conduzir um experimento de pequeno porte.
Desta vez, foram recrutados quatro voluntários que têm o hábito de dormir profundamente. Eles foram conectados a dispositivos que monitoram o sono com precisão. Nas três primeiras noites, dormiram oito horas seguidas, sem interrupção.
Já nas três noites seguintes, o sono dos participantes foi limitado a apenas quatro horas.
Diariamente, os voluntários preenchiam um questionário psicológico, desenvolvido para identificar qualquer mudança emocional ou de humor. Eles também gravavam vídeos diários.
E qual foi o resultado?
Sarah Reeve, estudante de doutorado que conduziu o experimento, ficou surpresa com a rapidez com que o humor dos participantes mudou.
"Houve um aumento na ansiedade, na depressão e no estresse. Também aumentou a paranoia e o sentimento de desconfiança em relação a outras pessoas", revela.
"Dado que isso aconteceu após apenas três noites de privação de sono, é muito impressionante", completa.
Três dos quatro voluntários consideraram a experiência desagradável. Mas um dos participantes disse não ter sido afetado.
"Essa semana provavelmente não me afetou tanto quanto pensei ", afirmou Josh. "Me sinto perfeitamente bem - nem feliz, nem triste, estressado ou qualquer coisa."
Os testes realizados mostraram, no entanto, um quadro bem diferente.
As emoções positivas de Josh diminuíram bruscamente após duas noites de sono interrompido, enquanto as emoções negativas começaram a aumentar.
Desta forma, embora ele se sentisse bem, havia sinais de que ele estava começando a ser afetado mentalmente.
'Preso' em pensamentos negativos
O resultado do teste confirma a descoberta de um estudo muito maior, que analisou o impacto da privação do sono na saúde mental de estudantes.Pesquisadores recrutaram mais de 3,7 mil alunos de universidades do Reino Unido que já tinham relatado dificuldades para dormir.
Eles foram divididos aleatoriamente em dois grupos. O primeiro participou de seis sessões online de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) destinadas a melhorar o sono. Já o outro recebeu apenas conselhos padrão.
Dez semanas após o experimento, os estudantes que foram submetidos à terapia apresentaram uma redução de 50% nas taxas de insônia, acompanhada de melhorias significativas na pontuação para depressão e ansiedade, além de diminuição da paranoia e alucinações.
A pesquisa, considerada o maior estudo randomizado controlado de tratamento psicológico para a saúde mental, sugere fortemente que a insônia pode causar problemas de saúde mental, em vez de ser simplesmente uma consequência.
Daniel Freeman, professor de psicologia clínica na Universidade de Oxford, que liderou o estudo, acredita que uma das razões pelas quais a privação do sono é tão prejudicial para nossos cérebros é porque ela incentiva o pensamento negativo repetitivo.
"Temos mais pensamentos negativos quando somos privados de sono e ficamos presos neles", explica.
Ele não acredita, no entanto, que algumas noites mal dormidas signifiquem que a pessoa vai ter uma doença mental. Mas, segundo ele, o risco de fato aumenta.
"A cada noite, uma em cada três pessoas está tendo dificuldade para dormir. Talvez 5% a 10% da população geral tenha insônia. Muita gente lida com isso e segue com suas vidas. Mas isso aumenta o risco de uma série de dificuldades relacionadas à saúde mental."
Mas há também o lado positivo. A pesquisa mostra que ter uma boa noite de sono pode ajudar a melhorar a sensação de bem-estar.
Norbert Schwarz, professor de psicologia da Universidade do Sul da Califórnia, faz uma metáfora.
"Ganhar US$ 60 mil (R$ 196 mil) a mais por ano tem menos efeito na sua felicidade diária do que uma hora a mais de sono por noite", afirma.
Sendo assim, tenha uma boa noite.
FONTE: http://www.bbc.com/portuguese/geral-41832510
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
O luto pode provocar uma doença mental?
O luto é um sentimento existencial humano absolutamente normal e
universal, perante situações de perdas como, por exemplo, a morte de
entes queridos.
Há diversos estágios do luto como entorpecimento (choque, descrença e
negação da perda que pode levar horas ou até dias para curar e que pode
ser acompanhado depois por reação de defesa), anseio e busca (a pessoa
fica inquieta, descrente, com crises de raiva e que pode durar meses ou
anos), desorganização e desespero (reconhecimento de que a perda é
irreversível, ocorrendo depressão e isolamento social), até o estágio
final de recuperação e restituição.
Portanto, há muitos sentimentos e mudanças comportamentais diferentes
envolvendo os diversos estágios do luto como depressão, raiva, insônia,
ansiedade, apatia, passividade, isolamento e agitação psicomotora.
Quando a dor psíquica e a tristeza do luto invadem completamente a
vida da pessoa por mais de seis meses com prejuízos sociais, familiares e
até profissionais, além da persistência de sintomas como tristeza,
desânimo, perda do prazer ou interesse por atividades habituais,
ansiedade, irritabilidade, pensamentos negativos (morte, culpa, ruína),
alterações do sono, apetite e concentração, a indicação é procurar uma
ajuda médica psiquiátrica para avaliação da resolução do luto que pode
ser patológica e até desencadear algum transtorno mental. A psicoterapia
pode ser eficaz também na resolução dos conflitos psíquicos gerados
pelo luto.
Quando o luto é persistente e patológico, alguns transtornos mentais
podem ocorrer como os transtornos de ansiedade, humor, alcoolismo, entre
outros.
É bom deixar claro que o luto em si não causa transtornos mentais. O
que ocorre é que, em um subgrupo de pessoas vulneráveis (fatores de
personalidade e até genéticos têm sido estudados sem uma conclusão
definitiva), o impacto do luto pode ser um grande estressor psicossocial
mantido e desencadear transtornos mentais. Portanto, o luto seria um
"gatilho" para os transtornos mentais.
FONTE: http://vyaestelar.uol.com.br/post/8646/morte-de-um-ente-muito-querido-pode-causar-transtorno-mental?/transtorno_mental.htm
domingo, 29 de outubro de 2017
Paciência
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para
Acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo
Pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara.
FONTE: https://www.letras.mus.br/lenine/47001/
sábado, 14 de outubro de 2017
A importância da Praxiterapia.
A praxiterapia, ou terapia
prática, é o uso ou aplicação de um ritual, de um comportamento, de um
movimento físico já utilizado no passado, consciente ou
inconscientemente, com duas finalidades principais; a primeira, no caso
de nunca ter sido usado antes, para que ele seja inconscientizado com
todos os afetos associados ou ancorados a eles, como, por exemplo, numa
técnica neurolinguistica de imprint desenvolvida por Richard Bandler,
John Grinder e Milton Erickson.
A segunda finalidade é precisamente o contrário, quando estes
comportamentos ou movimentos já existiram antes, eram frequentemente
usados no passado, para que ele ser re-ungido com os sentimentos, com a
afetividade ancorada nesses comportamentos antidos como uma técnica de
cura aplicada por um agente terapêutico.
Esses comportamentos, ou rituais antigos ficam guardados como um
patrimônio, como um recurso, como uma memória talvez para que a vida os
utilizem no futuro.
Se recorremos a Viktor Frankl, Ph.D., o criador da Logoterapia e da
psicoterapia existencial humanista, vemos que um dos pressupostos da
humanização do homem é o exercício da sua liberdade.
A praxiterapia é uma revolução, na medida em que, quando o sujeito se
comporta "como se" estivessem bem, eles, por isto, se tornam bem.
No Centro de Ensino Profissional Graziela Reis de Souza, eu, Enfermeiro Marcelo Luiz Pereira desenvolvi simulações de Praxiterapia com meus alunos dos Cursos de Aconselhadores de Dependentes Químicos e Cuidadores de Idosos. Os resultados foram excelentes, houve a participação de todos, e a harmonia na realização das tarefas (jogos educativos, desenhos, pinturas, colagens, e o dia da beleza) foi marcante.
Pude constatar ainda que o processo de construção das atividades foi extremamente salutar, com uma resposta altamente positiva por parte dos envolvidos.
Medo de morrer, de matar e de se contaminar: três histórias sobre como é viver com transtorno obsessivo compulsivo
Para a maior parte das pessoas, uma
toalha, um jornal ou sapatos não são nada além de objetos comuns. Mas,
para algumas pessoas, itens como estes podem desencadear pensamentos
invasivos difíceis de serem controlados.
Se você não tem o
transtorno obsessivo compulsivo (TOC), pode ser difícil entender como um
objeto inofensivo pode atrapalhar o cotidiano de uma pessoa e colocá-la
em uma espiral incontrolável.
Este distúrbio de ansiedade é
caracterizado por pensamentos invasivos, recorrentes e persistentes que
geram inquietação, medo e preocupação, e desencadeando compulsões -
comportamentos repetitivos com os quais os pacientes tentam reduzir sua
ansiedade.
É um transtorno mental comum, de acordo com o serviço de saúde
pública do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês). Ele afeta homens,
mulheres e crianças e pode desenvolver-se em qualquer idade, embora
apareça com mais frequência no início da idade adulta.
A BBC falou
com três pessoas que sofrem de TOC e pediu-lhes que apontassem para um
objeto que simbolizasse todo o seu sofrimento.
Estas são suas histórias, contadas em primeira pessoa.
Eve e os jornais
"Sempre
pensei o pior de mim mesma. Na minha melhor avaliação, eu era um
fracasso que não agradava e que não deveria agradar a ninguém. Na pior
das hipóteses, eu era uma pessoa terrível.
Mas, quando eu tinha 22 anos, o ódio que sentia por mim mesma piorou ainda mais.
Comecei a me preocupar com a possibilidade de que isso me tornasse uma pessoa perigosa, que eu pudesse machucar os outros.
Não consigo descrever quão horrível era esse sentimento. Comecei a evitar todo mundo, com medo de que pudesse machucar alguém.
Um dia eu li um artigo sobre um estuprador e
assassino. A agitação inicial e o horror que senti foram rapidamente
substituídos pela ideia de 'e se eu me tornasse uma pessoa tão ruim
assim?'.
Artigos de jornais - e as próprias notícias - juntaram-se à longa lista de coisas que eu temia.
E se as histórias de alguma forma contaminassem minha mente e me piorassem ainda mais?
Para
alguém que não possui TOC e tem uma opinião razoável de si mesmo, isso
pode parecer ridículo. Mas fazia todo o sentido para mim.
Então comecei a evitar os jornais. Não passava por lojas que os vendessem, nem os tocava, e também evitava pensar neles.
Viajar
a trabalho de trem tornou-se algo horrível. Eu mantinha minha cabeça
para baixo e balançava-a constantemente para tentar livrar-me de
qualquer imagem que pudesse ter visto acidentalmente. Fiquei presa na
minha própria bolha de medo.
No final, consegui superar minha
desordem com terapia cognitivo-comportamental e com psicoterapia. Ainda é
um problema para mim às vezes e ainda tenho muita ansiedade, mas
aprendi a ser minha própria psicoterapeuta e a desafiar meus medos.
Espero que as pessoas compreendam que o TOC é exaustivo e realmente pode fazer você se odiar.
Não
confiar em si mesmo, ter de lutar constantemente contra pensamentos
indesejados e criar compulsões que você sabe não fazerem sentido, tudo
isso explode sua autoestima."
Alice e os sapatos
"Sei
que meus pensamentos são irracionais, mas não posso controlá-los. A
cada minuto de todos os dias, imagens assustadoras de infecções vêm à
minha mente. As pragas de insetos são o meu maior medo. Se meus
pensamentos se transformassem alguma vez em realidade, creio que ficaria
tão ansiosa que não poderia respirar.
insetos vivem no solo e o solo não pode ser evitado. Então, meus
sapatos e meias estão frequentemente contaminados. Se eu vejo algo pelo
canto do olho que se parece um inseto, minha ansiedade me golpeia. Meus
sapatos e meias ficam imediatamente sujos, mesmo que nunca tenham tocado
o inseto imaginário.
Então eu evito tocá-los e frequentemente os tiro e largo na rua, voltando para casa com os pés descalços.
Mas
eu tenho que tirá-los sem usar minhas mãos. Eu queria que as pessoas
não olhassem para mim quando faço isso. Queria que as pessoas não
pensassem que eu sou estranha por isso, mas, acima de tudo, gostaria de
ter uma vida normal."
Grace e as toalhas
"Toda
vez que eu tiro a toalha de meu corpo, vejo a imagem do meu cadáver
sendo transportado em uma maca. E quando você imagina que algo vai
acontecer, você acha que isto vai acontecer mesmo. É assim que o TOC
funciona.
A única maneira de sair dessa sequência de
pensamento era pedir que outra pessoa tirasse a toalha da minha vista -
assim eu não imaginava meu corpo sem vida ao seu lado.
Este é apenas um exemplo das diferentes maneiras pelas quais meu distúrbio se manifestava.
Eu
estudei psicologia e fui diagnosticada quando estava na faculdade.
Quando aprendi sobre a teoria da evolução, parei de acreditar em Deus e
comecei a pensar em mim como um organismo natural, que não iria ao céu
ou ao inferno, mas se decomporia como uma planta.
Agora eu entendo
como foi que desenvolvi TOC naquele momento. Como a inevitabilidade da
morte é tão esmagadora, nos concentramos em coisas como religião ou
política para amortecer o conceito de morte.
Quando aprendi o ponto de vista científico, fiquei sem fé para me proteger da inevitabilidade da morte.
Aprender
sobre a evolução combinado com a perda de minha visão de mundo me
causou tanta ansiedade que inconscientemente tentei recuperar o controle
através de comportamentos obsessivos compulsivos.
Agora, a teoria
da evolução me faz sentir mais segura. Aprender sobre como os nossos
antepassados Homo sapiens evoluíram e sobre os caminhos que eles
fizeram, me ajudou a entender por que eu existo hoje, de onde eu venho e
para onde eu vou."
FONTE: http://www.bbc.com/portuguese/geral-41576570
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
Por que é mais difícil para as mulheres lutar contra alcoolismo e dependência às drogas
Leticia Mori
Da BBC Brasil em São Paulo
Gabriela* percebeu que precisava de
ajuda quando, depois de sair embriagada de uma festa no interior de São
Paulo, bateu o carro, quebrou duas costelas e tomou mais de 40 pontos no
rosto.
"Até então eu achava que estava no controle, que era só
eu querer que pararia de beber", diz a engenheira civil. "Precisei quase
morrer pra perceber que tinha que parar. Só que não consegui."Depois do acidente, ela começou a ir às reuniões de um grupo dos Alcoólicos Anônimos (AA). Entre os que participavam das reuniões havia apenas duas mulheres - ela e uma senhora de meia idade. Gabriela, que tinha 26 anos na época, conta que imediatamente se tornou um alvo de cantadas incômodas e avanços sexuais não solicitados.
"Porque compartilhei histórias envolvendo álcool e sexo, eles achavam que podiam me abordar sobre isso. Senti que estava sendo caçada, sabe? Tipo uma presa. Estou acostumada a ambientes masculinos, mas naquele momento eu precisava de sinceridade e apoio", afirma.
De tão desconfortável, Gabriela acabou abandonando as reuniões e parou o tratamento.
Ainda lidando com o vício, ela se envolveu com um homem mais velho, que também havia frequentado o AA. "Eu estava frágil e sozinha. No início ele me ajudou a ficar sóbria, mas logo se tornou um relacionamento abusivo e eu passei a beber mais ainda", conta.
Gabriela só conseguiu ficar sóbria por mais tempo ao se internar em uma clínica de alto padrão no interior do Estado - um luxo inacessível para a maior parte das alcóolatras como ela.
Esse ambiente hostil e tóxico para mulheres que buscam combater seus vícios também foi constatado pela pesquisadora Kátia Varela Gomes - que acompanhou grupos de apoio a dependentes químicos para um estudo que fez no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) sobre dependência química e gênero.
"Falta um tratamento adequado. Fiquei chocada ao ver que as frases que os homens falavam eram exatamente as mesmas que eu havia encontrado na literatura (científica): 'mulher quando usa droga fica facinha', 'se é feio para homem beber, imagina para a mulher', etc", afirma a psicóloga.
"As mulheres se calavam e depois de algumas semanas, desistiam do tratamento."
Tratamento adequado
Diversas pesquisas apontam que o consumo de álcool entre as mulheres brasileiras tem aumentado, segundo o observatório Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool).De acordo com a Organização Panamericana de Saúde, entre 2011 e 2016 a frequência de episódios de uso abusivo de álcool (BPE - Beber Pesado Episódico) aumentou entre as mulheres de 4,6% para 13%. O último Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, feito em 2014, também indica o aumento desse tipo de episódio no Brasil.
O problema é que, na prática, as mulheres acabam tendo menos sucesso nos tratamentos do que os homens.
"Embora o uso abusivo de álcool venha aumentando entre as mulheres, o tratamento na maioria das vezes ainda é muito feito de um ponto de vista masculino e voltado para os homens", diz o psiquiatra Cirilo Tissot, especialista em dependência química e diretor da Clínica Greenwood, em São Paulo.
"Você precisa levar em consideração questões específicas das mulheres, que muitas vezes são negligenciadas: a questão hormonal, que é diferente, necessidades de cuidados pessoais diferentes", explica.
"Nas clínicas, desodorantes e produtos de cuidado pessoal são proibidos, porque a pessoa pode cheirar, ingerir. Para os homens, vir o barbeiro e cortar o cabelo uma vez durante uma internação longa é suficiente. Mas muitas mulheres querem pintar o cabelo, passar uma maquiagem. As pessoas tratam isso como futilidade, frescura. Dizem absurdos como: 'para que se maquiar, quer seduzir alguém?'. Negligenciam o que pode ser um elemento importante para trabalhar autoestima."
Segundo Kátia Gomes, o próprio planejamento dos horários do tratamento pode prejudicar as mulheres. "Se o encontro do grupo de apoio for em um horário que impossibilite as mulheres que têm filhos de levá-los à escola, elas não vão se tratar. O homem quando tem filho deixa com a mãe. As mulheres com adicção, na maioria das vezes, não têm com quem deixar", diz.
"Você tem que lidar com preconceito. Os homens falam assim: eu quero sair porque faz muito tempo que eu não transo. Se não tem namorada, ele vai num prostíbulo, e isso é visto com a maior naturalidade. Você precisa ver a coisa catastrófica que foi quando a primeira mulher disse isso na clínica. Ela avisou ao pai que queria sair no fim de semana porque fazia tempo que não transava. Foi uma crise na família", conta Tissot, cuja clínica recebe pacientes para internamentos longos e curtos.
Segundo os especialistas, até profissionais de saúde muitas vezes reproduzem preconceitos e julgamentos. "É uma luta constante para conscientizar as colegas profissionais a terem outro olhar", diz Gomes.
Abandono
A solidão à qual as mulheres que têm algum tipo de vício são expostas é outro fator a enfraquecer o tratamento, segundo os especialistas."Os homens que estão se tratando muitas vezes têm apoio das mulheres, da mãe e do pai, e em alguns casos até dos filhos. As mulheres, em sua maioria, estão sozinhas enfrentando suas doenças", conta Katia.
Das cerca de 50 mulheres em tratamento no Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) de Guarulhos, na grande São Paulo, só duas têm companheiros que as ajudam. O problema é o mesmo na Clínica Greenwood.
"É uma percepção que tenho desde que fazia residência. Uma mulher lutando conta a dependência muito raramente vai ter o apoio do companheiro. Até a família julga mais e apoia menos quando a paciente é mulher", explica Tissot.
Camila, que ficou internada na clínica durante quatro meses, é um exemplo da situação. Enquanto tentava ficar sóbria, os amigos se afastaram e a relação nunca mais foi a mesma.
"Eu comecei a beber no cursinho pré-vestibular para me enturmar. Sempre fui a baladeira, que não queria ir embora e insistia pro pessoal beber mais. Mas os homens sempre me viam como 'um dos caras' por eu beber muito. Servia para ser amiga, mas não para ter um relacionamento", diz ela.
"Depois, meus amigos sempre procuravam por essa antiga Camila e quando não a encontravam, rolava esse estranhamento", conta a administradora de empresas.
Ela conta que os pais, embora a tenham apoiado, nunca a entenderam direito.
"Eu contava das dificuldades, e eles falavam que não, não era tão grave, que a gente conseguiria resolver em família. Era uma negação mesmo de que a filhinha deles pudesse ter um vício. Tive que contar sobre as outras drogas que estava usando para eles entenderem que era sério", afirma.
Camila enfrentou a dependência química por mais de dez anos e acabou, durante esse tempo, substituindo um vício pelo outro. Teve períodos de compulsão alimentar, de consumo compulsivo e de compulsão por sexo.
Já Gabriela não teve o apoio da família para se internar. "Quando eu estava no fundo do poço meu namorado saiu de casa e minha mãe disse que eu tinha me afundado porque quis. Não me deu um centavo para o tratamento. Tive que me demitir do emprego para ficar três meses na comunidade terapêutica e ainda não terminei de pagar a dívida enorme que fiz para pagar o tratamento."
Julgamento
"O estigma colocado sobre pessoas com dependência química sempre existiu, mas a gente percebe, tratando ambos os sexos, que no caso das mulheres isso é muito mais proeminente. O julgamento é muito maior", afirma Cirilo Tissot."O vício não é visto como uma doença, mas como uma falha moral, uma questão de força de vontade. Ainda mais quando se trata de um problema como compulsão sexual", explica Tissot. "Em vez de ser vista como uma pessoa que precisa de tratamento e apoio, a mulher é vista como pervertida."
Camila fala tranquilamente sobre o problema com álcool e em drogas, mas hesita quando o assunto é compulsão sexual.
Ela conta que seu atual namorado entendeu e apoiou quando ela revelou seu problema com drogas e álcool, mas não aceitou muito bem ao descobrir o vício em sexo. "Até então ele entendia que eu estava doente, queria cuidar de mim, me ajudar. Mas no aspecto do sexo ele não enxergou do mesmo jeito", conta.
Tissot diz que as descobertas científicas de que vícios estão relacionados a desequilíbrios químicos do corpo foram mudando a visão sobre o tema ao longo do tempo, mas que o julgamento moral sobre as mulheres permanece até hoje.
"A repressão que existe sobre a mulher é tal que quando a pessoa fica desviante dessas expectativas, o quadro é considerado mais grave", diz ele.
Kátia Gomes diz que a dependência química feminina "configura-se como porta-voz do que é intolerável na feminilidade".
"Uma mulher que está grávida e tem uma adicção é vista como um monstro. Mas se é uma patologia ela não tem controle. Esse tipo de condenação é um tiro pela culatra, porque só aumenta o nível de ansiedade dessa mulher, que muitas vezes foi o que a levou a desenvolver o vício em primeiro lugar", explica Gomes.
Tissot afirma que mulheres que têm filhos se sentem muito mais culpadas que os homens de se afastar por alguns meses para se tratar. "A gente explica que ela precisa estar bem. Não adianta estar aqui fora e não ter condições de cuidar dos filhos."
Centenas pesquisas feitas nos EUA apontam as diferenças entre os gêneros na questão da dependência química.
Segundo uma revisão da literatura científica publicada por pesquisadoras como Shelly F. Greenfield, da Escola de Medicina de Harvard, e Susan M. Gordon, da Universidade do Arizona, estudos feiros entre 1990 e 2005 já indicavam que as mulheres com a patologia têm menor chance de obter tratamento adequado.
Já no Brasil, a pesquisa de Katia Varela Gomes, publicada em 2010, foi apenas a quinta a estudar as especificidades da dependência e do tratamento em mulheres.
"A própria falta de pesquisas na área por aqui mostra essa desigualdade", afirma a psicóloga, ressaltando que, em condições não preconceituosas e equânimes, as mulheres teriam tanta chance de recuperação quanto os homens em um tratamento.
Hoje ela trabalha no CAPs (Centro de Atendimento Psicossocial) de Guarulhos com grupos de apoio exclusivos que atendem as demandas específicas das mulheres. Ela afirma que a chance de uma mulher se recuperar não é diferente da de um homem se ela receber apoio e tratamento apropriado. "Eu vejo muitas histórias de sucesso, de mulheres que estão recuperadas e levando uma vida bem mais funcional e feliz."
* Sobrenomes ocultados a pedido das entrevistadas.
FONTE: http://www.bbc.com/portuguese/geral-41436903
domingo, 1 de outubro de 2017
Na Europa, só uma nação proíbe: como diferentes países veem a terapia de reversão sexual
Gabriela Loureiro
De Londres para a BBC Brasil
A aprovação de uma liminar
autorizando psicólogos brasileiros a oferecerem a seus pacientes formas
de terapia de reversão sexual provocou fortes reações de diferentes
segmentos da sociedade durante esta semana no Brasil.
Artistas
como Anitta, Daniela Mercury e Ivete Sangalo participaram de uma
campanha nas redes sociais contrária à decisão com as hashtags
#TrateSeuPreconceito e #HomofobiaNãoÉDoença.Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter retirado a homossexualidade da lista internacional de doenças há quase 30 anos, há uma enorme diversidade na forma como diferentes países lidam com a questão. Na Europa, por exemplo, só há um país que proíbe tratamentos que oferecem a "cura gay".
Brasil
O Conselho Federal de Psicologia do Brasil proíbe terapias de reversão sexual desde 1999 e profissionais que desobedecerem a regra podem ter seu registro cassado.Esta semana, porém, a decisão do juiz federal da 14ª Vara do Distrito Federal Waldemar Cláudio de Carvalho abriu uma interpretação diferente para a norma do Conselho Federal de Psicologia (CFP).
A justificativa, segundo o juiz, seria a de não impedir os profissionais "de promoverem estudos ou atendimento profissional, de forma reservada, pertinente à (re)orientação sexual, garantindo-lhes, assim, a plena liberdade científica acerca da matéria, sem qualquer censura ou necessidade de licença prévia".
A liminar atende parcialmente uma ação movida contra o CFP por Rozangela Alves Justino, psicóloga que teve seu registro profissional cassado em 2009 por oferecer "terapias para curar a homossexualidade masculina e feminina". Justino pedia a suspensão das regras do órgão.
Estados Unidos
Cada Estado americano tem suas regras sobre tratamentos de reversão sexual. Muitos deles proíbem a prática em menores de idade.A Associação Psiquiátrica Americana se opõe a qualquer "tratamento psiquiátrico, como a terapia de conversão baseada no pressuposto de que a homossexualidade seja um transtorno mental ou de que um paciente deveria mudar sua orientação sexual".
Reino Unido
Apesar de várias instituições terem assinado um acordo descrevendo o tratamento como "potencialmente prejudicial e antiético", inclusive o NHS (SUS britânico), a terapia de reversão sexual é legal no Reino Unido.Em 2015, o parlamentar conservador Mike Freer advogou pela criação de uma lei para regular "terapias de cura gay" no país. Segundo ele, o governo deveria fazer mais para garantir que essas terapias não sejam realizadas no país. "Continua sendo possível no Reino Unido ir a um profissional do NHS para ser indicado a um psicoterapeuta que faça a chamada 'cura gay'", disse ele durante um debate no Parlamento em Londres.
Um estudo realizado em 2015 pelo instituto de pesquisa YouGov a pedido da ONG LGBT Stonewall apontou que 10% das equipes britânicas que trabalham com saúde e bem-estar social testemunharam colegas dizendo que gays, lésbicas e bissexuais podem ser "curados", um número que chega a 22% considerando apenas Londres.
Em 2009, uma outra pesquisa apontou que 200 profissionais de saúde mental ofereceram algum tipo de terapia de conversão a pacientes, sendo que 40% deles foram tratados dentro do próprio NHS.
Louise* disse ao programa Newsbeat da BBC que foi coagida a um tratamento de cura gay em 2007 na igreja evangélica que frequenta, na região de West Yorkshire.
"Eu fui chantageada para concordar a ir a um acompanhamento psicológico ligado à igreja. Eu fui obrigada a aceitar que todo o conteúdo dessas sessões seria compartilhado com os anciões [da igreja] para que eles pudessem medir meu progresso", contou.
"Eu fui submetida a uma prática de exorcismo. Não exatamente como no filme de terror O Exorcista. Mas tinha pessoas da igreja rezando, erguendo as mãos e falando línguas durante horas. Eu lembro de dormir no meio, de tão longo que era."
Malta
Em dezembro de 2016, Malta se tornou o primeiro país europeu a proibir a terapia de reversão sexual. A nova lei determina que quem tentar "mudar, reprimir ou eliminar a orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero de alguém" será multado ou até mesmo preso. A multa pode chegar a 10 mil euros (R$ 37 mil) e a sentença de prisão a até um ano.Rússia
Similarmente ao Brasil e outros países, a Rússia tirou a homossexualidade de sua lista de doenças psiquiátricas em 1999, nove anos após a OMS fazer o mesmo. Até hoje, a homossexualidade não é considerada uma desordem mental na Rússia, mas a homofobia é comum no país, que acabou de aprovar uma lei que proíbe a "propaganda gay". Falar sobre homossexualidade com crianças é crime no país desde 2013.Apesar de homossexualidade não ser oficialmente considerada uma doença, profissionais de saúde oferecem a chamada "cura gay" na Rússia. O psicoterapeuta Yan Goland, por exemplo, disse ter "curado" 78 homossexuais e 8 pessoas trans usando um método desenvolvido na União Soviética por seu mentor, Nikolai Ivanov.
Ele disse à BBC que o tratamento dura entre 8 e 18 meses para homossexuais e pode ser mais longo para trans. No primeiro estágio, ele "destrói" a atração da pessoa por indivíduos do mesmo sexo através de hipnose, cuja sessão pode durar até 8 horas.
No segundo estágio, ele força atração a pessoas de sexo oposto. "Eu digo a eles: 'quando você sair da sessão, caminhe pela rua e olhe todas as mulheres jovens que passarem por você, mostre interesse em seus corpos e selecione as melhores'". O terceiro passo é o ato sexual com pessoas do sexo oposto.
Aos 80 anos de idade, Goland diz continuar tratando pessoas.
E, assim como caso de Louise na Grã-Bretanha, a BBC também colheu relatos na Rússia de pessoas submetidas a "tratamentos" em igreja.
Maria*, de 27 anos, disse ter sido levada contra sua vontade à igreja por sua família para "tratar" sua homossexualidade aos 13 anos de idade. "Eles me cobriram de água santa e me forçaram a bebê-la. Às vezes me batiam com cajados. Sinto como se tivessem quebrado minha mente", disse ela à BBC.
Uganda
Em 2014, o governo da Uganda tentou aprovar uma lei chamada "Ato Anti-Homossexualidade", que punia a homossexualidade com a pena de morte. Mais tarde, a lei foi definida como inconstitucional pela Justiça do país. Mas a lei ajudou a fomentar a perseguição a homossexuais.A ONG SMUG, de Uganda, publicou um estudo apontando que a perseguição com base em orientação sexual aumentou nos últimos anos após a criação da lei e jornais publicaram uma lista dos "top 200 homossexuais" do país. Este ano, ativistas LGBT tentaram organizar uma parada gay e foram impedidos pela polícia.
O país é destaque no documentário The World's Worst Place To Be Gay? ("O Pior País Para Ser Gay?") da BBC. No programa, o dj Scott Mills se submete a uma cerimônia pagã de cura gay na qual ele foi surrado com uma galinha viva e banhado de água aquecida por uma tocha de fogo.
Malásia
O governo da Malásia fez uma campanha a favor da terapia de conversão sexual depois que autoridades federais disseram que a orientação sexual de alguém pode ser transformada através de um "treinamento intensivo".O país também ofereceu um prêmio de de até US$ 1 mil para o melhor vídeo de "prevenção à homossexualidade" em uma competição juvenil de vídeos de educação sexual. A categoria de "prevenção à homossexualidade" foi substituída por "desordem de identidade de gênero" depois de protestos de ativistas LGBT.
Os direitos LGBT não são reconhecidos na Malásia, onde a "sodomia" continua sendo vista como crime segundo as leis coloniais do Império Britânico.
China
A China deixou de considerar a homossexualidade uma doença mental em 2001, mas grupos de defesa LGBT afirmam que milhões de homossexuais casam com pessoas do sexo oposto devido à pressão das famílias.Este ano, porém, um homem gay ganhou uma compensação de um hospital psiquiátrico por ter sido submetido à força a uma terapia de conversão sexual.
O homem, identificado como Yu, foi levado à força por sua mulher e familiares a um hospital no centro da China, na cidade de Zhumadian, em 2015. Lá, ele foi obrigado a tomar medicamentos e injeções por 19 dias.
A Justiça chinesa entendeu que forçá-lo a uma instituição mental sem ele oferecer perigo à sociedade infringia seus direitos.
O hospital que o diagnosticou com "desordem de preferência sexual" teve que se desculpar em público através de uma nota no jornal e pagar uma multa de US$ 735.
Irã
O Irã é um entre os cerca de 10 países nos quais a homossexualidade pode ser punida com a pena de morte. Líderes religiosos, no entanto, aceitam a ideia de que uma pessoa pode estar "presa" em um corpo do sexo oposto. Portanto, homossexuais podem ser forçados e passar por uma cirurgia de redesignação sexual - e muitos fogem do país por isso.Ao crescer, Donya* tinha o cabelo curto e usava boné em vez de véu. Ela disse à BBC que, se policiais pedissem sua identidade e percebessem que ela era uma menina, poderiam repreendê-la. "Por que você é assim? Vá mudar seu gênero", lembra.
"Era tamanha pressão que eu queria mudar meu gênero o mais rápido possível". Ela passou 7 anos em tratamento hormonal, começou a ter pelos faciais e sua voz ficou mais grave.
Quando os médicos sugeriram a cirurgia de transgenitalização, ela decidiu fugir para a Turquia e depois para o Canadá, onde conseguiu asilo.
FONTE: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41354769
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