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domingo, 26 de abril de 2015
sábado, 11 de abril de 2015
RJ tem metade dos leitos psiquiátricos ocupada por pacientes de longa permanência
Somente na capital, das 1.324 vagas em hospitais para saúde mental,
659 estão ocupadas pelas mesmas pessoas há mais de um ano. A situação é
resultado do abandono por parte das famílias, da falta de vagas em
residências terapêuticas e ausência de registro.
Por Natalia Furtado (natalia.furtado@cbn.com.br)
Depois de tratar durante anos de um
paciente com problemas mentais, a equipe do Instituto Doutor Francisco
Spínola, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, recebeu uma carta da mãe do
interno. A mulher agradecia aos profissionais pelo trabalho dedicado ao
filho e se despedia. Após o episódio, ocorrido há anos, ela nunca mais
foi vista. A equipe da unidade de saúde chegou a procurá-la no endereço
dado ao hospital, mas ela não foi encontrada. Desde então, o filho está
abandonado.
- Tem
um caso, por exemplo, que a mãe dá um endereço pela Penha. Inclusive
deixa uma carta para o hospital agradecendo e meio que se despedindo
dele. Isso há alguns anos atrás. E nada foi feito. Ele está lá,
abandonado. Na região ninguém sabe dela. Isso existe. Parece o quadro de
uma pessoa muito dependente de cuidados."
A
história narrada pelo superintendente de Saúde Mental da capital, Hugo
Fagundes, evidencia uma realidade dos hospitais psiquiátricos do Rio de
Janeiro. Metade dos leitos destinados à saúde mental do estado e do
município do Rio é ocupada por pacientes de longa permanência. Somente
na capital, das 1.324 vagas, 659 são ocupadas pelas mesmas pessoas há
mais de um ano. No estado, 50% dos 4.239 leitos estão na mesma situação.
Sem registro familiar, o que dificulta o trabalho das equipes de
localizar parentes; sem vaga em residências terapêuticas ou enfrentando
resistência dos familiares, os pacientes acabam ficando durante anos nas
instituições. Outros, já idosos, não possuem mais vínculo com a
família. Há ainda os que são levados para o hospital em momento de crise
e são esquecidos por lá. Segundo o superintendente de Saúde Mental do
Rio, Hugo Fagundes, diante do abandono, é preciso reconstruir uma vida
para os pacientes.
-
Existe família que abondona? Existe. Quando acontece, o paciente vai
para esses lugares e a família desaparece. Aí vira um problema para a
gente. Se torna um paciente de longa permanência. E a gente tem que
construir um caminho para ela. Então tem uma política pública voltada
para isso. Isso existe."
Para a
diretora do Instituto Municipal Nise da Silveira, Érika Pontes, a
dificuldade da família em lidar com o problema mental ainda é uma
questão de preconceito social.
- Se
você perguntar para alguém na rua onde é o lugar de um paciente
psiquiátrica, a pessoa vai falar que é internado, no hospício. A questão
do abandono ainda tem muito do preconceito social. Eu encaro essa
questão como uma dificuldade da família em lidar com a loucura."
Além
da dificuldade da família em aceitar a doença, há ainda os pacientes que
não se dão bem com os parentes ou preferem viver sozinhos. Paciente do
Instituto Nise da Silveira, Miriam conta que tem família, mas prefere
ficar distante.
- Eu
sou independente. Sou empresária, faço empada. Tenho família, mas pula
essa parte. Com a minha mãe mais ou menos. Porque eu gosto da minha
liberdade, não gosto de ficar presa. Gosto de voar."
Atualmente
o Nise da Silveira, na Zona Norte do Rio, possui 98 moradores. Segundo a
diretora, Érika Pontes, todos têm condição de ir para residências
terapêuticas, que são uma espécie de república com cuidadores. No
entanto, não há vagas disponíveis, outro problema enfrentado pelos
hospitais psiquiátricos.
Segundo
a prefeitura, a cidade conta com 60 unidades, que atendem, em média,
oito pessoas, cada. A previsão é de que outras 40 sejam construídas até o
final de 2016. Já a Colônia Juliano Moreira, na Zona Oeste, abriga 250
pacientes, a maioria, idosos. Além da dificuldade em encontrar
familiares vivos, a equipe tem outro desafio: a falta de registro
familiar, já que muitos vêm das ruas. Mas casos de sucesso também
acontecem. Uma paciente que estava há mais de 30 anos na instituição
falava constantemente de um filho. Um funcionário resolveu procurar por
ele e o encontrou. Mesmo sem nunca ter tido contato com a mãe, o filho
quis levá-la para casa, como conta o diretor da unidade, Marcos José
Martins.
- É
uma paciente, décadas internada aqui. E ela sempre dizia, era um
discurso repetitivo, que ela tinha um filho e que foi separada dele logo
depois que ele nasceu. Que era de uma cidade de MG e trabalhava em uma
fazenda. Certo dia alguém da equipe resolveu dar ouvido para isso e
localizou a fazenda. Por sorte o dono tava lá e vivo. Conseguimos
localizar o filho dela o bonito dessa história é que eles restabeleceram
essa situação. Ele já era casado, tinha filhos. E essa família resolveu
levar a senhora de volta para morar com eles.
Atualmente,
existem 32.290 leitos psiquiátricos no Brasil distribuídos em 178
instituições. Segundo o Ministério da Saúde, esses estabelecimentos vêm
sendo gradativamente fechados e substituídos pela Rede de Atenção
Psicossocial, que prevê a criação de pontos de atenção à saúde no
Sistema Único de Saúde.
FONTE:http://cbn.globoradio.globo.com/rio-de-janeiro/2015/04/11/RJ-TEM-METADE-DOS-LEITOS-PSIQUIATRICOS-OCUPADA-POR-PACIENTES-DE-LONGA-PERMANENCIA.htm
sexta-feira, 3 de abril de 2015
No Dia Mundial de Conscientização sobre autismo, especialistas alertam: diagnóstico não deve ser precipitado
Anamaria Nascimento
Publicação: 02/04/2015 07:25 Atualização: 02/04/2015 07:27
Identificar
precocemente uma criança como autista pode ser perigoso, por não levar
em consideração características individuais. O alerta feito por
especialistas no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, comemorado
hoje, abre um novo olhar sobre o debate de como lidar com pessoas do
espectro autista.
A psicóloga Ana Elizabeth Cavalcanti observa
que, levando em consideração os dados oficiais de diagnósticos de
autismo, estaríamos vivendo uma “epidemia”. Estatísticas do Centers for
Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, apontam que
uma em cada 68 crianças enquadra-se no espectro autista. “Esses números
aberrantes são efeito de uma prática bastante questionável e perigosa
porque não leva em consideração o contexto psicossocial”, pontua Ana
Elizabeth.
Andar na ponta dos pés, gostar de girar objetos e
falar na terceira pessoa, por exemplo, são comportamentos próprios da
infância e não necessariamente indicam que a criança é autista.
“Diagnosticar muito cedo pode enquadrar a criança, não permitindo que
ela viva uma identidade singular. Dizer que ela é autista e ponto é
grave”, reforça a psicanalista do Centro de Pesquisa em Psicanálise e
Linguagem, Letícia Rezende. Não há tratamento padrão, segundo ela.
“O profissional deve buscar soluções para as limitações específicas de cada paciente”, acrescenta a psicopedagoga Maria Batista. É o que procura a administradora Mariana Rocha, 40, mãe de Mateus Rocha, 6. “Desde que descobrimos que ele é autista, faço um planejamento, com as terapeutas, de como será o ano dele. Identificamos os avanços e definimos aonde queremos que ele chegue.”
“O profissional deve buscar soluções para as limitações específicas de cada paciente”, acrescenta a psicopedagoga Maria Batista. É o que procura a administradora Mariana Rocha, 40, mãe de Mateus Rocha, 6. “Desde que descobrimos que ele é autista, faço um planejamento, com as terapeutas, de como será o ano dele. Identificamos os avanços e definimos aonde queremos que ele chegue.”
Seu cotidiano inclui
terapia em grupo, dois tipos de fonoaudiologia, terapia ocupacional e
natação. “A abordagem multidisciplinar é fundamental, mas a interação e
interesse da família são o mais importante”, opina Mariana.
FONTE: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2015/04/02/interna_vidaurbana,569409/no-dia-mundial-de-conscientizacao-sobre-autismo-especialistas-alertam-diagnostico-nao-deve-ser-precipitado.shtml
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