Que os exercícios físicos são de grande importância no processo de
emagrecimento já é mais do que sabido. O que, muitas vezes, não chega ao
conhecimento das pessoas é que as atividades consistem em uma
importante forma de combater uma série de problemas, muitos de origem
psicológica. Entre eles, a depressão.
"O exercício físico atua como coadjuvante e, também, auxilia na
prevenção de novos episódios de depressão", explica a professora de
Educação Física Eliane Jany Barbanti, coordenadora do Núcleo de
Psicologia do Esporte e Atividade Física (NUPSEA), do Centro de Práticas
Esportivas da Universidade de São Paulo (CEPEUSP). Faz parte do Núcleo o
"Programa de Atividades Físicas como Complemento ao Tratamento da
Depressão".
O esporte é uma das maneiras de tratar essa doença que costuma ser
confundida com tristeza (passageira) e age afastando aqueles que sofrem
dela do convívio social. "A depressão está presente quando a pessoa se
sente retraída diante de situações, problemas da vida. A paciente
apresenta perdas, dificuldades no relacionamento, na vida profissional,
não consegue os objetivos e tem uma falsa crença de que não será capaz
de modificar a situação", explica a psicóloga e psicoterapeuta Olga Inês
Tessari.
Identificar os sintomas da depressão não é difícil. "Quem sofre desse
mal sente falta de ânimo, não tem vontade de fazer nada, fica quieto no
canto, foge de momentos de alegria, não sai, não se diverte, enfim,
nada tem graça. Fica na dela, desanimada, sem querer muita conversa, se
fecha dentro do seu mundo", alerta a psicóloga.
A depressão afeta pessoas de qualquer idade, inclusive crianças, que
são pressionadas pelos pais para serem "perfeitas", mas acabam
desenvolvendo a doença por não se acharem capazes. Também existem
estudos que mostram que as mulheres costumam sofrer mais com esse mal, o
que não exclui os homens. "Eles têm mais dificuldade para manifestá-la e
de buscar ajuda. O homem, na sociedade machista em que nos encontramos,
ainda não pode revelar suas 'fraquezas'. Sofre calado", observa Olga
Tessari.
Exercício e socialização
O "Programa de Atividades Físicas como Complemento ao Tratamento de
Depressão" teve início no segundo semestre de 2004, com pesquisas e
análises de estudos sobre o assunto, e foi implantado no começo de 2005.
Nesse período, cerca de 250 pessoas já participaram das atividades. "Já
tivemos pesquisas que dizem que exercícios físicos favorecem a
recuperação de pacientes tanto na fase aguda quanto crônica da doença.
Mas, trabalhamos com quadros clínicos de depressão fraca a moderada",
diz Eliane.
Durante o processo inicial, a equipe de Eliane chegou a uma série de
conclusões para serem aplicadas na prática. Uma das principais dá conta
de que juntar as pessoas para praticarem exercícios físicos é bastante
benéfico para a recuperação de quem sofre de depressão.
"Muitas vezes, quem tem depressão apresenta baixa auto-estima. Com a
interação, a pessoa percebe que algumas outras gostam de interagir com
ela, de conversar, que ela é valorizada e isso é fundamental. O
depressivo gosta de ficar fechado e, ao praticar essas atividades, pode
conhecer quem passou pelo mesmo problema. Conviver com pessoas pode
animá-lo para sair da depressão", afirma Olga.
"Estar em grupo, fazendo exercício, ajuda bastante. As pessoas sentem
mais apoio. Só o fato de estarem em grupo já é um auxílio. Não se
percebe que é um grupo de depressivos", diz a coordenadora. Ela explica
que o motivo é a liberação de endorfina e serotonina, substâncias que
agem no humor, fazendo com que as mudanças de humor (um dos maiores
indicativos da depressão) não ocorram.
"O exercício físico oxigena melhor o cérebro, colaborando para que se
pense melhor. É muito comum que pessoas depressivas também sejam
ansiosas e precisem de atividade física pra diminuir a ansiedade, para
poder refletir melhor sobre como resolver os problemas que levam à
depressão", completa Olga Tessari.
O Programa também mostra que diferentes modalidades de exercícios têm
ação sobre determinadas características. "Os mais indicados são os
aeróbicos, que liberam endorfinas. Então, no nosso trabalho, fazemos 20
minutos de bicicleta, 20 de caminhada, 20 de exercícios localizados e
meia hora de alongamento. Esses que totalizam 40 minutos de atividades
aeróbicas servem para ajudar na liberação de endorfinas pelos
neurotransmissores; os localizados auxiliam na auto-estima e
autoconfiança e o alongamento é uma forma de relaxamento, que atua na
parte da ansiedade", orienta Eliane.
FONTE: http://ajudaemocional.tripod.com/id479.html
Matéria publicada no site Xenicare
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