Joel Renno
quarta-feira 18/06/14
Que as mulheres são mais vulneráveis a
vários transtornos mentais e que há diferenças cerebrais anatômicas e
funcionais já está definido pela ciência. Alguns transtornos mentais
como depressão e ansiedade podem atingir as mulheres de 2 a 3 vezes mais
que os homens. Por que tais diferenças existem e como explicar tais
diferenças sem que [...]
Que as mulheres
são mais vulneráveis a vários transtornos mentais e que há diferenças
cerebrais anatômicas e funcionais já está definido pela ciência. Alguns
transtornos mentais como depressão e ansiedade podem atingir as mulheres de 2 a 3 vezes mais que os homens.
Por que tais diferenças existem e como explicar tais diferenças sem
que o sexo feminino seja novamente tratado com o estigma da
inferioridade biológica?
Definitivamente, esse é um grande desafio. Sabemos que algumas mulheres são mais predispostas a transtornos mentais
em períodos de oscilações dos níveis hormonais como o pré-menstrual,
pós-parto e perimenopausa (de 5 anos antes da menopausa até 1 ano após o
início da menopausa).
Mulheres também costumam ser mais vítimas, na infância e adolescência, a
traumas e abusos físico e sexual que funcionarão como “gatilhos
estressores” desencadeadores de episódios depressivos e ansiosos mesmo
anos mais tarde.
Embora o corpo caloso (estrutura que divide o cérebro nos hemisférios
direito e esquerdo e os integra) seja mais espesso nas mulheres e
permite, portanto, uma maior e melhor conexão entre os hemisférios
cerebrais femininos (não por acaso as mulheres conseguem desempenhar
várias atividades simultâneas como cuidar dos filhos, atender o telefone e ao mesmo tempo
preparar um gostoso alimento), na atualidade a frequência e intensidade
de estímulos nas mulheres ultrapassa qualquer limite razoável do seu
complexo sistema nervoso central. Há exigência de múltiplos papéis para
que a mulher contemporânea consiga se impor: executiva de destaque,
super mãe, amante sensacional e extremamente prendada nos afazeres
domésticos. Essas inúmeras cobranças, muitas ainda oriundas de um
universo machista, podem deixar muitas mulheres angustiadas ao extremo e
levá-las a crises de ansiedade ou em graus extremos a crises de pânico.
As mulheres costumam, porém, procurar ajuda médica precoce e isso as favorece em situações de tratamento e prevenção.
Os vilões hormonais podem, em outras situações, ser até protetores
como no autismo e na esquizofrenia que são, ao contrário, menos
frequentes nas mulheres.
É fundamental que a sociedade não rotule as mulheres como
descontroladas ou até mais incapazes que os homens só porque elas têm
uma frequência maior de vários distúrbios mentais. Sempre digo a todos
os meus pacientes que pessoas inteligentes, vencedoras e sensíveis
também podem sofrer de transtornos mentais como qualquer mortal e isso
jamais pode ser utilizado como motivo para desqualificá-las.
FONTE: http://blogs.estadao.com.br/mentes-femininas/a-gangorra-emocional-feminina/
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