Translate

segunda-feira, 25 de março de 2013

Mídia alimenta padrão de beleza

02.jpg
Meios de comunicação estimulam a manutenção dos padrões de beleza impostos pela indústria da moda e da estética
A aparição da modelo tcheca Karolina Kurvova na última edição da semana de moda de São Paulo, a São Paulo FashionWeek, em junho deste ano, trouxe à tona novamente a discussão sobre os padrões de beleza impostos pela indústria da moda e da estética. A top, que desfilou de biquíni por uma grife de moda praia, foi alvo de duras críticas em diversos veículos brasileiros, pois estaria, segundo especialistas do mundo das passarelas, com alguns quilos e celulites a mais.
O episódio foi notícia em diversos meios de comunicação internacionais. Sites como o do grupo Fox News e o do jornal Daily Telegraph acusaram a mídia brasileira de atacar a top por supostamente ter aparecido "gorda demais" na passarela e de, assim, colaborar para a manutenção dos padrões de beleza inatingíveis instituídos pelo meio fashion.
A morte da modelo brasileira Ana Carolina Reston, em 2006, devido a complicações causadas por uma anorexia nervosa – transtorno alimentar e de imagem que faz o paciente buscar a magreza incessantemente – também chamou a atenção da comunidade global para o assunto. Desde então, surgiram algumas iniciativas na mídia com o objetivo de alertar a população sobre esse e outros distúrbios relacionados ao medo de engordar e sobre as conseqüências da ditadura do corpo perfeito.
A exemplo da campanha publicitária que traz a foto de uma garota extremamente magra e os dizeres "No Anorexia" (Não à anorexia), criada pelo fotógrafo Oliviero Toscani para a marca de roupa italiana No-l-ita, anúncios e reportagens estão sendo veiculados principalmente na Europa.
Para a comunicóloga e professora de jornalismo, Marina Quevedo, mesmo que haja um esforço maior hoje para dar visibilidade, sobretudo, a essas doenças psicossociais, os meios de comunicação de massa não têm a intenção e nem o papel de exterminá-los. "A mídia vive também do sensacionalismo e da exploração da morte. Para que ela se mantenha, nos matamos um pouco a cada dia sob diferentes aspectos", declara.
Já o coordenador da área de comunicação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Norval Baitello, vê essas ações da mídia com mais otimismo. Baitello afirma que, da mesma forma que os meios de comunicação de massa se colocam, muitas vezes, a serviço desse padrão de beleza ideal inatingível, eles tambémpodemse tornar agentes conscientizadores da diversidade. "No momento em que a mídia não fala simplesmente sobre os modelos considerados perfeitos de acordo com os padrões, mas aponta para a variedade dos tipos existentes, ela alerta para os riscos da violência contra o corpo, prevenindo, por exemplo, o uso de anabolizantes, e ajudando até a salvar vidas".
Porém, como destaca Marina, essas iniciativas damídia, que valorizam a diversidade cultural e procuram gerar no indivíduo um sentimento de satisfação em relação ao próprio corpo, são raras. "Vemos algumas tímidas propostas em canais de televisão não muito assistidos. Levará anos para que vejamos uma mídia madura e mais democrática em relação à pluralidade", completa Marina.

Renata Firace
 
FONTE: http://www.metodista.br/cidadania/numero-59/midia-alimenta-padrao-de-beleza/

Nenhum comentário:

Postar um comentário