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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Saiba mais sobre o crack



O crack é uma droga derivada da cocaína, mas com um poder cinco vezes maior. A cocaína é extraída de uma planta (Erythroxylon coca) usando solventes como o éter, a amônia, o ácido sulfúrico, o querosene e a cal virgem, que por si só já são bastante nocivos à saúde humana. Para produzir crack, é usada a pasta da cocaína sem passar pelo processo de refinamento, o que o torna mais barato, sendo acessível a todas as classes sociais.
Apesar de ter um efeito maior, a sensação de bem-estar causada pelo crack passa rapidamente, dando lugar a um verdadeiro pesadelo. O usuário do crack passa a querer usar a droga o tempo todo para fugir do mau-estar provocado pela sua falta, e faz qualquer coisa pra adquiri-la. O crack destrói centenas de famílias todo dia. O dependente do crack abandona o trabalho, os estudos e todos aqueles que ama. Muitos entram para a criminalidade e para a prostituição.
 SINTOMAS DO USO DO CRACK
• O usuário de crack perde a identidade e a autoestima, deixa de ter os mínimos cuidados com a higiene pessoal e alguns chegam a perder mais de dez quilos em uma semana.
• Tosse e nariz entupido com frequência, com expectoração de muco escuro, cansaço intenso, tremores, depressão e apatia.
• Em alguns casos, o usuário sofre alucinações, delírios e sintomas paranoicos (sensação de estar sendo vigiado ou perseguido).
• Além de ficar violento, o usuário, muitas vezes, torna-se inadequado, sem noção de comportamento em sociedade ou convivência.
• São freqüentes queimaduras no queixo, no rosto e nas mãos pela manipulação descontrolada de isqueiros e fósforos.
 EFEITOS NO CÉREBRO E NA PERSONALIDADE
• O crack provoca lesões no cérebro, causando a morte de neurônios. Isso resulta em deficiências de memória e de concentração, oscilações de humor, baixo limite para frustração e dificuldade de ter relacionamentos afetivos.
• O uso do crack provoca perda da capacidade de raciocínio e dificuldade para tomar decisões, que passam a ser feitas sob o impulso da droga.
• O crack provoca quadros psiquiátricos graves, como psicoses, paranoia, alucinações e delírios.
• Com frequência, ocorrem acidentes vasculares cerebrais ou derrames que, muitas vezes, levam à morte.
 DANOS PROVOCADOS PELO CRACK
• O crack acelera os batimentos cardíacos, aumenta a pressão arterial e provoca arritmias, enfartes, hemorragias cerebrais e morte.
• Degenera os músculos e os ossos, e dá aparência esquelética ao usuário: ossos da face salientes, braços e pernas finos, costelas aparentes e dentes podres.
• Causa lesão nos pulmões que resultam em pneumonia, tuberculose, infecções nos brônquios e paradas respiratórias.
• Afeta o estômago e os intestinos, causa náusea, dor abdominal e perda de apetite.
• Ataca os rins e o fígado.
QUAIS SÃO OS EFEITOS DO CRACK?
No uso agudo, do ponto de vista emocional, observa-se forte inquietação e agitação mental, grande alteração do estado de humor (ou ânimo). Há uma inibição do apetite, agitação física, aumento da temperatura e das frequência respiratória e cardíaca, suor excessivo, tremores, contrações musculares involuntárias (principalmente da mandíbula), tiques e dilatação da pupila. O uso crônico causa diversas complicações clínicas, como emagrecimento e favorecimento de infecções – inclusive dentárias, além de quadros de psicose, agressividade, paranóia e alucinações. .
O QUE FAZER SE SOUBER QUE ALGUÉM ESTÁ COMEÇANDO A USAR CRACK?
Encaminhá-lo imediatamente ao tratamento disponível na sua região. O crack avança rapidamente rapidamente em direção à dependência. Portanto, quanto mais precocemente o usuário for auxiliado, maior será sua chance de recuperação.
O QUE A FAMÍLIA DEVE FAZER EM RELAÇÃO AO USUÁRIO?
A família é um suporte indispensável no tratamento da dependência química do crack. Para que um familiar possa ajudar um dependente químico, é fundamental compreender que a dependência é uma doença e reconhecer a necessidade de buscar ajuda profissional. Manter a família unida e em condições de prestar apoio afetivo e social ao dependente também é indispensável para o sucesso do tratamento.
COMO O CRACK AFETA O DESENVOLVIMENTO CEREBRAL?
Crianças e adolescentes que fazem uso contínuo de crack podem ter o desenvolvimento cerebral comprometido, com impacto direto na capacidade cognitiva, ou seja, na maneira como o cérebro percebe, aprende, pensa e recorda as informações captadas pelos cinco sentidos. Assim, é comum que usuários da droga apresentem dificuldades de aprendizado, raciocínio, memória, concentração e solução de problemas, o que afeta o progresso educacional, o comportamento e a frequência escolar.
RECUPERAÇÃO
Professor colaborador do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp), o psiquiatra José Manoel Bertolote ocupou, durante 20 anos, o cargo de coordenador da equipe de transtornos mentais e neurológicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Genebra. Consultor da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), pesquisador e especialista na prevenção e tratamento de usuários de drogas psicotrópicas, nesta entrevista ele fala sobre as reais chances de recuperação de dependentes de crack, avalia a importância da reinserção social e mostra porque é preciso mais que a desintoxicação para reduzir o índice de recaídas. “A desintoxicação, apenas, tem seu papel, no sentido de reduzir os danos a que o usuário está sujeito, mas é uma contribuição modesta”, avalia.
É possível abandonar a dependência de crack por conta própria, sem ajuda especializada?
Teoricamente, sim. Porém, isso depende de vários fatores, entre os quais o grau de dependência e o nível de apoio social e familiar que o dependente possui. O sucesso de qualquer tipo de tratamento para uma dependência química passa, em grande parte, pela vontade do usuário de se manter afastado da droga (abstinência). Sem isso, nenhuma proposta terapêutica funcionará. Entretanto, há que se considerar o fenômeno da comorbidade, ou seja, a coexistência no mesmo indivíduo de outros transtornos mentais (por exemplo, depressão, psicoses, dependências de álcool, transtornos graves de personalidade etc.) que, caso não sejam tratados concomitantemente, podem comprometer a recuperação Um diagnóstico adequado permitirá traçar uma abordagem terapêutica mais eficaz, que esteja ajustada às características do paciente.
É possível levar uma vida normal após o tratamento? O dependente pode freqüentar os mesmos locais que freqüentava antes e manter o mesmo círculo de amizades, por exemplo?
Sim. Se o “antes” se referir a antes do uso do crack, certamente. Entretanto, freqüentar os mesmos ambientes e manter contato com as mesmas pessoas com quem usava o crack inviabiliza a recuperação.
Como a família deve proceder antes, durante e ao término do tratamento? Como agir em situações sociais, como festas familiares?
A família deve estar ao lado do usuário, apoiando-o – sem se submeter a chantagens e tampouco submetê-lo a pressões indevidas e ameaças infundadas. A firmeza e coerência de atitudes dos familiares são essenciais. Mas não existe uma fórmula que se possa oferecer para um usuário de crack ou para a família. Tirar o indivíduo das companhias e do ambiente é uma solução, mas não a única. Se o dependente permanece em sua residência durante o tratamento dificilmente será possível afastar-se totalmente, pois vai precisar muito acompanhamento da família, muito monitoramento, o que nem sempre é possível.
O dependente em tratamento pode fazer uso moderado de álcool, em situações sociais?
Em princípio, sim, desde que não coexista também uma síndrome de dependência do álcool. Desde que ele não seja dependente de álcool, ele consegue tomar uma dose e parar por ali. Isso não leva necessariamente o indivíduo a usar crack. A questão é que grande parte dos usuários de crack é dependente ou usuário pesado de álcool
Um dependente de crack consegue se recuperar completamente da dependência? Quais são as chances reais de sucesso do tratamento?
A dependência envolve complexos mecanismos cerebrais, psicológicos e sociais. Com o tratamento adequado a cada caso, e em presença de uma real vontade de deixar de usar a droga, a recuperação é perfeitamente viável.
O que fazer quando o dependente não quer parar de usar a droga e não aceita ajuda?
Não se pode submeter ninguém a um tratamento involuntário, a menos que esteja intoxicado e representando uma ameaça e um risco para si mesmo e para os demais. Nestes casos pode-se conseguir uma ordem judicial de tratamento e, eventualmente, internação.
Qual a razão do alto índice de recaídas entre usuários de crack? Quais fatores ou situações levam o dependente em tratamento a recaídas, mesmo após a fase de desintoxicação?
Não há estudos suficientes que permitam estimar as taxas de recaída entre usuários de crack, em geral, nem por tipos específicos de tratamento. O que se sabe é que a ausência de um sistema sosiossanitário articulado que responda às necessidades desses usuários  pode contribuir para baixas taxas de sucesso terapêutico. A desintoxicação, apenas, tem seu papel, no sentido de reduzir os danos a que está sujeito o usuário, mas é uma contribuição modesta. Um sólido sistema de apoio médico, psiquiátrico, social e psicológico é essencial para o sucesso de um programa terapêutico, de reabilitação e reinserção social.
Como avaliar os resultados de um tratamento? Como saber se o usuário está recuperado da dependência?
O resultado do tratamento do crack é baseado em dois critérios fundamentais: a abstinência da droga e o grau de reinserção social.
Qual é o segredo, a chave do sucesso para uma superação real?
A vontade de se afastar e permanecer afastado da droga, o apoio social (da família e dos amigos) e um bom sistema sócio-sanitário, que responda às reais necessidades do dependente.

Fonte: Câmara de enfrentamento ao Crack e outras drogas e www.brasil.gov.br
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