Uma especialista na área social alertou hoje para os riscos do aumento da violência contra os idosos, principalmente sobre os que são retirados dos lares por razões económicas.
Maria Irene de Carvalho, que exerceu funções de assistente social em instituições particulares de solidariedade social, na segurança social e no serviço social hospitalar, considera que este é um reflexo da crise em Portugal, cujos efeitos são ainda desconhecidos, mas que preocupam os especialistas.
"Houve um período em que as respostas complementavam as funções da família, mas, neste momento, a família está a ir buscar os idosos e dependentes para cuidar deles, porque precisam deste rendimento para a sua subsistência e nós não sabemos como estão a cuidar deles", disse à Lusa.
Segundo Maria Irene Carvalho, isto está a surgir "com muita
frequência, sobretudo nos lares, porque
têm mensalidades substantivas".
A especialista alerta para estudos internacionais que dão conta de
um aumento da violência sobre estas
pessoas (idosos) devido à
dependência 1/8económica 3/8 dos seus cuidadores".
A antiga assistente social, autora do livro "Serviço social na
saúde", que é lançado na próxima
quarta-feira, reconhece a premência de "repensar a intervenção social", principalmente
tendo em conta as mudanças a que a crise
tem conduzido.
"Nos últimos 15 anos tivemos uma configuração das políticas sociais, uma melhoria dos sistemas de saúde, dos
cuidados primários, continuados e
paliativos, da rede de saúde mental, mas o que se passa hoje é uma estagnação destas respostas, num contexto de aumento de
necessidades", disse.
Para Maria Irene Carvalho, as famílias deparam-se hoje com "um
dilema": "A escassez de
rendimento, de informação e de recursos" que tentam resolver com "uma maior solicitação de
apoio".
Esta maior solicitação dá-se, contudo, numa altura em que as
instituições de solidariedade social
também têm cada vez mais dificuldade em dar respostas, avançou.
Questionada sobre o tipo de pedidos com que os assistentes sociais
hoje se deparam, Maria Irene Carvalho
lembrou que "à saúde chega tudo".
"Hoje em dia há um grupo, de classe média e média baixa, que vêm
as suas expectativas frustradas, e estão
a passar por muitas dificuldades".
Os pedidos que chegam aos serviços sociais passam, não só por uma
ajuda na alimentação, mas também para o
pagamento de água, eletricidade ou tendas
em atraso.
"São questões muito problemáticas que implicam uma intervenção em
rede, com as autarquias, as instituições
de solidariedade e os grupos de voluntários
que conhecem os casos e muitas vezes tentam responder a estas
situações que são dilemáticas",
disse.
O impacto negativo que o aspeto económico tem na saúde passa por
uma maior probabilidade de doenças
mentais (depressões) e físicas.
Lusa.
FONTE: http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2013/01/13/especialista-alerta-para-riscos-de-mais-violencia-contra-idosos-retirados-dos-lares
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