Translate

domingo, 25 de setembro de 2016

Setembro amarelo


Em pleno Setembro Amarelo, que tem como objetivo chamar a atenção para as causas do suicídio, eu ouvi a seguinte frase da Naira Évine, do projeto Não Estamos Bem, que trabalha com foco em pessoas negras neuroatípicas: “depressão é coisa de branco”. Ela me contou que é o tipo de coisa que muitas e muitas pessoas negras escutam quando contam sobre seus problemas. É como se, além de toda opressão, os privilegiados tivessem também exclusividade de certas doenças.
Depressão não é frescura. Não é não estar disposto hoje. Não é estar triste. Não é querer ficar deitado mais umas horinhas. Depressão é físico. O seu corpo para de produzir elementos necessários para seu funcionamento e aí rola a apatia. 
Rola não conseguir sair da cama, estar triste, não ter disposição…mas rola tudo isso em um grau altíssimo. Você passa semanas querendo viver no escuro porque é o máximo com o que você consegue lidar.
Um estudo publicado pela revista médica International Journal of Health Services descobriu que, nos Estados Unidos, jovens negros e hispânicos têm menos chances de receber tratamento psiquiátrico do que brancos.
A gente pode pensar que é uma realidade distante, porém, no Brasil mulheres negras são menos medicadas para dor, por exemplo, do que mulheres brancas. Existe uma lenda, disseminada também entre os profissionais de saúde, de que mulheres negras aguentam mais a dor.
Os dados americanos podem nos dar uma ideia do que acontece com quem não faz parte da maioria detentora dos poderes em um país desenvolvido. A OMS diz que 75% dos suicídios ocorrem em países de média e baixa renda e que, pelo menos, 90% dos adolescentes que se matam têm algum tipo de problema psiquiátrico.
20% dos americanos negros adultos são mais propensos a enfrentar problemas de saúde mental do que o resto da população
40% dos indígenas norte-americanos de 15 a 24 anos cometem suicídio – é o maior índice entre todas as etnias
A cada 100 mil homens que morreram por conta de suicídio em 2014, 10,3 são hispânicos – o número não tem queda desde 1999.
Desde 1999 a tava de suicídio entre indígenas aumentou em 38%
62% dos homens negros com depressão tiveram um episódio grave da doença em 2012
2,5% das pessoas negras buscam tratamento, enquanto 40% dos brancos o fazem.
FONTE: http://ondda.com/noticias/2016/09/setembro-amarelo-saude-mental-de-minorias-e-ignorada

Nenhum comentário:

Postar um comentário