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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Quais os sinais de acumulação compulsiva


O acumular de bens, animais ou de objetos, que por vezes são até provenientes da rua ou do lixo, para uma eventual utilização futura pode parecer uma situação estranha, mas é o sintoma de uma perturbação que afeta inúmeras pessoas e muitos idosos que vivem sozinhos, isolados e em situações precárias. Saiba quais são os sinais de acumulação compulsiva e como poderá obter ajuda para os tratar.

O que é a acumulação compulsiva

A acumulação compulsiva ou acumulação patológica ou disposofobia, consiste na aquisição ou recolha ilimitada de bens ou objetos que, por vezes, já foram deitados pelos outros ao lixo. As pessoas que sofrem desta perturbação, maioritariamente idosos, acumulam tudo o que podem para mais tarde conseguirem dar uma resposta eficaz a uma eventual emergência. Além disso, são incapazes de usar ou deitar fora os objetos ou bens mesmo quando eles são inúteis, perigosos ou insalubres.
A acumulação compulsiva também é conhecida como Síndrome de Miséria Senil ou Síndrome de Diógenes, devido ao filósofo grego, Diógenes de Sinope, que vivia como um mendigo, dormia num barril e recolhia da rua inúmeros objetos sem valor. Trata-se de uma perturbação que conduz ao isolamento social, diminui a mobilidade e interfere com a realização das tarefas mais básicas do dia-a-dia, como a alimentação de um idoso, a forma de se vestir e a sua higiene pessoal.
O acumulador compulsivo no seu extremo é por vezes apelidado de “colecionador de lixo”, uma vez que reúne determinados artigos que produzem maus cheiros e estes atraem insetos e roedores. Essa pessoa também poderá juntar livros, revistas, ferramentas, recipientes, metais, móveis, eletrodomésticos, entre outros materiais, correspondendo à imagem dos sem-abrigo que juntam todo o tipo de velharias. Também é de realçar que um acumulador compulsivo pode reunir um número exagerado de animais de estimação e, na maioria das vezes, não tem como os alimentar nem como os abrigar corretamente.
Para entender como os acumuladores compulsivos chegam a este ponto, é necessário perceber o funcionamento da desordem mental, tentando compreender que, para as pessoas afetadas, nenhum dos objetos recolhidos é lixo.

Porque é que as pessoas acumulam compulsivamente

A acumulação compulsiva é sintoma de uma doença mental, nomeadamente um transtorno de ansiedade que muitos especialistas afirmam ser um transtorno obsessivo compulsivo. Trata-se de uma perturbação que é definida por três características principais:
  • A coleção obsessiva de bens ou objetos que parecem inúteis para a maioria das pessoas
  • A incapacidade de se livrar de qualquer um dos objetos ou bens recolhidos
  • Um estado de aflição ou de perigo permanente
Tal como a maioria dos comportamentos obsessivos, a acumulação compulsiva começa de uma maneira lenta e desenvolve-se de uma forma progressiva. Por exemplo, uma pessoa pode pensar que a informação que surge no jornal de hoje pode ser muito útil num momento posterior e, como tal, vê-se obrigada a guardar o respetivo jornal. Posteriormente, pode considerar que, acidentalmente, colocou algo de valioso no lixo e mantém esse saco de lixo em casa. E a partir daí pode passar a colecionar todos os objetos ou animais que encontra na rua, de modo a atenuar os seus sintomas de ansiedade.
A acumulação compulsiva pode ser um indicador de um enorme sentido de responsabilidade ou medo de errar, pois é uma forma das pessoas se auto pressionarem para fazerem tudo bem feito.

Quais os sinais de acumulação compulsiva

Uma sala cheia de livros ou de animais de estimação não significa que uma pessoa seja um acumulador compulsivo. A acumulação compulsiva interfere com os passatempos e atividades do dia-a-dia e faz com que os seus pacientes queiram ficar isolados, sem ver outras pessoas. Normalmente, eles vivem em condições anti-higiénicas, são pessoas deprimidas, por vezes incapazes de cuidar de si próprios e acabam por ficar muitas vezes doentes. Existem determinados sinais que indicam que uma pessoa sofre de acumulação compulsiva. Dos mais importantes, destacam-se os seguintes:
  • Recolher bens e objetos que as pessoas deitam fora e ser incapaz de se livrar deles
  • Viver em condições insalubres
  • Ser incapaz de usar as divisões da casa para a finalidade pretendida (cozinha para cozinhar, casa de banho/banheiro para cuidar da higiene pessoal, quarto para dormir)
  • Ter muitos animais de estimação à sua responsabilidade e não estar a cuidar deles da melhor maneira
  • Classificar objetos de valor como sucata ou lixo e amontoá-los em pilhas
  • Muitas pessoas repararem que existe algum problema psíquico
  • O acesso à casa estar bloqueado
Tenha em atenção que, ao fazer uma limpeza geral à casa de um acumulador compulsivo, ele vai ficar com uma sensação de vazio e perda muito grande, o que vai fazer com que recolha tudo de novo e em maiores quantidades. Para que tal não aconteça, deve procurar ajuda especializada, pois existem formas de ajudar as pessoas a superarem esta compulsão.

Quais as causas da acumulação compulsiva

A acumulação compulsiva é uma perturbação mental que não nasce com a pessoa, mas podem existir traços de personalidade que conduzem ao seu aparecimento. Alguns desses traços revelam-se com a morte de um familiar, dificuldades económicas, conflitos pessoais ou profissionais ou, no caso dos idosos, por vezes com o facto de não se saberem ajustar à reforma ou solidão. Apesar da maioria dos casos surgir nos idosos, esta desordem também pode afetar pessoas mais novas, principalmente as pessoas que sofrem de esquizofrenia ou de uma doença obsessiva compulsiva.

Como tratar a acumulação compulsiva

Para o acumulador compulsivo não existe nenhum erro ou problema com o seu comportamento. No entanto, esse sintoma faz parte da doença. A acumulação compulsiva é um transtorno mental que foi reconhecido recentemente e a pesquisa acerca dos melhores tratamentos está apenas a dar os primeiros passos. No entanto, alguns métodos têm tido um sucesso assinalável, como a terapia cognitivo-comportamental e a medicação adequada.

A terapia cognitivo-comportamental

A terapia cognitivo-comportamental concentra-se em localizar as causas da acumulação compulsiva, nomeadamente as raízes da ansiedade. Ao fazê-lo, é possível mudar aos poucos a mentalidade da pessoa afetada. Esta terapia pode ser muito demorada (meses ou anos) e exige grande dedicação ao processo de recuperação, mas permite que um acumulador compulsivo readquira hábitos de vida normais.

A medicação

A terapia é muitas vezes combinada com a medicação, o que ajuda a maximizar os resultados. Atualmente, os produtos farmacêuticos utilizados no tratamento da acumulação compulsiva são aqueles que são usados para ajudar os pacientes que sofrem de transtornos obsessivos compulsivos, isto é, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e outros antidepressivos.
FONTE: http://cuidamos.com/artigos/quais-sinais-acumulacao-compulsiva-como-obter-ajuda

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