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terça-feira, 20 de setembro de 2022

Entrevista com a Pedagoga Kelly Suane Furtado da Silva

 

Pedagoga Kelly Suane Furtado da Silva, formada pela Universidade Federal do Amapá e especialista em Estatística com Ênfase em Educação, funcionária do Estado desde 2006. Atuou 12 anos na coordenação pedagógica do Colégio Amapaense e, desde 2018, desenvolve suas funções no Centro de Educação Profissional Graziela Reis de Souza.

 

01.Como você chegou a essa carreira? O que te motiva? Por que você a escolheu?

Desde criança, sempre quis ser professora. Primeiro queria ser professora de Matemática, depois de Língua Portuguesa, mas acabei me formando em Pedagogia e me enveredei para a função de Coordenadora Pedagógica, na qual atuo há mais de 16 anos.

 

02. Quais pontos mudaram entre a sua experiência na Universidade e a realidade que você vivencia na realidade de trabalho?

Tudo, na prática, é diferente da experiência que vivemos na Universidade. O conhecimento sistematizado é essencial, mas é a vivencia do dia a dia que nos mostra a vontade de continuar, ou não, na função. Foi muito importante trabalhar por longos anos na Educação Básica, coordenando o Ensino Médio. Mas também já trabalhei no seguimento da Educação Infantil. Hoje, vivo a experiência de coordenar cursos técnicos profissionalizantes e tudo isso me faz sentir realizada.

 

03.Quais são as dificuldades que você vivencia na sua profissão? Quais são os pontos positivos?

Hoje em dia, trabalhando na Educação Profissional, a principal dificuldade que vivencio é a falta de políticas públicas voltadas para este seguimento. Muitas vezes, não temos as orientações técnicas que precisamos. Por outro lado, é gratificante acompanhar, orientar e coordenar todo o processo de formação dos alunos dos cursos profissionalizantes. A maioria está em busca de uma formação técnica para ser inserida no mercado de trabalho e garantir ou auxiliar no sustento de suas famílias.

 04.Qual o maior desafio que você enfrentou na educação durante a pandemia? Fale sobre as competências que você precisou desenvolver para conseguir se adaptar ao novo modelo de ensino.

Durante a pandemia, todos passamos por dificuldades das mais diversas. No meu caso, enquanto Coordenadora Pedagógica, a maior foi acompanhar e orientar os alunos indígenas do Curso Técnico em Enfermagem, durante as aulas on-line, especialmente àqueles que precisaram retornar para as suas comunidades durante este período, pois, além da dificuldade de acesso à internet, a maioria não tinha conhecimento, muito menos domínio sobre as ferramentas e plataformas utilizadas para as aulas remotas. Foi um grande desafio inclusive para mim, pois também precisei aprender a manuseá-las. Outro grande desafio foi lidar com o medo, a insegurança, o isolamento e a ansiedade dos alunos. Muitos quiseram desistir.

05. Devido à Pandemia, notamos que houve um aumento substancial no número de alunos com depressão e transtorno de ansiedade. Como você enfrentou e enfrenta essa situação em seu ambiente de trabalho e na sua vida pessoal? 

Foi e ainda é preciso ter muita sensibilidade e empatia. Muitos alunos e colegas de trabalho perderam familiares para a covid-19 e ainda sofrem as consequências desta irreparável perda. Por isso, considero importante respeitar o tempo que cada um precisa para se recuperar, mas é necessário estar atenta aos “sinais” de possível depressão e transtorno de ansiedade que os alunos, colegas de trabalho e as pessoas do meio familiar demonstram para poder ajuda-los e estimulá-los a procurar um profissional da área da Psicologia.

 

06. Em virtude do setembro amarelo, enquanto profissional e pessoa, qual é a sua opinião sobre este mês de combate à depressão e o suicídio? 

A depressão e o suicídio são transtornos que devem ser tratados como problema de saúde pública. O mês de setembro é muito importante por ser um período dedicado às realizações de diversas campanhas voltadas ao combate e prevenção destes transtornos. É preciso ampliar as discussões sobre esses temas para que sejam criadas mais políticas públicas voltadas para essa problemática, para que deixem de ser um “tabu” e as pessoas sejam sensíveis àquelas que apresentem sintomas e que estas se sintam seguras em procurar ajuda, seja de um profissional, um familiar ou qualquer pessoa que lhe desperte confiança.

 

07.Estamos vivenciando uma nova era “pós-pandemia”, quais são os desafios vivenciados pelo Centro Graziela Reis de Souza na formação de novos profissionais?

Essa nova era “pós-pandemia” exige de todos os envolvidos no processo de formação e de ensino-aprendizagem uma maior competência sócioemocional. Formar profissionais seguros, éticos, pacientes, autônomos, responsáveis e criativos é o desafio, depois de tantas perdas causadas pela pandemia da Covid-19.

 

08.Na sua opinião, quais estratégias devemos desenvolver para melhorar a Saúde Mental dos nossos alunos? 

Primeiramente, a principal estratégia para melhorar a saúde mental dos nossos alunos é estimulá-los a falar. Fazer com que eles percam o medo de falar sobre o que lhes atormenta é o primeiro passo a ser dado. Portanto, é muito importante que a escola seja palco de discussões amplas sobre depressão, suicídio, ansiedade e outros transtornos psicológicos que angustiam nossos jovens, e que essas discussões sejam conduzidas por profissionais, como psicólogos, terapeutas, pedagogos, professores, etc., que possam trazer as orientações técnicas que os alunos necessitam. Por acreditar nesta estratégia, nós, professores do Centro de Ensino Graziela Reis de Souza demos início ao nosso Projeto Setembro Amarelo, cujo tema deste ano é “Como vai você? Falar é a melhor solução; ouvir é ter empatia”, com o objetivo de conscientizar a comunidade escolar sobre a prevenção e combate ao suicídio. Para isso, oportunizamos um dia inteirinho só com palestras voltadas para a temática, seguido de uma Escuta Psicológica, onde psicólogos poderão escutar, acolher, orientar e encaminhar para psicoterapia os casos necessários.

 

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