Translate

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Ligação entre autismo e violência causa revolta.


“Por que o Pedro não gosta da gente?”. A pergunta surgiu numa plateia cuja faixa etária não ultrapassava os 9 anos, colegas de Pedro, um menino autista, brasileiro, cuja mãe contratara um terapeuta para explicar o que era a síndrome que afeta uma em cada 88 crianças nos EUA - um estudo recente da George Washington University aponta para uma a cada 38 em idade escolar no mundo. No Brasil, não há estatísticas oficiais. 
O desconhecimento da doença, entretanto, acompanha as mais diversas gerações, especialmente nos momentos de comoção geral, em que se buscam respostas para o inexplicável - desta vez, o problema está ligado ao massacre cometido por Adam Lanza, na escola Sandy Hook, em Newtown.
No Brasil, uma lei aprovada no Congresso, hoje na fila para a sanção da presidente Dilma Rousseff, ameaça piorar o cenário. Proposta, a princípio, como um avanço, abre perigosa brecha para a exclusão escolar, ao modificar a punição a agentes escolares que negam o acesso de autistas a instituições de ensino, isentando-os de castigo nos casos em que “comprovadamente o serviço educacional fora da rede regular de ensino for mais benéfico ao aluno”. 
Caso seja referendado pela presidente, será apenas o mais novo de uma série de obstáculos enfrentados por autistas como Pedro, que acabou expulso da escola duas vezes. A mãe, Marie Dorion Schenk, diz que somente com uma ordem judicial foi possível manter seu filho na escola pública - as particulares não o aceitaram. O preconceito foi reforçado de maneira dramática pelo massacre da última sexta-feira, quando veio à tona a especulação de que o jovem teria um transtorno do espectro do autismo, possivelmente a Síndrome de Asperger. 
Bastou a suspeita para que se relacionasse o autismo à violência premeditada, gerando uma onda mundial de revolta entre autistas, familiares e ativistas. O autismo é uma condição caracterizada pela deficiência de desenvolvimento social, a dificuldade de comunicação e ocorrência de padrões repetitivos de comportamento. Suas raízes, porém, ainda não são bem compreendidas pela comunidade científica - há mais de cem genes mapeados associados à disfunção. Mas sabe-se que é um transtorno do desenvolvimento que pode variar de leve a grave, tendo a Síndrome de Asperger como forma leve. Indivíduos com transtornos do espectro do autismo muitas vezes são vítimas de bullying na escola e no trabalho, sofrem de depressão, ansiedade e pensamentos suicidas. 
Mas especialistas são categóricos ao afirmar que não há evidência de que eles são mais propensos do que qualquer outro grupo para cometer crimes violentos. 
Nos EUA, um médico disse à Fox News que um Asperger pode ter “um colapso associado ao comportamento violento”. No programa “Piers Morgan Tonight”, da CNN, um convidado afirmou que um sintoma do autismo é que “algo está faltando no cérebro, uma capacidade de empatia, conexão social”, o que para estudiosos está ligado, na verdade, à dificuldade de interação e não à falta de sentimentos. E a conexão feita, numa matéria do “New York Times”, entre o episódio e o diagnóstico também foi alvo de críticas. 
A Sociedade Americana de Autismo escreveu: “Subentender ou sugerir que existe alguma ligação é errado e prejudicial para mais de 1,5 milhão de pessoas não violentas que vivem com autismo a cada dia.” E um estudo do Hospital Presbiteriano de Nova York mostrou que, entre as centenas de adultos autistas monitorados, nenhum esteve envolvido em ocorrências com uso de armas. Fonte: O Globo

FONTE: http://www.orm.com.br/noticia/noticia.asp?id=623153&|ligacao+do+autismo+com+a+violencia+causa+revolta#.UNMhA3diloM

Nenhum comentário:

Postar um comentário